Paralelo entre a física moderna e o yoga

por Emilce Shrividya Starling

Lendo o livro “O Tao da Física” de Fritjof Capra, fiquei encantada como a Física Quântica encontrou paralelos com a Ciência do Yoga e com o misticismo oriental.

Continua após publicidade

Foi muito importante Capra ter feito essa identificação da Física Moderna com misticismo oriental. Foi um grande passo para a mente ocidental, que está sempre duvidando de tudo que seja espiritual e, possa, finalmente, entender o conhecimento e a inteligência espiritual.

A fé não deve ser cega, como diz o Yoga, e a Física Quântica vem ajudar para aumentar nossa compreensão espiritual e fé.

No prefácio desse livro, Capra relata sua bela experiência, quando ele estava sentado na praia e entendeu o misticismo oriental. Ao observar o movimento das ondas, ele sentiu ao mesmo tempo o ritmo de sua própria respiração. Ele se apercebeu intensamente do ambiente que lhe cercava e se sentiu participando da dança cósmica que fala a Filosofia do Yoga.

Como físico, ele sabia que a areia, as rochas, a água e o ar ao seu redor eram feitos de moléculas e átomos em vibração. Devido à sua pesquisa de física de alta energia, Fritjof Capra sabia que “raios cósmicos” penetravam na atmosfera. Mas, todo esse conhecimento lhe chegava apenas por gráficos, diagramas e teorias matemáticas. Porém, naquele belo instante na praia, ele sentiu que suas experiências anteriores adquiriam vida.

Continua após publicidade

Como ele mesmo diz: “Assim, “vi” cascatas de energia cósmica, provenientes de espaço exterior, cascatas nas quais em pulsações rítmicas, partículas eram criadas e destruídas . “Vi” os átomos dos elementos—bem como aqueles pertencentes a meu próprio corpo—participarem desta dança cósmica de energia. Senti o seu ritmo e” ouvi” o seu som. Nesse momento, compreendi que se tratava da Dança de Shiva, o Deus dos dançarinos, amado pelos yogues e hindus. “

No capítulo 15 desse livro, Capra fala da dança cósmica de Shiva na visão científica e mística: “A metáfora da dança cósmica encontrou sua expressão mais bela e profunda na imagem do Deus dançarino Shiva . Segunda a crença hindu (e do Yoga), todas as vidas são parte de um grande processo rítmico de criação e destruição, de morte e renascimento e a Dança de Shiva simboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclos intermináveis.”

Nas palavras de Ananda Coomaswamy: Na noite de Brahman, a Natureza acha-se inerte e não pode dançar até que Shiva o determine: Ele se ergue de Seu êxtase e, dançando , envia através da matéria inerte ondas vibratórias do som que desperta e, vede!, a matéria também dança, aparecendo como uma glória que o circunda. Dançando, ele sustenta seus fenômenos multiformes. Na plenitude do tempo, dançando ainda, Ele destrói todas as formas e nomes pelo fogo e lhes concede novo repouso. Isso é poesia e,contudo, também é ciência.”

Continua após publicidade

Capra mostra os paralelos entre a física moderna e o misticismo oriental . E explica cientificamente os elevados conceitos e ensinamentos tanto da Ciência e Filosofia do Yoga, como do Hinduísmo, Taoísmo e Budismo.

Isso é muito bom para alguns ocidentais que ainda descreem de Deus, da espiritualidade, da divindade em nosso interior. Eles ainda são céticos sobre tudo que leem sobre yoga, sobre o poder o pensamento e sobre a Lei da Atração.

Nesse livro, ele fala como as filosofias orientais se interessam pelo conhecimento místico eterno que se situa além do raciocínio e não pode ser adequadamente expresso em palavras.

Ele compreendeu que, não obstante as abordagens diferentes, existem semelhanças entre as concepções dos físicos e dos místicos. Ambos os métodos são inteiramente empíricos. Os físicos derivam seu conhecimento de experimentos; os místicos, de insights na meditação.

O místico olha para dentro e explora sua consciência em seus vários níveis, o que inclui o corpo como a manifestação física da mente. A experiência do corpo humano é de fato enfatizada em muitas tradições orientais, inclusive na Hatha Yoga. Essa experiência é vista como a chave para a experiência mística e transcendental no mundo.

