Gravidez não protege mulher contra depressão

Por Joel Rennó Jr.

Gerar é o sonho da maioria das mulheres e o imaginário popular, incentivado pelas mídias, por histórias infantis, recheia esta fase com doçura e magia.

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Apesar da importância inegável do momento, são poucas as mulheres realmente preparadas para a verdade desta fase de suas vidas, em que ocorrem transformações físicas, metabólicas, hormonais e sociais, requerendo uma estrutura psicológica que nem todas possuem. O fato de haver mudanças significativas, somado ao despreparo para a realidade, e oscilações hormonais, isso pode levar as grávidas à depressão. Mulheres moderada e gravemente depressivas antes de ficarem gestantes, certamente não devem interromper seu tratamento.

 Cerca de 10% a 20% das gestantes têm depressão, o que é ignorado nos exames de pré-natal.

 A gestação costuma ter diferentes significados e representações para as mulheres.

• As percepções variam individualmente, algumas têm até uma exacerbação das angústias e neuroses durante a gestação, além dos medos comuns.

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• A gestação leva a mulher a reviver seus relacionamentos e suas vivências de filha (agora em outro papel) de uma forma positiva ou negativa, dependendo do seu histórico de vínculos afetivos e características de sua personalidade.

• Na gestação, a fragilidade de alguns relacionamentos conjugais ou familiares pode também se exacerbar.

• Para algumas mulheres, torna-se um sinal de invasão e até desconfiguração do seu corpo e de sua vida.

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Isso não é para denegrir esta maravilhosa fase de vida da mulher, mas para deixar claro, sem preconceitos e com dados clínicos e científicos substanciais, que as vivências podem ser muito distantes daquele modelo mágico e idealizado de felicidade universal obrigatória. E é bom frisar que a gravidez não protege a mulher contra a depressão, isso é mito.
 
Depressão é doença e deve ser tratada
 
Alguns sintomas da depressão na gravidez

• Crises de choro longas e contínuas sem motivo
• Desânimo excessivo
• Cansaço frequente
• Falta de apetite ou compulsão alimentar
• Insônia ou vontade de dormir o tempo todo
 
O tratamento deve ser realizado quando o diagnóstico psiquiátrico detectou a doença depressão, o que precisa ser feito por um especialista e com todos os cuidados necessários, avaliando-se os riscos e benefícios envolvidos. Alguns antidepressivos podem ser utilizados.
 
A depressão pode prejudicar o desenvolvimento do feto e levar a um bebê prematuro, com baixo peso.
 
Os gatilhos para os transtornos são muitos. Podem ser físicos, como diabetes, doenças na tireoide, ou psicológicos, oriundos de dificuldades para engravidar ou de abortos anteriores. Baixo suporte sociofamiliar, gravidez de risco, abandono do tratamento, exclusão socioeconômica e gravidez não desejada são alguns dos outros fatores que aumentam a predisposição.

É sabido que as depressões que acontecem na gravidez, quando não tratadas, evoluem para as depressões pós-parto.

Coisas de grávida

Um dos alertas é: durante os nove meses de espera pela chegada do bebê, a maior parte das sensações da mulher é creditada a transformações hormonais e corporais caracterizadas do período. Isso nem sempre é verdade.

A família precisa estar atenta e quando acreditar que algo não vai bem, procurar ajuda especializada. Outro fator a ser considerado é: se a mulher já tem depressão, deve consultar o especialista em saúde mental feminina para avaliar qual tratamento será mais adequado. Há medicamentos eficientes que podem ser usados por gestantes, desde que prescritos por profissionais experientes e que acompanhem o caso de perto, avaliando riscos e benefícios para mãe e bebê.