Como as emoções decidem nossas ações

por Marta Relvas

"Sensibilidade à dor e à pressão nós podemos medir, mas a sensibilidade emocional não. Através dos sentimentos é possível expressar os processos emocionais. Nada é bobeira! Afetivamente as pessoas, às vezes, precisam de uma reconstrução, de uma repaginada" Relvas, 2013.

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Você já percebeu e até se perguntou por que tem pessoas que reagem de formas diferentes às situações das adversidades e às alegrias do cotidiano da vida?

Por que algumas logo dão a volta por cima após grandes perdas, e outras entram no abismo profundo, podendo chegar à depressão?

Existem pessoas que em dificuldades enxergam e encontram possibilidades, vitórias, enquanto outras só sabem reclamar?

Segundo Davidson J., Richard – no livro O Estilo Emocional do Cérebro -, cada estilo emocional é formado por seis dimensões básicas e que a combinação entre elas determina a identidade emocional de cada um do humano. São elas:

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1 – Resiliência
2 – Atitude
3 – Intuição social
4 – Autopercepção
5 – Sensibilidade ao contexto
6 – Atenção

As emoções e suas interpretações, apesar de processadas nas estruturas anatômicas cerebrais consideradas primitivas, dependem da área do cérebro mais evoluída: o córtex pré-frontal, que quando ativado apresenta alterações nas frequências das ondas neurais que podem ser vistas através das neuroimagens de ressonância magnética.

Atualmente, todas as áreas do conhecimento principalmente a Educação, aponta para a necessidade de conhecer a formação biológica e química desse órgão com a finalidade de reconhecer a base do funcionamento da mente, dos pensamentos e emoções que refletem o nosso estilo de vida emocional considerada tão subjetiva. Por isso, cada vez mais o humano "mergulha" nessa perspectiva do seu "mundo interior".

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Segundo Davidson, essas perspectivas emocionais, as quais ele denomina de dimensões do estilo emocional, estão relacionadas com a atividade de circuitos cerebrais específicos e identificáveis. Cada dimensão emocional tem dois extremos – com polaridade positiva e a outra negativa, que resultam de maior ou menor atividade nesses circuitos. Dessa forma, para compreender a forma de como suas emoções são processadas, antes precisa compreender a base cerebral de cada dimensão e dos seus extremos – polaridades.

Cada dimensão é o resultado de reações específicas de atividade cerebral refletida na vida mental. O mais incrível é que as bases dos circuitos que estabelecem as seis dimensões emocionais se situam longe das supostas regiões cerebrais ligadas às emoções – o sistema límbico e o hipotálamo. Então, onde reside o controle, por exemplo, da resiliência emocional das pessoas? Na sede das funções executivas, do planejamento e do discernimento: no córtex pré-frontal.

Veja outro dois exemplos da atuação do córtex pré-frontal:

Agora no caso de um extremo positivo: Quando planejamos uma viagem de férias e imaginamos a ida para uma praia paradisíaca, utilizamos nossa enorme massa de córtex pré-frontal, incrivelmente uma "máquina" do tempo capaz de transportar nossos pensamentos para o futuro.

No extremo negativo, o da compaixão emocional: Quando assistimos a tragédia das enchentes da Região Serrana do Rio de Janeiro, onde pessoas perderam todos os bens materiais, identidade social e dignidade humana quando até hoje praticamente nada está resolvido e vivem em abrigos.

Por incrível que pareça e sem querer ser tendenciosa, qualquer dessas dimensões que você pretenda alterar quanto ao seu estilo emocional terá que reconhecer a interfase desse cérebro, que é biológico, químico e emocional no contexto social. Ou seja, evidências que sejam fundamentadas na Neurociência, tendo em vista que o estilo emocional é o produto de todas essas funções cerebrais.