Como o corpo se organiza para se equilibrar

por Nicole Witek

Se o equilíbrio e harmonia são estados pelos quais você está batalhando, tente algo diferente e novo. É deixando de fazer que o se encontra em equilíbrio.

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Todos nós queremos mais equilíbrio, mais harmonia. O estado de equilíbrio parece um lugar esquisito, irreal, um destino aonde, ou nunca, chegaremos. Alguma coisa entre o irreal e o surrealismo. Enfim, algo que não está ao nosso alcance.

Mas temos que rever – com o yoga – mais uma vez nossos processos. Precisamos em primeiro lugar perceber que estamos nos ajustando o tempo todo a todas as modificações de nosso meio ambiente: calor, barulho, pensamentos, emoções.

Nosso corpo mesmo está procurando equilíbrio ou “homeostasis”. Quando todas as nossas funções estão perfeitas, aparece uma sensação de bem-estar, de harmonia. Essa sensação chama-se boa saúde ou homeostasis.

Quando praticamos as posturas de yoga, estamos ultrapassando a ginástica para entrar em contato com “como” o corpo se vira para se equilibrar numa posição esquisita, sobre uma perna, sobre a cabeça. Quando conseguimos sentir equilíbrio, mesmo estando numa posição esquisita, isso quer dizer que nosso corpo encontrou um jeito de re-organizar totalmente o equilíbrio. Podemos perceber os ajustes que o corpo precisa, estamos nos conscientizando do “como” o corpo reorganiza todo o equilíbrio da estrutura corporal. Essas tentativas geralmente passam despercebidas pelo nosso consciente. Aqui aparece uma boa oportunidade para integrar nosso ser consciente às atividades inconscientes dessas tentativas de estabilidade, a essa reorganização do equilíbrio que passa por um reajuste nas proporções dos “gunas” – estados da matéria – onde se inclui também corpo e mente – que serão apresentados logo abaixo.

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Encontrar estabilidade em uma postura implica em concentração e precisão e é exatamente esse o estado que nos leva à calma emocional e mental. Esse é o desafio.

A estabilidade é necessária cada vez que estamos em uma situação nova, ou seja, um trabalho novo, relação nova, novo lar. Estamos sempre reorganizando, redistribuindo e reproduzindo os ciclos da vida.

Não existe estabilidade, estamos constantemente à procura do equilíbrio, um tipo de dança entre vários ciclos, e o equilíbrio aparece por um segundinho…

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A filosofia do yoga descreve três estados entre os quais estamos constantemente surfando. Esses estados – três gunas – estão em constante organização de proporção e a partir do qual, a vida se manifesta.

Estado tamasico

Solidez, lentidão, passividade e resistência, onde será necessário colocar uma pitada ou uma boa dose de:

Estado rajasico

Mente alerta, vibrante, apaixonada, pronta para se defrontar com as novidades e encontrar esse dinamismo que sustenta toda ação, e onde aparece finalmente o:

Estado sattvico

Nesse estado a mente está em alerta, concentrada, mas confiante. A calma, a clareza de raciocino são características desse estado. Esse estado deve ser conquistado a cada minuto, ele deveria impregnar todas nossas ações: um sentido aguçado de expertice e, ao mesmo, tempo a confiança entregue ao seu ser profundo.

Quando o corpo tiver encontrado esse ponto de equilíbrio, a respiração encontrará também seu ritmo de equilíbrio, e a mente acompanhará a posição do corpo. A cada ajuste da respiração ocorrerá um ajuste da mente e do corpo.

Cada vez que o corpo precisa se equilibrar acontece uma nova distribuição de gunas, uma nova re-organização das proporções, para se aproximar cada vez mais do estado sattvico: alerta e confiante.

Quando uma postura de yoga se torna luminosa, leve, concentrada, porém confortável ao mesmo tempo. Quando ao dinamismo de raja está opondo a estabilidade de tamas, não existem mais tensões, é só equilíbrio, não se precisa mais “fazer”, mas simplesmente “estar” nesse estado de total consciência, alerta e confiança. Esta é a última meta do yoga, liberação dos medos do ego e a conexão espiritual tranquila com seu ser profundo.

Somente assim é que pode ser vivido o equilíbrio total, quando as três gunas estão equilibradas, e o corpo é o instrumento dessa realização.

Agora não procuramos mais o equilíbrio, mas estamos pronto para deixar o equilíbrio se instalar em nós.