Quando estamos sadios, não sentimos quaisquer partes isoladas em nosso corpo; estamos cônscios de que se trata de um todo integrado e essa consciência gera um sentimento de bem-estar e felicidade.

Em contraste com o espiritualista, o físico inicia sua pesquisa pelo estudo do mundo material . Assim ele se torna cônscio da unidade essencial de todas as coisas e eventos. Assim aprende que ele e a sua consciência são partes integrantes dessa unidade.

O místico se torna cônscio da totalidade do cosmos, que é experimentado como uma extensão de seu corpo. Desse modo, o místico e o físico chegam à mesma conclusão: o místico, a partir do reino interior; o físico a partir do mundo exterior.

A harmonia entre as visões da física confirma a antiga sabedoria indiana segundo a qual Brahman, a realidade última externa (Deus), é idêntica a Atman, (Ser interior), a realidade interior.

No livro O Tao da Física, Capra fala da importância da escrituras indianas como o Upanishad e do importante texto do Yoga: a Bhagavad Gita. Esse texto mostra a batalha espiritual na natureza humana, que é a batalha do guerreiro do yogue em busca da iluminação.

Se você quiser se aprofundar mais no estudo da Filosofia do Yoga, leia, contemple e estude o livro Bhagavad Gita, da Ed, Pensamento. Isso lhe ajudará muito, tanto na sua jornada interior, como nos conhecimentos desses sábios e elevados ensinamentos.

Segundo a Ciência do Yoga, todas as coisas e eventos que nos cercam nada mais são em sua grande variedade do que as manifestações diversas de uma mesma realidade última. Essa realidade chamada Brahmané o conceito unificador que confere ao yoga e ao Hinduísmo seu caráter monístico, não obstante parecer que existem deuses e deusas.

Brahman, Deus, a realidade última, é entendida no Yoga como sendo a essência interna de todas as coisas. Deus é infinito e está além de todos os conceitos. Não pode se apreendido pelo intelecto nem por palavras.

Os diversos aspectos do Divino receberam os nomes de deuses para maior compreensão da divindade, mas os textos sagrados yogues deixam bem claro que todos esses deuses são apenas reflexos da realidade única.

No Yoga, a manifestação de Deus, na alma humana é chamada de Atman. E essa alma individual, (Atman) está unida a Deus (Brahman, a realidade única).

O tema básico da Filosofia do Yoga é a criação do mundo pelo autossacrifício de Deus- “sacrifício” no sentido original de” fazer o sagrado” – pelo qual Deus se torna o mundo e no final o mundo novamente torna-se Deus. Essa atividade criativa do Divino é vista como o palco para essa peça divina. Daí surgiu as palavras: maya, (ilusão) e karma (ação e reação).

Mas maya, não significa que o mundo é uma ilusão, como erradamente se afirma com frequência. A ilusão, reside meramente em nosso ponto de vista, se pensarmos que as formas e estruturas, coisas e fatos existentes em torno de nós são realidades da natureza, em vez de percebermos que são apenas conceitos oriundos de nossas mentes materialistas voltadas para a medição e categorização.

O Yoga nos dá os instrumentos necessários para essa jornada espiritual, para conseguirmos a conexão com a realidade interior, nossa verdadeira essência, o Ser interior.

Para nos comunicarmos com Deus, precisamos de amor e devoção. Para sentir conexão direta com o Ser interior, precisamos aquietar e silenciar a mente. A verdadeira oração é através do silêncio. Portanto, a meditação e o canto dos mantras são meios essenciais para conseguir o silencio da mente e comunicação com Deus em nosso interior.

Pratique Hatha-yoga como se meditasse em cada postura, com concentração e relaxamento. Isso acalmará seu corpo e sua mente e lhe conduzirá a níveis profundos, onde sentirá paz e conexão com o Ser interior.

Medite regularmente e cante mantras e assim encontrará apoio interior para enfrentar os desafios, administrar os problemas, superar as dores físicas e dores da alma. Fique em paz! Namaste! Deus em mim saúda Deus em você!