Pequenos e grandes prazeres: custo zero ou quase zero

por Regina Wielenska

Vivemos numa sociedade que prioriza o ter, em detrimento do ser. Isto não é novidade. E, por tal motivo, penso que não custa nada ativar a imaginação de cada um, sugerindo prazeres preciosos a um custo financeiro zero ou próximo disso. Vamos pensar em algumas coisas? Eu começo e depois a lista vai crescer com a contribuição de cada leitor (a). Combinado?

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Comer fruta no pé.

Uva sem semente congelada.

Limonada.

Chá de erva-doce.

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Tomate fatiado com pouco sal e muito azeite, num pão francês fresquinho.

Caldo quentinho feito com cascas de legumes e folhas de beterraba e de cenoura.

As Quatro Estações de Vivaldi.

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Os grafites nos muros da cidade.

Missa com canto gregoriano.

Som do atabaque batendo ritmos africanos.

Filmes antigos.

Relembrar cantigas de roda enquanto se come pipoca.

Picolé feito em casa.

Amassar pão.

Caminhar na praia, água batendo no tornozelo, o sol se pondo de um lado e a lua crescente se insinuando na outra direção.

Ver o sol raiar entre as montanhas.

Passarinhos em cantoria.

Risada de bebês.

Amasso no sofá.

Massagem no pé.

Escalda pé.

Palavras-cruzadas.

Jogo da velha.

Resta um.

Mímica.

Ovo frito com arroz.

Caldo de feijão.

Cheiro de planta molhada.

Banho, chuveirada, piscina e mar.

Leitura ao pé da árvore.

Pic-nic.

Dia de entrar de graça em museu.

Café na casa da amiga que mora ao lado.

A vizinha que mora ao lado tomar chá aqui em casa.

Papo bom entre amigos.

Ser escutado amorosamente. Escutar compassivamente, sem julgar.

Lençol recém-passado.

Roupa limpa com banho tomado.

Dormir na rede, com a brisa no rosto.

Caminhar a esmo, descobrindo a arquitetura de sua velha cidade.

Prosear até com o poste e descobrir as histórias do mundo.

Ver fotos antigas e arrumar as novas.

Acho que poderia passar um ano escrevendo a coluna, mas aí eu ficaria sem tempo para cultivar meus prazeres, tantas delícias que a vida, ainda que dura e incerta, pode sempre nos oferecer…