Queda de cabelo feminina: mulher corre o risco de ficar careca?

por Sonia Corazza

Reclamação antiga entre o público masculino na faixa dos 30 anos, é cada vez mais comum ouvir queixas femininas em relação à queda excessiva dos cabelos. Geralmente, essas mulheres se encontram extremamente ansiosas, usando qualquer produto antiqueda que lhes é oferecido, e a pergunta que as aflige é sempre a mesma:

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“Eu corro o risco de ficar careca?”

Todo mundo sabe como o cabelo é importante na construção da nossa autoimagem e da maneira de nos apresentarmos socialmente aos outros, por isso, entende-se a ansiedade, e muitas vezes o desespero de quem começa a apresentar queda de cabelos acima do normal.

Queda normal

É importante fazer algumas considerações sobre o cabelo normal, cada couro cabeludo possui em média 50 a 100 mil fios de cabelo. Desse total, uma queda de 50 a 100 fios por dia é considerada absolutamente normal, principalmente após escovação ou lavagem dos cabelos.

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É importante dizer que a lavagem frequente não faz aumentar a queda de cabelos, ocorre apenas que a manipulação dos fios na lavagem facilita o destacamento daquele fio que já iria cair, devido à fase do ciclo de crescimento em que se encontrava.

Existem 3 fases distintas do “ciclo de vida” de um fio de cabelo:

A fase anágena é a fase de crescimento intenso do fio, dura de dois a oito anos, a raiz do fio é grossa, profunda e escura. Cerca de 80% dos fios do couro cabeludo se encontram na fase anágena.

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A fase da transição de vida do fio de cabelo é chamada de catágena, com duração de duas a quatro semanas, onde cerca de 1% dos fios se encontram.

Finalmente a fase telógena corresponde ao período de repouso, onde o fio está mais superficial, dura cerca de dois a quatro meses e aproximadamente 20% dos fios estão nessa fase.

Queda em excesso

Quando uma mulher se queixa de uma perda aguda e muito intensa de cabelos, que pode durar de dois a três meses, provavelmente ela está experimentando o que chamamos de Eflúvio Telógeno Agudo (ETA). A definição de Eflúvio Telógeno é uma perturbação do ciclo de vida dos cabelos, que se manifesta pela perda de cabelos, quando uma grande quantidade de fios anágenos entra na fase telógena, de maneira difusa em todo o couro cabeludo.

O Eflúvio Telógeno Agudo possui como causas mais comuns o estresse emocional, mas não o estresse do dia-a-dia e sim um fato marcante, como um acidente, a morte de um ente querido, cirurgias e até o período pós-parto, onde o fator hormonal colabora para uma queda grande de cabelos. Outra causas comuns são doenças febris, geralmente infecções bacterianas; perdas de sangue, como as hemorragias, e até dietas drásticas aquele tipo de regime para perda de peso muito rápido. Outra causa bastante comum é a parada ou início do uso de pílulas anticoncepcionais ou qualquer outro método anticoncepcional hormonal.

O Eflúvio Telógeno Crônico (ETC) ocorre predominantemente em mulheres dos 40 aos 60 anos, com início abrupto, possui evolução muito prolongada e flutuante, quer dizer, alternando períodos de melhora e piora. Na maioria dos casos é doença autolimitada e muito raramente irá levar à calvície ou perda grave de cabelos, tendendo a apresentar perdas leves a moderadas.

Calvície feminina

Já a Alopecia Androgenética Feminina (AAF), é muito mais frequente do que se imagina. A tendência é de se valorizar a alopecia androgenética masculina, que é facilmente reconhecível e muito prevalente, a clássica calvície dos homens. Porém, as mulheres também podem sofrer desse mal. Nelas não ocorrem os sinais clássicos dos homens como as “entradas” ou a rarefação de fios no alto da cabeça.

Diferentemente a mulher apresenta os fios da porção mais anterior da cabeça intactos, ocorrendo uma rarefação dos fios principalmente na linha que divide o couro cabeludo em duas metades, direita e esquerda.

Tratamento antiqueda

O tratamento da queda aguda dos cabelos (Eflúvio Telógeno Agudo – ETA) deve ser realizado sob orientação médica especializada, avaliando as causas do problema. Mas a explicação de como funciona o ciclo folicular é fundamental, pois um grande número de casos irão voltar ao normal dentro de algumas semanas. Dentro dessa premissa é importante salientar que o ciclo do cabelo é lento, pois ocorre um espaço de tempo entre a causa e o início da queda de aproximadamente entre três e quatro semanas; e o mesmo intervalo será necessário para a estabilização do quadro e um esboço de melhora.

No caso do (Eflúvio Telógeno Crônico – ETC), a medicação de escolha do dermatologista é o sulfato de minoxidil a 5% para uso tópico, que possui resultados favoráveis em um pouco mais de 50% dos casos.

O uso de drogas antiandrogênicas, como acetato de ciproterona, espironolactona ou flutamida, nas fases mais precoces da Alopecia Androgenética Feminina, AAF, irá retardar a progressão da doença para seu estágio final.

Mas só o médico especialista pode diagnosticar. Portanto, se você está em dúvida sobre a normalidade de queda dos seu cabelo, consulte um dermatologista. Quanto mais rapidamente você tiver o diagnóstico, melhor será o resultado do tratamento.