Trair pode ser benéfico

por Marisa Micheloti

O casamento monogâmico instituído nas bases do regime judaico-cristão vem sendo questionado a partir de todas as alterações sócio-culturais que os gêneros masculino e feminino vêm adquirindo nos últimos anos. As mulheres não necessitam do homem exclusivamente pelo papel de provedor e os homens não necessitam de uma mulher que seja apenas companheira e educadora dos filhos. As funções cresceram, os papéis de cada um se diversificaram e as crises passaram a se estabelecer de uma maneira mais explícita.

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Uma das questões que nos coloca freqüentemente em uma saia justa é a maneira como um relacionamento encara a idéia da infidelidade, do adultério, da traição… Assim como podemos nomear de várias maneiras comportamentos semelhantes, podemos encontrar várias causas e conseqüências que podem determinar o fato.

Devemos pensar que a monogamia é conveniente para uma sociedade que estabelece critérios rígidos de comportamentos. Facilita uma organização e a efetivação de fatores morais. Porém, fazendo-se um mergulho nas emoções, não é bem assim que tudo acontece. O famoso felizes para sempre ficou pesado de se levar por toda uma vida. Mudou-se a idéia de durabilidade do vínculo matrimonial e o divórcio passou a ser encarado como uma das possíveis e prováveis alternativas.

Com tantas possibilidades de amar e de se trair, vamos focar em uma direção onde há a inclusão de um terceiro componente em uma relação de casal. Essa sensação de traição onde se quebrou a promessa de manter a sexualidade de forma exclusiva a uma única pessoa pode trazer muitas conseqüências e das mais inusitadas. Um dos parceiros transgrediu a uma norma pré-determinada e nesse momento abre-se uma imensa ferida na relação.

Algumas traições são encaradas como refresco para uma tensão matrimonial, outras são tidas como determinantes de muita raiva, ressentimento e destruição, outras realmente como insignificantes. Homens ainda não conseguem encarar com tranqüilidade essa situação, principalmente pelo fato de ainda estarem olhando para as mulheres e sentindo-as como seres que só se envolvem quando se apaixonam. Mulheres não aceitam pensar que homens podem se relacionar sexualmente sem amor. Sem dúvida esse é um caminho doloroso para ambos.

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O resultado de tudo isso pode levar a várias soluções. Uma delas é a possibilidade de olhar por um outro ângulo, para um velho casamento tedioso e existir a renovação. Outros adquirirão forças para encarar um divórcio tão desejado porém tão temeroso; outros se manterão juntos sem se perdoar e o clima de ressentimento e agressão vai ser o recheio dessa união por toda a vida. Esse é um dos piores caminhos.

Todos estão sujeitos a ter desejos ou serem seduzidos por outra pessoa, sejam homens ou mulheres, a emancipação feminina também obteve essa conquista. O importante é encarar as situações de infidelidade, mesmo as que parecem mais insignificantes, com muita responsabilidade e refletir como vem se sentindo em seu papel neste casamento.

Quais são suas falhas e quais são as do outro. Poder mensurar se a insatisfação que vem sentindo na vida pode direcionar a novas maneiras de prazer com uma outra pessoa.

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Nem sempre traição significa que o amor acabou, mas pode ser um início de uma relação mais cuidadosa e madura.