Prática de exercício de resistência muscular melhora ansiedade

por Ricardo Arida

Existe extensiva informação na literatura sugerindo que a atividade física, principalmente o exercício físico aeróbio reduz a ansiedade.

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Os benefícios psicológicos, como redução da ansiedade depois de algumas sessões de exercício aeróbio são observados imediatamente pós-exercício e podem persistir por mais algumas horas depois do término desta atividade (1). Tendo em vista que esta informação está bem documentada na literatura científica e divulgada na mídia, não cabe no momento detalhar estas informações. Entretanto, devemos levar em consideração que as atividades praticadas nas academias e centros esportivos incluem além de atividade aeróbia, exercícios anaeróbios e combinação de exercício aeróbio/anaeróbio, como os exercícios de força e resistência muscular.

Realmente, existe um grande numero de praticantes desse tipo de atividade que colocam com objetivo principal, uma melhora da aparência física. Nesse sentido, não podemos descartar os efeitos benéficos do exercício de resistência ou força muscular sobre os vários sistemas do nosso organismo. Entretanto, poucos estudos têm examinado o efeito desse tipo de atividade no estado de ansiedade. Resumidamente, dos poucos estudos na literatura científica, os resultados mostram que o treinamento de resistência muscular de intensidade baixa ou moderada pode diminuir a ansiedade (2,3).

Por outro lado, outros estudos mostram que o exercício de resistência muscular de alta intensidade pode ter efeitos contrários. Portanto, a intensidade do exercício de resistência muscular (popularmente musculação) pode ter uma influência determinante na ansiedade. Estudos têm mostrado uma relação entre intensidade do exercício, respostas afetivas e aderência ao programa de exercícios físicos (4). Alterações de descontentamento ou desconforto podem reduzir esta aderência, isto é, podem provocar desistências da prática de programas de atividades físicas. Considerando os benefícios do treinamento de resistência muscular, o entendimento dos mecanismos que levam ao indivíduo a realizar suas atividades com mais prazer, são importantes nas intervenções bem-sucedidas de exercício físico.

Um estudo publicado recentemente (5) aborda elegantemente este tópico. O propósito desse estudo foi examinar os efeitos de diferentes intensidades e períodos de repouso desse tipo de exercício em relação à ansiedade. Os exercícios de diferentes intensidades, mas principalmente o de baixa intensidade provocaram aumento da ansiedade 5 minutos após o exercício e significante redução da ansiedade aos 20 e 40 minutos depois do exercício.

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Em conclusão, esses resultados mostram que o exercício de resistência muscular com pesos provoca efeitos psicológicos positivos nesses indivíduos. Os autores sugerem que profissionais da área de saúde ou “personal trainers” devem enfatizar programas de exercício de resistência muscular com pesos de baixa intensidade para iniciantes que podem também promover efeitos psicológicos benéficos já conhecidos pelo exercício aeróbio, e afetar assim positivamente na aderência dos programas de exercícios físicos.

1- Petruzzello S, Landers DM, Hatfield BD, Kubitz KA, and Salazar W. A meta-analysis on the anxiety-reducing effects of acute and chronic exercise. Outcomes and mechanisms. Sports Med 11: 143–182, 1991.

2- Focht BC and Koltyn, KF. Influence of resistance exercise of different intensities on state anxiety and blood pressure. Med Sci Sports Exerc 31: 456–463, 1999.

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3- Garvin AW, Koltyn KF, and Morgan, WP. Influence of acute physical activity and relaxation on state anxiety and blood lactate in untrained college males. Int J Sports Med 18: 470–476, 1997.

4- Ekkekakis P and Lind E. Exercise does not feel the same when you are overweight: The impact of self-selected and imposed intensity on affect and exertion. Int J Obes 30: 652–660, 2006.

5- Bibeau WS, Moore JB, Mitchell NG, Vargas-Tonsing T, Bartholomew JB. Effects of acute resistance training of different intensities and rest periods on anxiety and affect. J Strength Cond Res 24(8):2184-91, 2010.