Mudar de nome para melhorar a vida é um mito

por Johann Heyss

É muito comum associar a numerologia à mudança de nome, como se uma coisa implicasse a outra. Contudo, nada pode ser mais depreciativo quanto ao verdadeiro potencial da numerologia que a ideia segundo a qual mudar de nome, ou uma letra do mesmo, vá operar mudanças (em geral milagrosas) na personalidade e no destino de alguém. Isto é tapar o sol com a peneira, criar castelos de areia que são facilmente destruídos ao menor sinal de vento ou tempestade. É óbvio que a numerologia não serve para operar milagres, e que a mera modificação do nome não causa efeito algum, positivo ou negativo, na vida de ninguém.

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Mas se é assim, deve estar se perguntando o leitor, de onde surgiu essa crença? O fato é que o conhecimento esotérico indica que o nome de uma pessoa reflete quem é essa pessoa, da mesma forma que um espelho reflete nossa imagem, e que o nosso código de DNA indica (ou seja, reflete) nossos potenciais biológicos.

O nome não causa nada, ninguém é como é, por causa do nome que recebeu. Antes o nome que recebeu é uma pista, uma indicação, um elemento de identificação da personalidade e do potencial daquela pessoa. Dessa forma, a crença na mudança de nome como fator de melhoramento pessoal é exatamente isso: uma crença. E a crença é vizinha da superstição, e irmã da autoindulgência.

Como tudo em nosso mundo dualista, a crença é uma faca de dois gumes, o que faz com que aqueles que creem que uma mudança no nome lhes abrirá as portas do sucesso estejam mais propensos a essas realizações devido ao fator psicológico e à autoconfiança estimuladas pela crença firme no poder do nome. Mas mesmo assim, a crença trava uma batalha com a razão, o que tanto pode servir para desabar uma fé que proporcione conforto e autoconfiança, quanto para chamar a pessoa à consciência e salvá-la das garras da superstição e da ignorância.

Portanto, aquele que se submete a uma mudança de nome, mas não crê profundamente no processo, não terá qualquer progresso. Então fica fácil perceber que a mudança de nome é uma muleta psicológica: funciona para aqueles que nela creem.

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O que pode levar alguém ao sucesso através da troca de nome, é meramente sua crença no processo, não o processo em si. Em outras palavras, é o efeito placebo, que é o termo que os médicos usam para medicamentos inócuos ministrados a pacientes que pensam estar ingerindo remédios verdadeiros e que se curam mesmo assim, tamanha sua certeza de estarem tomando uma substância que os curará.

Apenas aquele que assina um nome diferente com tamanha fé – o que é mais difícil do que crer num remédio palpável que se ingere – poderá ter algum benefício, e mesmo nesse caso, será correto enganar o indivíduo, atribuindo à numerologia um poder que está nele mesmo? Penso que não…

A análise dos casos de artistas que mudaram de nome devido à numerologia leva à conclusão que nada de relevante ou significativo aconteceu. A cantora Sandra de Sá, por exemplo, que antes assinava Sandra Sá, continua sua carreira normalmente, sem nenhum salto qualitativo dramático em seu trabalho. Isso se dá por dois fatores: em primeiro lugar, porque o nome completo verdadeiro da cantora e sua data de nascimento é que refletirão sua personalidade e sua vida e, dentro disso, sua carreira. A segunda razão é que os nomes Sandra Sá e Sandra de Sá são quase idênticos em termos numerológicos. Confira:

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1+1+5+4+9+1 +1+1 = 23 (2+3) 5
S A N D R A S Á

1+1+5+4+9+1 +4+5 +1+1 = 32 (3+2) 5
S A N D R A D E S Á

Em termos de simbolismo numerológico, a mudança é praticamente nenhuma, pois apesar de o número de origem contar muito na interpretação, aqui não há diferenças gritantes entre os números 23 e 32 – se um dos nomes resultasse em 14, haveria uma diferença clara, já que são números diferentes. Mas mesmo assim, o nome verdadeiro completo seria a única fonte numerológica confiável.

Outro caso muito citado é de Jorge Benjor, ex-Jorge Ben, cuja mudança de nome nada teve a ver com numerologia, mas sim com direitos autorais no exterior. O cantor norte-americano George Benson e Jorge Ben eram frequentemente confundidos devido à pronúncia dos nomes em inglês, o que prejudicava a carreira de Benjor no exterior. Assim, ele passou a assinar Jorge Benjor, sem qualquer relação com a numerologia.

Outro caso conhecido foi o da atriz Lady Francisco, que usou assinaturas esdrúxulas de seu nome, sem qualquer sucesso, e recentemente lançou uma autobiografia retomando o nome artístico e próprio original – tanto Lady quanto Francisco fazem parte de seu nome original completo.

Alguns me questionam quanto ao meu próprio nome. Johann Heyss é de fato um nome artístico, que comecei a usar como músico – carreira que comecei a desenvolver antes de meus estudos numerológicos – por motivos diversos, e sem qualquer implicação direta com a numerologia.

Portanto, gostaria de enfatizar para todos aqueles que pensam em mudar de nome ou de assinatura para desenvolver algo de positivo em suas vidas que, ao invés disso, estudem seus mapas numerológicos em profundidade, para que possam assim identificar e estimular os potenciais positivos, e reconhecer e mitigar as armadilhas da personalidade e da vida. Através do autoconhecimento podemos nos desenvolver e progredir, não através de muletas psicológicas.