Tenho medo de barata, verdadeiro pânico. O que faço?

Por Dr. Joel Rennó Jr.

"Já até me acidentei dentro de casa. Quando vejo uma barata, sinto calafrios e não gosto nem de pensar na hipótese de uma subir em cima de mim. O que eu posso fazer para me livrar desta fobia?"

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Resposta: Você tem um quadro de fobia simples ou específica. O tratamento envolve a psicoterapia comportamental, com técnicas de exposição gradativa ao estímulo temido. Inicialmente, a exposição pode ser feita através de fotos, vídeos, evoluindo para objetos de plástico e finalmente para o ser vivo. É importante que tal acompanhamento seja feito por um psicoterapeuta habilitado, que ensinará o paciente a controlar a ansiedade e o medo. Os resultados costumam ser razoavelmente rápidos e eficazes.

Uma pessoa que teve uma gestação conturbada pode apresentar insegurança na vida adulta?

Resposta: É um assunto ainda bastante controverso e polêmico em psicologia e psiquiatria. Não há comprovação científica, uma vez que vários fatores podem ser responsáveis pela estrutura de personalidade ou características de uma pessoa. Muitos autores falam na correlação entre eventos estressantes durante a gravidez e seqüelas psíquicas na vida do recém-nascido e da criança que, se não tratadas adequadamente, podem persistir na vida adulta.

Porém, a insegurança pode ser um traço de sua personalidade, correlacionada a fatores ambientais e vivenciais familiares durante a infância e adolescência. Crianças vítimas de violência ou maus tratos, educadas em ambientes rígidos e controladores, sem reforços positivos para a auto-estima, ou no pólo oposto, com liberdade irrestrita e sem "feedbacks" dos pais, podem se tornar inseguras. Em casos extremos, a insegurança pode ser um sintoma de algum distúrbio psiquiátrico como depressão ou fobia social. Tudo depende do nível de gravidade, do quanto tal insegurança permeia a vida de um indivíduo nos seus múltiplos aspectos.

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Qual medicamento é mais eficaz para o tratamento do transtorno bipolar do humor?

Resposta: Há vários medicamentos estabilizadores do humor, eficazes para o transtorno bipolar. Só mesmo o médico psiquiatra para decidir, após extensa avaliação clínica, o mais indicado para o paciente a ser tratado. A avaliação do transtorno bipolar do humor deve ser feita por especialista habilitado. Infelizmente, muitos diagnósticos corretos não acabam sendo realizados. Hoje, estima-se que cerca de 8,3% da população tenha transtorno bipolar, incluindo a forma leve da doença. Pode haver um perigo de um super diagnóstico, ou pelo contrário, em algumas situações o diagnóstico sequer é pensado. Em psiquiatria, como o diagnóstico é categorial, ou seja, pelos sinais e sintomas relatados, sem exames diagnósticos confirmatórios (laboratoriais ou de neuroimagem), deve-se ter muito cuidado na realização do mesmo. Às vezes, conforme o quadro clínico, tal diagnóstico é firmado após várias consultas psiquiátricas sucessivas. Outro fator é o estigma excessivo que tal diagnóstico ainda infere à vida do indivíduo. Isso precisa ser repensado por todos, há pacientes bipolares que só procuram o psiquiatra após cinco anos de evolução da doença, por conta de tais estigmas.