Sou namorada de uma garota, a mãe dela me odiava, mas agora quer me conhecer. O que faço?

por Anette Lewin

"Eu tenho 24 anos e namoro uma garota de 23 há seis meses. A mãe dela me odiava e agora resolveu que quer me conhecer. Não faço ideia do que falar, conversar e até mesmo como agir."

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Resposta: Apesar do avanço na aceitação do homossexualismo como relação amorosa válida, certamente a conciliação de uma escolha não convencional com os interesses de uma família convencional é um tema bastante conflituoso.

A primeira reação de uma família convencional frente à revelação explicita da homossexualidade de uma filha, em geral é de rejeição. Foi, provavelmente, o que aconteceu com a mãe da sua namorada. Receber a notícia que a filha não vai namorar um homem, não constituirá família com filhos (pelo menos não da forma convencional) e, consequentemente, não dará a ela os netos com que tanto sonhou, pode causar uma frustração enorme. Daí, alguém tem que ser o "culpado" dessa história. E, na cabeça da mãe dela, provavelmente ela foi seduzida e influenciada por você, que se torna, na cabeça dela, a vilã da história. Daí o ódio inicial.

Depois de algum tempo, porém, a mãe dela provavelmente percebeu que a escolha também foi da própria filha que continua sendo filha, independentemente de suas escolhas amorosas, e que o melhor a fazer é tentar aceitar a situação se não quiser perder o contato com ela. Daí a tentativa de conhecer e conversar com você.

Como proceder nesse encontro

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Certamente, e com razão, você está aflita com esse encontro. Conversar com alguém que até pouco tempo atrás te odiava não parece tarefa muito confortável, não é? Mas tudo pode se tornar mais suave se for usada a sensibilidade e a boa vontade.

Tente, num primeiro momento, ser neutra, e ouvir mais do que falar. Afinal, foi ela quem chamou você. É claro que nesse primeiro encontro, por uma questão de respeito, devem ser evitados os contatos físicos entre vocês na frente da mãe dela. E também qualquer conversa íntima sobre assuntos da relação de vocês.

Provavelmente essa primeira conversa não passará de um encontro sem muitas perguntas ou agressões. Frente a perguntas, responda as que você achar mais neutras, que não exponham assuntos que ainda não estão prontos para serem discutidos; use um tom amigável, mas não exagere na tentativa de agradá-la. Soará falso. Caso haja alguma ofensa, não responda. Apenas ouça e, se o tom levantar muito, permita-se pedir licença e sair. Afinal, você não veio para brigar.

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Por outro lado, se o clima for receptivo e você sentir que a mãe dela realmente está disposta a aceitá-la, comemore, mas assim mesmo mantenha a discrição. Relacionamentos são construídos aos poucos e sentimentos tendem a passar do amor ao ódio em alguns minutos. Você escolheu estar com sua namorada. A família dela é, e deve ser, um foco secundário.

No mais, só o tempo e os futuros encontros familiares poderão definir que tipo de vínculo você terá com essa família. Não depende só de você. Muitas vezes a pressão familiar contra, acaba por destruir um relacionamento amoroso. Outras, acaba por fortalecê-lo por obrigar o casal a estar mais junto para enfrentá-la. O importante é que você trabalhe constantemente seu relacionamento para que ele se mantenha forte e independente do parecer dos outros, seja a favor ou contra.