O que faz você crescer no trabalho: esforço ou talento?

Por Roberto Santos

A maioria das pessoas não tem problema em admitir que existam profissionais mais talentosos que elas, mas muitos acreditam que todos podem trabalhar duro e conquistar bons resultados.

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Tomas Chamorro-Premuzic, em seu livro ‘The Talent Delusion’, diz que as empresas investem menos de 20% do orçamento em programas de atração de talentos e cerca de 80% em treinamentos, capacitação e desenvolvimento. Ou seja, as empresas apostam mais no esforço do que no talento.

Mas, afinal, qual a real relação entre talento e esforço? É mais importante se esforçar para melhorar em alguma área do que já ter o talento nato? É preferível investir em funcionários disciplinados e incansáveis ou naqueles com habilidades excepcionais?

Onde talento e esforço se encontram

Segundo a evidência científica, a relação entre talento e esforço é bastante complexa. Por um lado, um não pode ser compreendido sem o outro. O talento, na verdade, pode se resumir a desempenho sem muito esforço; quanto mais talentoso, menos esforço é necessário para atingir alta performance. Assim, se você quiser superar alguém mais talentoso, será necessário trabalhar muito mais do que ele.

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Esforço pode ser uma característica do talento

Por outro lado, como o esforço é motivado principalmente por traços de personalidade, pode ser considerada uma característica do talento. Alguns profissionais tendem a demonstrar alto nível de esforço, contando como um atributo chave de seu potencial. Além disso, profissionais de alta performance não se destacam apenas por suas habilidades, mas, também porque são altamente motivados. Pode-se dizer que o esforço é algo mais meritocrático do que o talento – embora apenas alguns sejam ‘talentosos’, todos são dotados de força de vontade.

O esforço se torna pouco relevante no decorrer do caminho

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Evidências científicas sugerem que treino e prática não são tão importantes como as pessoas pensam. Uma análise de dados realizada em 2014 mostra que mesmo em domínios onde a performance é fácil de mensurar – como jogos e esportes – a prática conta cerca de 20% na variabilidade do desempenho. Além disso, a prática reflete ainda menos em tarefas educacionais (4%) e de trabalho (1%). Assim, em relação ao trabalho, 99% da variabilidade entre o desempenho dos profissionais deve-se a outros fatores, tornando seu esforço pouco relevante em relação ao seu talento.

Isso não quer dizer que o esforço é inútil. Afinal, o esforço afeta o desempenho das pessoas por meio de outros meios, como a motivação, que é a dedicação que os profissionais depositam realizando tarefas de trabalho. No entanto, esse esforço é influenciado por características que as pessoas tinham antes de se preparar para a tarefa.

Na verdade, ao definir uma pessoa de talento, é comum citar traços como ambição e motivação. Com isso, a prática e o treinamento caberiam mais como algo a acentuar suas características. Quando as pessoas talentosas são desenvolvidas, elas tendem a buscar de forma proativa oportunidades para maximizar seu potencial.

Basicamente, isso significa que é preciso apostar nas habilidades que os funcionários já possuem, principalmente aquelas que ajudam a melhorar sua performance no trabalho.

Fonte: www.revistadorh.com.br