Será que meu filho está sendo alvo de bullying?

por Ceres Araujo

Bully = intimidar; ameaçar; amedrontar
Bully = Valentão; brigão
Bullying = intimidação

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Bullying pode ser conceituado como todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, sem motivo justo, adotadas por uma pessoa contra outra, causando dor e angústia e executadas dentro de uma relação desigual de poder.

O bullying, como fenômeno social, pode surgir em diversos contextos, como parte de problemas de relações pessoais entre adultos, entre jovens e entre crianças em diferentes locais, como, lar, escola, empresa, clube, playground, casa de idosos, prisão, entre outros.

Na situação de bullying sempre se tem: a vítima, o agressor e as testemunhas, cada um com seu papel específico.

A vítima tem alguma característica física ou emocional que faz dela um bode expiatório. Características físicas como baixa estatura, sobrepeso, deficiência física etc. podem fazer com que a pessoa seja discriminada e depois agredida. Podem assumir o papel de vítimas, os indivíduos que não sabem se defender, que não dispõem de recursos ou habilidades para reagir ou fazer cessar os atos danosos contra si. Por uma autoestima geralmente muito baixa, convivem com sentimentos de inferioridade, com sentimentos de insegurança e com dificuldades de adequação ao grupo.

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Agressor em geral é internamente frágil e inseguro

O agressor é aquele que pratica o bullying. Principalmente quando em um grupo, com platéia, ganha força e usa de atuações extremamente agressivas dirigidas aos percebidos como mais frágeis. Com frequência, são pessoas que viveram ou vivem relações mais hostis que amorosas na família. Embora queiram dar a impressão de força, são internamente frágeis e inseguros. Muitas vezes, são oriundos de famílias pouco estruturadas, com pouco relacionamento entre os membros, onde os pais, por suas atitudes, ensinam a solucionar problemas mediante comportamentos agressivos e destrutivos. O agressor pode estar reproduzindo na escola, na empresa, nos ambientes que frequenta, o modelo familiar aprendido.

As testemunhas são as pessoas que assistem à agressão e que não assumem qualquer postura, seja de defesa em relação à vitima, seja de contenção em relação ao agressor. Assistem passivamente à agressão, pelo medo de serem as próximas vítimas. Não é raro que o professor na escola tenha o papel de apenas testemunha. Muitas vezes, os professores não se apercebem da situação de bullying e/ou se calam, focam a repreensão no grupo e não raro reforçam o bullying.

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O bullying tende a ocorrer mais no grupo masculino que no feminino, principalmente nas escolas, pois as meninas tendem a serem menos agressivas em sua conduta explícita. O bullying, no grupo feminino, caracteriza-se por uma agressividade mais discreta e velada, ainda que muito ferina. Fofocas, boatos levam a práticas de difamação e exclusão. Observamos a formação das “panelinhas” na escola, a partir dos seis, sete anos de idade. É complicado estar na “panelinha”, pois muitas vezes, a criança precisa se submeter aos ditames da outra criança, líder do grupo, para que possa ser aceita. É doloroso estar fora da “panelinha”, pois a exclusão fere muito a autoestima.

Os programas de prevenção e redução ao bullying nas escolas propõem uma consciência maior da possibilidade de bullying nas classes; um maior envolvimento de professores, pais, autoridades educacionais e alunos, a sensibilização de toda a comunidade escolar para apoiar os alunos alvos de bullying, o encaminhamento do agressor, da vítima e de seus pais para atendimento psicológico e um trabalho de orientação às testemunhas. Esse trabalho é fundamental para informar o que é o bullying, para criar o comprometimento ético com a educação para a diversidade, para a cidadania e para o respeito ao outro.

É importante ressaltar que é mais difícil identificar o agressor que a vítima. Os pais do agressor, quando são chamados na escola, raramente eles percebem que a agressividade do filho está chegando a tal ponto. Muitas razões podem explicar isso: nosso tempo, nossa cultura e nossa sociedade tendem a sancionar o comportamento agressivo e confundir, muitas vezes, a provocação e a violência com conduta de afirmação.

O sofrimento da criança vítima é mais visível, ainda que possa existir uma tentativa por parte dela de esconder o fato, que a envergonha e a faz viver uma total impotência. Porém, sintomas surgem e os pais precisam estar bem sensíveis para valorizá-los e proteger seu filho.

Indicadores que a criança possa estar sendo alvo de bullying

– Demonstrar falta de vontade de ir à escola.

– Sentir-se mal perto da hora de sair de casa.

– Pedir para trocar de escola.

– Revelar medo de ir ou voltar da escola.

– Mudar frequentemente o trajeto entre a casa e a escola.

– Apresentar baixo rendimento escolar.

– Voltar da escola, repetidamente, com roupas ou livros rasgados.

– Chegar muitas vezes em casa com machucados inexplicáveis.

– Tornar-se uma pessoa fechada, arredia.

– Parecer angustiado, ansioso, deprimido.

– Apresentar manifestações de baixa autoestima.

– Ter pesadelos frequentes.

– "Perder", repetidas vezes, seus pertences, seu dinheiro.

– Tentar ou cometer suicídio.