Estradas e destinos: planos de ação e objetivos

por Regina Wielenska

Alguém já saiu de São Paulo pela Rodovia Dutra e conseguiu chegar ao Rio sem, por exemplo, passar pelos arredores da cidade de Aparecida? Você conhece alguém que entrou nos Estados Unidos como turista, devidamente legalizado, sem antes ter tirado passaporte, visto e comprado passagens?

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De que jeito o frango vendido na rotisserie foi processado até chegar à mesa da família no almoço dominical? Como que apartamentos detonados se transformam em lugares lindos e confortáveis, verdadeiros cenários para ilustrar revistas de decoração? Qual o percurso para sair dos 90 quilos de peso e chegar aos 65? De que jeito alguém muito pobre consegue enriquecer honestamente, sem que tenha sido ganhando na loteria?

Antes de chegar ao Rio, o veículo pode ser atingido pelo carro de trás num engavetamento… O cara pobre que tenta enriquecer pode ter um derrame e morrer à míngua, num hospital sem recursos. A máquina de assar frango talvez quebre, e aí, adeus frango assado de “televisão de cachorro” no almoço de domingo. Tudo pode acontecer, seguir nosso destino exige flexibilidade e capacidade criativa.

O que eu quero abordar na coluna de hoje são duas coisas: defendo a noção de que ao definimos um destino, um objetivo, uma meta, teremos maiores chances de sucesso se organizarmos também, em nossa mente, uma rota flexível, um plano de ação bem bolado, especificando as etapas futuras de execução.

Como terá sido o planejamento no papel e a execução passo a passo de cada etapa construtiva, às vezes entrecortada por imprevistos, até que Lina Bo Bardi, a arquiteta que ergueu o MASP, conseguisse presentear Sampa com aquele edifício, de enorme vão livre e imponentes colunas laterais de sustentação?

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Dados do SEBRAE apontam o índice elevado de empresas que não sobrevivem aos cinco primeiros anos de atividade comercial. As razões são diversas: falta de clientela, escassez de capital de giro, pouco foco na relação com o consumidor, entraves jurídicos e contábeis, conflitos com sócios e parceiros comerciais. Abrir um empreendimento requer habilidades e informações estratégicas, um detalhado plano de negócios e olhar atento do dono para atacar pela raiz qualquer problema que surja no horizonte do empreendedor.

Passar num vestibular concorrido de uma boa universidade é tarefa para um ano de dedicação, ao menos. Emagrecer vinte e cinco quilos, com saúde, sem anfetaminas ou cirurgia, significa a mudança de estilo de vida, e não só no âmbito da alimentação. Tudo precisa de tempo e empenho, com compromisso com ações presentes e mira num futuro melhor.

Mas nem tudo na vida é empenho e dedicação. Em algumas ocasiões, o acaso contribui para nos ajudar. O artista que adora pintar, mas é desconhecido no mercado de arte, pode ter a sorte de ser visto por um marchand bem na hora em que ele pintava ao ar livre, num parque da cidade. Uma pessoa sai atrasada de casa e escapa do guindaste que cairia na sua cabeça bem na hora que costumava passar por aquele local, nos dias em que não se atrasara. Sim, o acaso existe, mas nada temos a fazer a favor ou contra seus efeitos. Não podemos contar com ele.

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O que nos resta é refletir sobre nossos valores, examinar a natureza dos sonhos almejados e sua viabilidade e identificar os recursos disponíveis para nos aproximarmos do sucesso. Aí o jeito é arregaçar as mangas, ter compromisso com a mudança, com um projeto que nos toque o coração. Desta forma, entramos num ritmo de crescimento, estimulamos a chance de efetivamente “chegarmos lá”, inteiros, felizes, respeitando a nós mesmos e ao mundo.