Casados em casas separadas, mas ao nascer o primeiro filho, como fica?

por Anette Lewin

"Preciso de ajuda, pois não sei o que fazer. Namoro há sete anos e de um tempo pra cá, fiz a tal pergunta: quando iremos morar juntos? Resumindo, ele fala que nossa união é um casamento moderno cada um na sua casa. Até ai ok, mas se porventura engravidar, ele fala que a criança vai ficar uma semana com ele e outra comigo. Não acho certo isso, pois cresci sem pai. O que faço? Ele está irredutível. Obrigada."

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Resposta: Primeiro questionamento a ser feito: por que você pergunta a ele? É ele quem vai decidir? E você vai aceitar a decisão dele sempre? Se vierem a morar juntos e tiverem filhos, você pretende perguntar a ele o que fazer? Talvez então, a primeira questão a ser discutida seja essa sua postura frente ao namoro.

Parece que você está esquecendo que numa relação adulta são duas pessoas que decidem. É claro que se você assumir uma postura passiva, ele entenderá que você está dando a ele o direito de decidir. Do jeito que ele quiser. É isso mesmo que você espera do seu relacionamento? Ou pretende ter voz ativa no comando da relação do casal?

Bem, se para você está bom dar a ele o monopólio das decisões referentes à vida do casal vale a pena esperar. Uma hora ele pode tomar uma decisão de ficar ou não com você. Mas é importante que você perceba se existe realmente em você essa tendência à submissão; se você aguenta obedecer decisões de terceiros. Se concluir que sim, apenas espere, pergunte de vez em quando e esteja preparada para ganhar ou perder.

Pelo que escreve, porém, não parece que essa postura esteja confortável para você. As respostas que você obtém não agradam porque não batem com o que você gostaria de ouvir. Ele fala claramente: ou é do meu jeito, ou de nenhum. Pode ser que ele mude? Sim, ele pode mudar se você trocar essa sua postura passiva por uma atitude mais madura, apresentando-se como uma pessoa interessante, disposta a emitir opiniões sensatas e não apenas ouvir e acatar a opinião do outro.

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Você não parece estar satisfeita com essa "união moderna" que existe entre vocês. A questão dos filhos é uma forma de você sentir se existe nele a disponibilidade para conviver com você no futuro. Pelas respostas que ele dá, parece que não. Assim cabe a você decidir se vale a pena namorar e ter filhos com uma pessoa cuja visão de relacionamento está tão distante da sua.

Você namora há sete anos e, certamente, tem uma certa resistência a romper esse namoro e morrer na praia. Pense porém que uma pessoa que não quer você por perto no dia a dia deve ser alguém que preza sua própria liberdade mais do que tudo. E você, talvez, não esteja dando a ele a oportunidade de ser livre ao seu lado. O que acontece? Brigas? Discussões? Cobranças? Bem, se o cotidiano de vocês for assim fica difícil imaginar um convívio agradável e uma vida a dois cheia de planos. Aí, a saída dele é optar pelo "cada um na sua casinha".

É possível, porém, que ele não esteja ainda suficientemente maduro para assumir casamento, filhos etc. Se for assim, apesar do longo namoro, talvez valha a pena consolidar mais esse relacionamento antes de pensar em viver juntos. Afinal, nos dias de hoje a prontidão para dividir uma vida em comum chega mais tarde; as pessoas estão confortáveis em seus contatos por celulares e tablets e adiam convívios e responsabilidades reais, certamente muito mais trabalhosas.

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Mas também existe a possibilidade de você ainda não estar madura e estar lutando por uma pessoa que não consegue compartilhar planos em comum. Ou seja, será que você escolheu de fato uma pessoa que gosta do seu jeito? Ou a relação começou circunstancialmente e vai caminhando apenas porque não aconteceu algum atrito suficientemente forte para provocar uma ruptura?

Tente entender melhor esse relacionamento, ao invés de se agarrar a ele como sua última esperança; veja o que ainda resta de saudável e positivo nessa relação tão desconfortável para você. E tome sua decisão levando em conta a sua capacidade de amadurecer para uma vida a dois mais próxima do que você deseja. Com ele ou com outro.