Amar de modo saudável exige autoestima e autoconhecimento

por Tatiana Ades

Não foi apenas uma vez que ouvi a seguinte expressão de um paciente: "Mas se não doer, não pode ser amor"

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Existe essa necessidade intrínseca no ser humano de amar de forma exagerada, sentir as reações mais inusitadas possíveis na presença do ser amado e, mesmo que a relação seja caótica, há a necessidade do outro.

Já presenciei casos onde as brigas eram constantes e o casal se apegava a isso como forma de união.

O subtexto desse tipo de amor poderia ser definido como "Eu te odeio, por favor, não me deixe".

É preciso aprender que amor não está ligado a sofrimento e martírio. Pelo contrário, amor é o vínculo sagrado que nos traz paz interior, crescimento emocional e segurança.

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Mas as pessoas continuam se enganando, inconscientemente, acreditam que o amor é algo destrutivo, que o ser amado agride porque ama demais, que o ciúme é reflexo de um amor incondicional.

E assim, cada vez mais as pessoas se machucam emocionalmente, fisicamente e podem ficar com traumas sérios por toda vida.

É preciso educação acerca do que é amor fictício, midiático, e o que é amor real, saudável.

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Amar não é réplica de filme, nem de novela. Amar não é aquilo que lemos na literatura dramática e romântica (linda, mas fictícia). Amar nunca será: odiar e precisar, temer e necessitar, machucar e sofrer.

As pessoas estão doentes por amor, um amor nocivo e perigoso.

Amar de forma saudável exige de nós autoestima e autoconhecimento.

Quem se ama de menos, acredita estar amando demais e quem se ama demais sabe que pode amar de forma saudável e pacífica.

O amor traz conforto; é o que pode nos resgatar de nós mesmos em momentos difíceis. E acredite ou não, o amor real é aquele que deixa o outro ir quando percebe nesse outro infelicidade.

O amor real não é egoísta, o amor doentio é uma simbiose patológica de dois seres egocêntricos e com baixa autoestima.

Vamos aprender a amar?

Cinco sinais para você perceber se ama de forma patológica:

– sente-se amargurada na presença do parceiro(a) mas não sabe como sair fora;

– precisa do outro para conseguir se focar em tarefas, mesmo que seja ouvir a voz, caso contrário, a vida para;

– as brigas são constantes e você as justifica dizendo que isso é uma forma de amor muito forte;

– você recebe conselhos e enxerga como críticas, defendendo o ser amado com unhas e dentes;

– entra em depressão e estado de estresse.

Se você identificou pelo menos dois sinais da lista, já é bom procurar ajuda.

E acredite: o amor saudável não é enfadonho, ele é absolutamente intenso, mas você não idealiza o outro como na paixão.