Buscar vocação deve se transformar num aventura

por Dulce Magalhães

Tudo é uma questão se escala. Há uma frase de consciência ecológica da década de 1980 que fala sobre o "Pensar Global, Agir Local", contudo esse global depende da perspectiva da pessoa, talvez para algumas o mundo será do tamanho de sua casa e sua ação local será a própria cozinha, outras pessoas poderão pensar na dimensão da cidade, do país ou do planeta e sua ação local poderá ser a própria rua, a cidade toda ou seu país. Escala é aquilo que determina o tamanho de nossa realidade.

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É como ter uma fita métrica que pode medir apenas um metro ou que pode medir quilômetros; a atuação vai variar de acordo com essa capacidade da fita. E isso é importante de compreender para elaborar possibilidades vocacionais.

Há pessoas que se limitarão a pensar naquilo que conhecem dentro da comunidade e cultura em que vivem e outras estarão abertas para explorar possibilidades novas, diferentes e desafiadoras. Não tem certo, nem errado, tem aquilo que nos faz felizes e nos deixa confortáveis ou, melhor ainda, nos dá um senso de realização e bem-estar.

O tamanho do mapa que escolhemos para ver determina as fronteiras que poderemos explorar. Imagine o mapa que tinham as primeiras tribos celtas que povoaram a atual Europa. Não havia os continentes africano, americano, asiático ou Oceania, nem mesmo havia o conhecimento de todo o continente europeu. Assim, algumas dessas tribos se estabeleceram em lugares muito inóspitos, frios e com escassez de alimento, porque não sabiam que a 30 km dali encontrariam um lugar muito melhor e mais abundante. As expansões se davam por necessidade da busca de lugares melhores, pois não eram povos conquistadores, mas tipicamente de preservação.

Nós também podemos estar acomodados a uma situação de menor realização por não explorarmos possibilidades novas. Nosso mapa interno pode representar uma barreira invisível ao nosso progresso. Atualizando o mapa com novas experiências, vamos descobrir territórios inexplorados de realidade e aumentar nosso patrimônio de conhecimento, vivência e relações: as condições necessárias para a geração de sabedoria. E, aí sim, estaremos na trilha da vocação, buscando quem realmente somos e a forma como podemos funcionar sem as armaduras pesadas da cultura que nos impõe um certo jeito de ser, irremediavelmente diferente de nós mesmos.

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O recomendável para quem está em busca de sua vocação é se transformar num verdadeiro aventureiro e conhecer profissões, carreiras, talentos e interesses diversos, não se limitar apenas ao conhecido, mas buscar novas fontes de inspiração e de autodescoberta: ler sobre assuntos diversos e muito diferentes de seu cotidiano, conversar com profissionais bem variados, assistir a programas de TV sobre lugares ou tarefas exóticas como o Discovery Channel, por exemplo, enfim, ampliar as fronteiras de seu próprio mundo interior.

A resposta está dentro, mas o espaço interno precisa ser vasto o suficiente para se encontrar o que buscamos. Amplie seu mundo e a sua visão também vai se expandir, encontrando as respostas que você tem buscado.