Terceira “etapa” da psicoterapia: educação

Por Aurea Caetano

Lembrando parte de textos anteriores (veja aqui): Jung, em uma palestra proferida em 1929 e publicada inicialmente em 1930 fala, em um Congresso de Saúde Pública, sobre o que seriam aspectos da psicoterapia moderna. Lembra que nesse momento a psicoterapia é ainda pouco conhecida e faz, então, uma tentativa de “dividir as propostas e o trabalho (da psicologia), em classes, ou melhor em etapas”. (OC. Vol 16, par. 122).

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Arrisca-se, diz ele, a enfocar o resultado em 4 etapas: a confissão, o esclarecimento, a educação e a transformação. Em textos anteriores falamos sobre a primeira etapa ou confissão e a segunda etapa ou “esclarecimento”. Importante observar que esta divisão em etapas é apenas uma forma didática  usada por Jung, em um momento no qual os conhecimentos acerca da  psicoterapia era ainda incipientes, para conversar a respeito do que ocorre em um processo psicoterapêutico.

Neste momento Jung estava ainda preocupado em diferenciar a sua psicologia da psicologia de Freud e procura acentuar os aspectos que as diferenciam. Ao falar em educação Jung introduz a psicologia de Alfred Adler, discípulo de Freud, dizendo que muitos casos de neurose podem ser melhor explicados pelo assim chamado “instinto de poder” proposto por ele, Adler.

Afirma Jung: “Enquanto Freud é o investigador e intérprete, Adler é primariamente o educador”. (Vol. 16, par. 152). Desta forma, Adler acentuaria os aspectos mais conscientes, por assim dizer, trabalhando com a necessidade do paciente alcançar adaptação social, ou seja, uma vez tendo passado pelos dois primeiros estágios o da confissão e esclarecimento, trabalha agora na terceira etapa. “…tendo então compreendido a si mesmo deseja encontrar seu caminho de volta à vida normal”.

Ou seja, na catarse ou confissão o paciente colocaria para fora tudo o que poderia haver de errado ou inadequado. No esclarecimento o paciente compreenderia de onde veio tudo aquilo e então através da educação ele encontraria uma adaptação à vida normal.

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Abrimos desta forma espaço para o que Jung vai chamar de quarta etapa a da “transformação”, que seria aquela que realmente ou de forma mais profunda marca o que seria a grande diferença proposta por Jung em sua prática clínica.

 

 

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