Envelhecer com deficiência acarreta maior vulnerabilidade ao indivíduo

Por Elisandra Villela Gasparetto Sé

Os desafios do envelhecimento populacional no mundo e no Brasil são inúmeros e a questão da integração e do processo de envelhecimento da pessoa com algum tipo de deficiência representa também um grande desafio, principalmente se levarmos em conta como a nossa sociedade é organizada.

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Embora a integração da pessoa com deficiência tenha sido iniciada na *Educação Especial, hoje ela aparece envolta numa série de significados e contempla a inserção e participação dos mesmos em vários setores da sociedade, desenvolvendo atividades profissionais, mas ainda buscando reconhecimento e lutando pelo processo de aceitação, por melhores políticas públicas, eliminação das barreiras arquitetônicas e luta por uma vida ativa e independente.

Quando falamos da pessoa com deficiência são todos os tipos de deficiência (mental, física, sensorial). E em se tratando do processo de envelhecimento da pessoa com deficiência, os desafios aumentam, pois sabemos que o envelhecimento normal acarreta declínios no equilíbrio, na marcha, na força, perdas sensoriais, diminuição na velocidade do processamento da informação e que estes declínios são lentos e graduais e podem ser aumentados com a presença de doenças crônicas. Portanto, envelhecer com uma deficiência acarreta maior vulnerabilidade ao indivíduo.

As pessoas com deficiência que envelhecem têm grande probabilidade de conviver com a acumulação dos efeitos da deficiência e do envelhecimento, tanto normal, quanto patológico (Resende, 2001).  

A pessoa com deficiência pode experimentar o medo da dependência ao envelhecer, principalmente os deficientes físicos, uma vez que as perdas inerentes ao processo de envelhecimento acumulam-se sobre as desvantagens decorrentes de eventos ocorridos em fases precedentes. O alcance da velhice bem-sucedida, velhice saudável, produtiva, ativa são verdadeiros desafios para a pessoa com algum tipo de deficiência.

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Estudos populacionais realizados em vários países mostram que, apesar de a velhice não ser sinônimo de doença e de incapacidade, à medida que as pessoas envelhecem, aumenta a possibilidade de que venham a apresentar alguma incapacidade funcional. O efeito da idade avançada também é significativo e associado a certas condições causadoras de incapacidades físicas e/ou mentais sobre a adaptação.

Uma coisa é tornar-se fisicamente deficiente em virtude de doenças e de perdas que ocorrem na velhice. Outra é conviver com a deficiência física durante toda a vida ou parte dela, e entrar na fase da velhice sendo deficiente. E com o aumento do envelhecimento populacional e aumento da expectativa de vida, o grupo de pessoas com deficiência constitui um novo foco de atenção de profissionais de saúde e de cuidadores.

É preciso pesquisar e debater as condições das pessoas com deficiências diversas que alcançam a longevidade, experimentam a velhice com limitações e vivem em condições de vulnerabilidade social, sem adaptações arquitetônicas e ergonômicas adequadas, bem como lutar pela eliminação dos estereótipos.

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Na velhice a probabilidade de ocorrerem perdas físicas, psicológicas e sociais é maior do que na infância, adolescência e vida adulta em decorrência das mudanças evolutivas do processo de envelhecimento. Em qualquer idade as dificuldades no campo da saúde de um grupo de indivíduos reflete os diversos fatores e riscos que predispõem a condições indesejáveis de saúde.

As doenças crônicas e que causam sequelas e incapacidade funcional na vida adulta estão associadas à redução da competência, da independência aumentando a necessidade de assistência, auxílio e cuidados. As pessoas precisam ajustar-se às suas dificuldades negociando níveis de interdependência com sua rede de suporte, aceitando ajuda quando necessário. A adaptação contínua para sobreviver e para manter suas capacidades, autonomia e ajustamento.

* A Educação Especial é o ramo da Educação que se ocupa do atendimento e da educação de pessoas com deficiência.