Relação entre afeto e sexo surge na vida intrauterina

por Arlete Gavranic

Homens e mulheres podem ter uma visão diferenciada sobre afeto e sexualidade. Muitas vezes ouvimos queixas de que a relação não é afetiva ou é distante demais. Muitos estudiosos alertam que essa dupla sexo e afeto começa a se formar muito cedo, ainda na vida intrauterina.

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Eles acreditam que na gestação, a vivência materna de sentimentos que oscilam do medo à alegria, prazer e desagrado, que esses afetos da mãe podem ser percebidos pelo feto e iniciam a formação de uma futura estrutura afetiva.

Em estudos sobre biossíntese há referência interessante sobre o afeto sinestésico (cruzamento de sensações) e os movimentos musculares, e cita que caso a criança receba pouco ou nenhum afeto positivo intra-uterino, os movimentos corporais desse ser serão rígidos e agressivos. (*Francis Mott).

Para Jung, a base essencial de nossa personalidade é a afetividade. O pensamento e as ações são, por assim dizer, só os sintomas da afetividade.

Segundo a psicóloga Socorro Oliveira, a afetividade é parte integrante do psiquismo, é a base, é o que existe de mais fundamental na conduta e emoções individuais. Corresponde à sensibilidade corporal, física interna e externa, é um componente essencial do equilíbrio e harmonia da personalidade.

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Pode-se dizer então, que a forma como o individuo expressa a qualidade de suas vivências – inclusive sexuais -, e de como se relaciona com o mundo, são a tradução de como sua afetividade se formou no seu desenvolvimento psicossexual.

Mas é na vida adulta que muitas diferenças e questionamentos afetivos sexuais vêm à tona, pois mesmo que haja envolvimento durante o ato sexual, em geral, a mulher alimenta uma visão mais romântica entre sexo e afeto.

A mulher, mesmo com toda liberação sexual e conquistas profissionais, ainda constrói seu sonho erótico unindo emoção, afeto e sexo. Para o homem, o caminho pode ser mais racional e talvez afeto e sexualidade só se completem devido a um profundo envolvimento emocional.

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Os homens são mais sexualizados e racionais e as mulheres mais afetivas e emocionais. Isso se deve basicamente a fatores culturais e questões psicobiológicas inerentes a cada gênero. A aprendizagem social traz modelos que são incorporados pelos garotos, mas os aspectos bioquímicos também interferem. A testosterona é um hormônio masculino de ação e os homens têm uma fase hormonal durante o mês inteiro, o que diminui as chances de oscilações ou flutuações de humor por questões hormonais.

Afeto

Alguns podem buscar o afeto e assim viverem uma sexualidade plena, outros podem fazer o caminho inverso, na busca e vivência do sexo achar um 'atalho' para o afeto.

Acredito na descrição do afeto como um modo de fazer-nos nascer para o outro e fazê-lo nascer para nós. Afeto seria descobrir possibilidades de um possível envolvimento emocional entre ambas as partes, seria algo além do contato físico que o exercício da sexualidade permite. (**Caridade, 1997).

Na sexualidade, podemos encontrar aquele que manifesta-se mais afetuosamente no seu relacionamento, ou que se mostre um pouco distante. Não há regra, cada pessoa irá traduzir sua afetividade de maneira singular, a maneira como aprendeu a lidar com suas emoções.

Mas as diferenças de posturas e as expectativas de afeto e entrega diferentes têm levados muitos homens e mulheres a buscarem estar mais atentos à afetividade e suas formas de expressão.

Nessa busca de homens e mulheres para psicoterapias, dança, cursos de expressão corporal ou teatro, vale tudo para aprender a soltar o corpo e as emoções. Mas é preciso entender que esse encontro amoroso não acontece na base de cobranças destrutivas. O caminho desse encontro requer um cenário de afeto, cumplicidade, confiança e tranqüilidade.

*Francis Mott: psicólogo que realizou trabalhos sobre psicologia pré-natal.

Referências bibiográficas

**Sexualidade: corpo e metáfora. CARIDADE, A. São Paulo: Iglu

A alquimia do amor e do tesão. CRESHAW, T. L. Rio de Janeiro: Record