Angústia. Pra quê?

por Samanta Obadia

Agonia e Angústia. Sentimentos execráveis porque nos levam a propósito algum. É o que pensa o homem atual. Quanto menos angustiado mais feliz. Desejamos menos perguntas, mais respostas. Caminhos e soluções para todos os problemas. Sintomas devem ter causas claras e o sofrimento deve ser evitado a todo custo. O natural é o resultado de uma produção artificial de qualquer substância que possa garantir o conforto, o prazer, a satisfação.

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Deixar em suspenso, permitir o vazio, aceitar o sofrimento é coisa de gente complicada, de filósofos, de gente esquisita. O dia todo nós recebemos mensagens aterrorizantes falando de política ou maldizendo a vida dos famosos, vídeos são viralizados desmentindo a ciência, o descrédito é unanimidade. Em contradição, existem as correntes do Bem, tão positivas e ingênuas que enchem de esperanças aos desavisados. Tudo sem objetivo do mesmo jeito.

O pessoal é o raro. As palavras direcionadas são incomuns. A individualidade foi reduzida ao copiar e colar. E ainda se quer evitar a angústia? Haja droga para isso!!!

Se antes eu era um nome que depois virei um número, hoje sou o quê? Um contato a mais na lista de alguém. Basta um toque e enviado está.

Tudo está ficando banalizado: o que se pensa, o que se sente, o que se quer. Verdade? Busca? Autoconhecimento? Percursos longos repletos de escolhas e de riscos. Angústia e Agonia, para quê? Afinal, podemos nos anestesiar com o consumismo, com o trabalho excessivo, com a ilusão do sucesso e com a inundação de informações alienantes. ‘Bora’, maquiar o eu e o mundo!

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