Amor e ódio realmente convivem num mesmo relacionamento?

por Anette Lewin

"O desprezo pode vir a se tornar amor? Estou confuso sobre as atitudes que alguém que nos ama deve ter. Quem ama maltrata, envergonha e expõe? Por que parece haver uma mistura de amor e ódio em alguns relacionamentos? É verdade que quando alguém nos odeia é por que no fundo nos ama?"

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Resposta: Nem sempre amor e ódio convivem; nem sempre quem odeia no fundo ama mas…sim, com bastante frequência esses dois sentimentos quando ocorrem intensamente podem se misturar.

A pessoa que ama, em geral tem expectativas com relação à pessoa amada. Ela espera, por exemplo, ser a mais bem tratada num grupo de pessoas, espera que as palavras dirigidas a ela sejam carinhosas, espera que num momento a dois suas vontades sejam atendidas. Porém… frustrações fazem parte de relacionamentos. E quando alguma dessas expectativas é frustrada, ela pode dar lugar a um sentimento de ódio muito grande.

Nesse caso o ódio está ligado a algo que se esperava e não foi concretizado; está ligado à desmistificação do ser amado. No fundo odeia-se a percepção que aquela pessoa que escolhemos não é tão perfeita assim.

Esse, portanto é um tipo de ódio diferente do que se sente quando alguém nos prejudicou de fato, sem nos conhecer ou ter algum papel importante em nossa vida. E, certamente esse segundo tipo de ódio nada tem a ver com o amor.

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Por outro lado, existem pessoas que são bastante cartesianas com relação aos seus afetos e não misturam sentimentos opostos. Ou pelo menos tentam não misturar. Amam intensamente e radicalmente e racionalizam as frustrações do dia a dia ora culpando-se por elas, ora jogando a culpa da frustração em terceiros para proteger a pessoa amada e jamais desmistificá-la.

Também não podemos esquecer de citar aquelas relações de amor que nascem de um profundo desprezo inicial. Os envolvidos se provocam, se machucam, se envolvem e depois…..se apaixonam, como em "A megera domada" de Shakespeare. Certo? Errado? Estranho? Nada disso, apenas diferentes formas de amar.

Embora, como foi dito, relações de amor e ódio existem e apresentam uma lógica em sua dinâmica, nada justifica que pessoas enamoradas exponham essas questões publicamente. Quando isso acontece, não podemos dizer que é por falta de amor mas sim por falta de cuidado. E descuido, na relação amorosa , é o veneno mais letal!

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Em geral, nessas situações de exposição pública desastrosa não existem vilões ou mocinhos(as); o casal já se machucou bastante na intimidade e não consegue mais evitar que as frustrações transbordem publicamente. Nessa hora é importante fazer uma reavaliação, uma terapia, enfim qualquer coisa que permita que a relação retome um rumo mais saudável.

Para evitar que o casal se machuque a ponto de destruir a matriz do amor impedindo não só a continuidade do relacionamento atual como também a formação de qualquer novo vínculo amoroso.