Dá para desenvolver talento, mas não dá para adquiri-lo

por Dulce Magalhães

Era uma vez um menino que gostava de computadores. Ele brincava com computadores o dia inteiro e era tão bom no uso da máquina que muita gente passou a pagar para que ele criasse novas brincadeiras no computador. Ele transformou sua habilidade em um lucrativo serviço.

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Estamos falando sobre a utilização da “Competência Essencial” do indivíduo para o desenvolvimento de uma atividade profissional. Isto não é hisstória da Carochinha, é a última palavra em Gerenciamento de Carreira. Habilidades que a princípio podem não parecer úteis no mercado, estão se transformando na grande força impulsionadora da realização do talento.

A simpatia natural que um bom Relações Públicas necessita, a curiosidade do jornalista, o senso de humor do vendedor, a boa memória de um gerente bancário, entre outros exemplos, demonstram a importância de identificar nossas habilidades naturais. Muitas pessoas iniciando uma carreira ou em fase de revisão, estão voltadas para questões externas. Como anda o mercado? Quais as profissões bem remuneradas? Para onde vai a tecnologia?

Todas estas perguntas são importantes, entretanto eles vão entrar em pauta numa terceira ou quarta fase de decisões. A questão à qual deveríamos nos apegar diuturnamente em nossa vida profissional é em relação à nossa Competência Essencial.

O que você faz melhor do que a média?

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Faz sem esforço? Gosta de fazer? Dançar, pensar, ler, ouvir, falar, brincar, rir, escrever, organizar… Tudo isso está relacionado com a capacidade de realizar coisas. As pessoas de maior destaque e sucesso no mercado estão em sintonia fina consigo mesmas.

O mercado é um frio e pragmático executor da lei de Seleção Natural, contudo é também um ávido colecionador de talentos. As oportunidades serão maiores para os melhores talentos. O que precisa ser límpido como cristal é o posicionamento do talento na nossa vida. Dá para desenvolver talento (e se deve), não dá para adquirir talento. Picasso teve inúmeros alunos, todavia continuamos tendo um único Picasso no mundo. Ok! Talvez você não esteja esperando se transformar num grande gênio da humanidade, mas há diferentes níveis de genialidade. Existem músicos geniais e também mecânicos geniais. O segundo não vai empolgar plateias, entretanto deverá alcançar grande sucesso e realização profissional.

Imagine fazer algo de que gosta muito e ainda receber remuneração por isso. Esta é a síntese da Competência Essencial aplicada ao mercado profissional. Todo o indivíduo é dotado de um conjunto de habilidades específicas que o diferencia da massa e, ao mesmo tempo, lhe permite integrar-se à comunidade de forma harmônica e útil. Este enunciado estabelece uma lei que nos empurra a buscar nossa realização profissional.

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Somos diferentes uns dos outros e estas diferenças são complementares. Alguém, em algum lugar, necessita de uma habilidade que você possui. Este é o início de tudo. O segundo passo é identificar oportunidades de transformar suas habilidades em valor no mercado. Um bom contador de hisstórias pode vir a ser um excelente e feliz redator publicitário ou um médico razoável. É preciso dar forma ao talento. Assim como qualquer produto no mercado necessita de embalagem, distribuição, marketing etc; o profissional precisa gerenciar seu processo da venda do talento. Transformar seu talento em algo desejável, comercial, diferenciado e competitivo.

Outra questão a ser pensada se refere à mobilidade. Em terra de cego, quem tem um olho é rei. Mover-se para mercados que apresentem uma maior demanda de suas capacidades é inquestionavelmente uma ação estratégica. Assim, não espere o mercado mudar, mude você. Identifique e estabeleça um posicionamento mais vantajoso para sua atuação. Onde morar, com quem conviver, por que mudar? Questões que podem conduzir a mudanças extraordinárias e à conquista de objetivos.

Atributos de um empreendedor bem-sucedido

– Coragem de empreender em novos desafios: pode ser a enorme diferença entre chegar lá ou não;

– Aposta ousada na intuição;

– Um certo senso de autoconfiança e a fé nas próprias idéias.

Enfim, não existe uma única e infalível receita para o sucesso profissional, mas estas carcaterísticas são encontradas nos profissionais bem-sucedidos.

Você já pensou em inverter sua visão do globo terrestre? Imagine o oceano Pacífico no centro, ao invés do Atlântico. Imagine o Polo Sul em cima, ao invés de embaixo. O estereótipo que temos do mapa-múndi, não passa disso, uma representação gráfica. O mundo não é estanque, não possui direita e esquerda, em cima ou embaixo. Quem tem essas referências é o observador. Você não precisa mexer com o planeta inteiro, basta mudar sua visão do planeta. Assim funciona também com suas habilidades. Tem que descobrir o que fazer com a capacidade que você possui. Reposicioná-la no mundo. Isso exige uma boa dose de criatividade, começar a ver de forma diferente o que sempre foi um padrão estabelecido em sua vida.

Muitos talentos naturais são desperdiçados por absoluta falta de auto-observação. Atenção e perspicácia possibilitam um diagnóstico exato de nós mesmos. Inovação é a técnica para transformação. Assim, você primeiro descobre qual é sua praia. O que você faz bem. Depois, você pensa em como aquilo pode ser útil para alguém.

Você pode ser o mais feroz tubarão branco do planeta, mas não vai durar nem cinco minutos fora do mar. Tem um ditado que diz, cada macaco no seu galho. É isso mesmo. O mar está prapeixe, e o mercado pra talentos. Cada peixe tem que descobrir suas melhores águas, cada talento tem que desenvolver seu mercado. Fora disso, pode-se até morrer na praia.