Você pode mudar sua vida!

por Patricia Gebrim

– SOCORRO!!!! Para quem não sabe (às vezes eu mesma esqueço), antes de ser psicóloga eu fui dentista. Verdade!

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Cheguei a montar meu consultório, tinha um armário lotado de roupas brancas e até trabalhei um tempo com isso antes de perceber que de fato me interessava mais pelas palavras e sentimentos que viriam de dentro da boca dos pacientes, e não pelo que eu fizesse por lá.

Lembrei disso agora porque a minha turma de odontologia, como a Fênix, ressurgiu das cinzas. Fui encontrada através de uma rede social e estamos combinando um encontro para celebrar os 25 anos de nossa formatura. Entre comentários divertidos e histórias deliciosas que vão sendo aos poucos relatadas no grupo, uma de minhas colegas está publicando as fotos da época, uma relíquia com a carinha de cada um de nós, um verdadeiro túnel do tempo.

Incrível como, ao ver aqueles rostos, uma familiaridade foi sendo ativada e fui, aos poucos me lembrando de uma época que eu já nem lembrava ter vivido.

Quantas vidas podemos viver em uma única vida?

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Claro que eu poderia ter optado por continuar tratando de dentes. Talvez até conseguisse fazer isso de forma mais ou menos adequada, se bem que acredito que eu nunca me destacaria de verdade nessa profissão. Penso que brilhamos quando colocamos nossa alma no que fazemos, e a minha alma não gostava nem um pouco daquele horrível cheiro de eugenol.

Viver este momento de reencontro me fez pensar na importância de nossas escolhas. Podemos simplesmente ir vivendo a vida, seguindo por onde a vida nos empurra, como se estivéssemos sentados no banco de passageiros de um carro em movimento. Ou podemos assumir a direção e arriscar traçar nosso próprio caminho. Assim tenho escolhido viver minha vida. Meu objetivo é que cada etapa tenha significado.

Mudar tudo. Vender o consultório. Tentar uma nova profissão. Foi um momento interessante…

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– Se senti medo?

– Senti sim.

– Muito!!!

E mais. Quase fui enlouquecida por aquela avalanche de perguntas que muitas vezes assombram minhas decisões. Fui fortemente infectada pelo bichinho do “e se”.

– E se eu estiver fazendo a escolha errada? E se eu nunca conseguir me afirmar como psicóloga? E se eu me arrepender? E se eu me tornar um fracasso? E se… E se… E se…

– SOCORRO!!!!

Mas algo em mim acaba sendo sempre mais forte do que esse monstro devorador de sonhos. Cedo ou tarde me irrito e acabo espetando o “E se” no meio da montanha que representa meu passado e seguindo em frente. Não me arrependo, sempre que faço isso minha vida fica mais divertida. Não que tudo que eu tenha arriscado tenha dado certo… Algumas coisas deram, de verdade, muito errado. Muitas vezes cismei de fazer um caminho novo para fugir do trânsito e quase acabei indo parar em outro estado, ou naquele lugar que dizem ser onde Judas perdeu as botas. Nessas horas tento ser compreensiva comigo e lembro de que não há como viver uma vida rica em possibilidades sem nunca me perder de vez em quando. Mesmo com os desvios e as dificuldades inerentes de alguns riscos corridos ainda afirmo: valeu a pena!

(Além disso… não seria interessante encontrar as botas de Judas?)

Mais do que conselhos, às vezes o que temos de melhor a oferecer é um pedacinho significativo de nossa história. Espero que este artigo toque alguns de vocês, aqueles que talvez estejam na borda da piscina em um dia quente de verão, morrendo de vontade de saltar naquela água fresquinha, aqueles aos quais falta apenas um leve empurrão.

O empurrão está dado!

Bom mergulho!