Falta de coragem? Oito dicas para desenvolvê-la

por Rosemeire Zago

Para muitos ir em busca do que quer e acredita é uma questão simples, que requer apenas o esforço de analisar as possibilidades e ir em frente; mas para outros, requer um esforço enorme, que quase sempre paralisa e os fazem se acomodar em situações desagradáveis, destrutivas, ainda que sofram com isso, pois não se sentem com coragem para ir adiante, muitas vezes por não se sentirem merecedores nem capazes.

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Em geral, as pessoas sentem uma necessidade profunda em agradar, o que faz com que sintam dificuldade em falar não, vivendo para corresponder às expectativas dos outros, ainda que isso lhes custe um elevado preço, o de não ser elas mesmas. Assim, passam a negar ou rejeitar tudo aquilo que acreditam, como se fosse garantia de não sentir e assim, surgem as insatisfações, frustrações e doenças. O medo invade e falta coragem! Como parece ser simples para alguns, como é difícil para quem não consegue sequer pensar em sair do lugar.

Nenhum sentimento seja positivo ou negativo, deve ser negado como se não o sentisse, pois quanto mais o negamos, mais forte ele se torna dentro de nós. O mais indicado sempre é identificar cada sentimento. Como fazer isso? Conversando consigo mesmo. Este é o primeiro passo significativo para realizar alguma mudança e transformar o medo, a falta de atitude, em coragem. É preciso analisar, pensar, refletir, afinal, como sair de algum problema se ao invés de procurar soluções, só procura justificativas?

É preciso coragem para quê? A coragem está muito relacionada com buscar, ousar, mudar, e principalmente, acreditar. Alguns são resistentes por medos e pela crença de que não são capazes. Há pessoas que permanecem sempre no papel de vítimas, sempre se lamentando que nada de bom acontece, mas esquecem de dizer que também sequer tentam, ou se acomodam, e isso pode se dar pela contaminação de experiências negativas anteriores, sejam estas conscientes ou inconscientes e a incapacidade de separar o passado do momento presente, ou seja, a incapacidade de lidar com conflitos internos. Por isso, nada de ficar no papel de vítima, que só faz tudo permanecer da mesma forma.

Para atingir uma maturidade emocional é preciso assumir a responsabilidade pela própria vida, com seus erros e acertos, libertando-se dos padrões que o limitam em acreditar em si mesmo e confiar que é possível seguir em busca de tudo aquilo em que se acredita, como buscar os próprios sonhos. Quais eram seus sonhos? Quer mudar de emprego? Terminar um relacionamento? Declarar seu amor? Coragem para se conhecer, viver? O que te impede de conseguir? É a opinião dos outros? É a cobrança interna ou de outras pessoas?

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Na maioria das vezes as pessoas desistem muito mais pelo receio do julgamento que farão delas do que por elas mesmas. Por que a opinião das pessoas, assim como o reconhecimento e aprovação, são ainda tão importantes quanto deveriam ser apenas na infância? Medo de dizer não e as pessoas não gostarem? Qual a vantagem de manter essa necessidade de sempre agradar? É a única forma de sentir importante? Mas por que é mais fácil agradar aos outros do que a si mesmo? Por que não se tratar como trataria alguém que ama? Não confia em si como confia em quem ama?

Quantas perguntas! Não, não é fácil respondê-las, pois isso envolve olhar para dentro de si mesmo, e essa talvez seja uma das maiores dificuldades do ser humano. Mas se você conseguir ir respondendo uma a uma, talvez seja mais fácil identificar o que torna tudo tão difícil. Muitas das reações limitadoras acontecem pela falta de autoconhecimento.

Não percebendo que podem ser fruto de experiências passadas dolorosas que ainda não conseguiram resolver e superar e que quase sempre estão em nível inconsciente, tudo se mantém. Por isso, o autoconhecimento ainda é a base para o ser humano se libertar daquilo que o limita, pois traz a capacidade de cada um acreditar em si mesmo e ter a certeza que é capaz e se algo não der certo, tentará quantas vezes for necessário, afinal, viver não é mesmo um eterno recomeçar?

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Só o fato de estarmos vivos, levantarmos todos os dias, enfrentarmos as dificuldades diárias, como contas a serem pagas, novas tarifas anunciadas, mantermos relacionamentos pessoais, noticiários deprimentes, torna todos nós seres muito corajosos.

Quando surgir a insegurança, a dúvida, busque dentro de você o que deseja. Visualize mentalmente como quer que aconteça, enfrente seus sentimentos, seus medos e crie coragem, vá em frente!

Ter responsabilidade pela própria vida pode assustar, mas quando estamos na direção daquilo em que acreditamos, quando ouvimos nossa voz interior, nos sentimos mais confiantes e seguros. Com certeza exige-se esforço, há riscos, desafios, mas muitas recompensas. Surge um novo despertar de sonhos, de esperanças, certeza e até, de um novo 'eu'. É preciso permitir-se que o melhor aconteça e ir em busca de crescimento e desenvolvimento, reconhecendo as próprias conquistas e aprendendo a celebrar cada uma delas.

É claro que os obstáculos podem surgir, porém veja-os apenas como desafios que o fortalecem mais. Você tem o direito de escolher as opções que podem tornar sua vida melhor e mais feliz todos os dias, deixando para trás e dizendo NÃO para tudo aquilo que lhe causa tristeza, medo, infelicidade e doença em sua vida.

A liberdade de mudar todos nós temos, é preciso se dar à permissão para fazer o que se quer, tornando sua vida naquilo que gostaria que fosse, ou o mais próximo disso. Muitas vezes isso inclui realizar mudanças em pequenos detalhes de sua vida diária, ou ainda mudanças radicais. Lembre-se: "a liberdade de mudar é liberdade de crescer, coragem!"

Os seis inimigos da coragem

– medo: de não dar certo, não conseguir
– se arrepender
– necessidade de ser reconhecido, aprovado, agradar
– falta de autoconhecimento
– baixa autoestima e amor-próprio medo de ser você mesmo

Oito dicas para desenvolver a coragem

– sinta-se livre para dizer "não"
– seja persistente e não desista diante dos obstáculos, mas transforme-os em desafios que o farão crescer
– liberte-se da sua necessidade de agradar, da aprovação e reconhecimento
– desenvolva a autoestima e o amor-próprio através do autoconhecimento, que pode ser obtido no processo psicoterápico
– mantenha sempre o diálogo interno
– ouça sua voz interior, sua intuição
– desenvolva a ousadia
– acredite em você, isso faz toda a diferença