E quando um quer ter mais filhos e o outro não?

por Anette Lewin

"Sou casada há 11 anos e temos duas filhas. Sofri muito para engravidar, demorei, perdi duas vezes e tive dores horríveis. Enfim, não quero mais filhos e meu marido gostaria de ter pelo menos mais um. Ele está absolutamente contrariado e mudou muito seu jeito de agir comigo. Não sei como resolver sozinha esta situação, estou magoada. Por que a pessoa que passou por tudo comigo não entende minha posição? O que faço?"

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Resposta: As suas razões para não querer mais filhos estão aparentemente claras. Mas e as dele? Qual o motivo para querer tanto outro bebê?

Como vocês têm duas meninas, a primeira explicação pode ser a fantasia masculina de ter um filho homem. Um parceirinho com quem ele possa "jogar futebol". Na cabeça dele, talvez, abrir mão de mais uma tentativa para realizar esse sonho seja muito difícil!

Outra possibilidade pode estar na própria relação de vocês. Será que não existe um desgaste natural e a questão filhos está sendo usada para justificá-lá? Será que vocês não estão disputando poder na relação e cada um joga com suas armas, ele com ameaças e você com negativas?

Enfim, tentativas de explicação existem muitas, mas … e a solução?

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Por lógica, você como mulher tem muito mais poder para tomar essa decisão. Ninguém pode obrigá-la a ter um filho que não deseja ter. As consequências disso? Provavelmente um esfriamento temporário da relação e uma acomodação depois de um tempo. Isso se a relação for uma relação estável passando por crise. Se, porém , essa relação chegou a um ponto em que não se sustenta mais, com filho ou sem ela tenderá a se romper.

Uma boa conversa com seu marido, levando em conta esses aspectos, poderá ajudá-los a tomar uma resolução em conjunto sem que haja vencedores ou derrotados. Para que ele entenda e leve em conta seus motivos, você tem que mostrar que entende os dele também. Mas um casamento pede uma decisão que envolve renúncia de uma das partes. Sim, porque casamento deve ser visto como uma sociedade onde se discute pontos divergentes e se escolhe o mais adequado para cada situação; não como uma arena de touros onde um sairá ovacionado e o outro ferido ou agonizante.