Sofre de insônia? Faça a higiene do sono

por Dr. Joel Rennó Jr.

Algumas dicas simples são válidas. É a chamada higiene do sono. Na persistência dos sintomas de insônia, você deve procurar um neurologista ou psiquiatra especializado em distúrbios do sono.

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Faça a higiene do sono:

– Não levar trabalho para o ambiente do seu quarto que deve estar escuro (por causa da secreção do hormônio melatonina), com temperatura adequada e sem ruídos;

– Não é aconselhável ficar assistindo TV ou trabalhando no computador dentro do quarto;

– Só vá para a cama quando realmente estiver com sono;

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– Exercícios físicos noturnos devem ser evitados (no máximo até às 18 horas);

– Evite alimentos noturnos mais ‘pesados’ ou refeições muito tarde (no máximo até às 20 horas);

– Evite líquidos (chá preto, coca-cola, café) que contenham cafeína;

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– Banhos mornos e nunca quentes antes de dormir;

– Técnicas de meditação e relaxamento, que podem ser aprendidas em núcleos especializados sérios, costumam ser auxiliares importantes na indução do sono reparador;

– Alguns fitoterápicos como a valeriana, melissa, passiflora e avenna sattiva (que devem ser prescritos por médicos) podem ser utilizados em quadros leves;

– Controle do impacto negativo do estresse que permeia a vida da pessoa. Quadros clínicos de ansiedade e depressão precisam ser tratados.

Não tenho dificuldade de pegar no sono, mas sempre acordo de madrugada e não durmo mais.
Um médico me receitou o STILNOX 10 mg. Detestei, pois continuei levantado de madrugada  e acordando com ressaca do remédio. O que o senhor me aconselha?

Resposta: Aconselho a fazer uma consulta com algum neurologista ou psiquiatra especialista em distúrbios do sono. É importante uma análise de vários fatores que podem ser responsáveis pelo quadro clínico descrito. Alterações de humor e ansiedade também podem ser responsáveis por quadros de insônia, conforme essa sua descrição. O uso de Stilnox, nesta situação citada, parece-me improdutivo e incorreto.

O Stilnox é o zolpidem, um hipnótico (medicação usada para induzir ao sono) do grupo das imidazopiridinas. A dose recomendada varia entre 5 e 10mg (1/2 a 1 comp). O zolpidem induz rapidamente ao sono, levando de 30 minutos a duas horas o pico máximo, mas o efeito indutor do sono é sentido antes disso. Seu tempo de eliminação é de duas horas, em pessoas com insuficiência hepática esse tempo fica aumentado. Deve-se preferencialmente ser administrado em jejum de duas horas, para maximizar seu efeito. Pessoas acima de 65 anos de idade é recomendável inicialmente 1/2 comp. Raramente essa medicação induz a algum grau de dependência, não havendo problemas em sua retirada. Nos casos em que os usuários ainda tenham insônia, a retirada deverá provocar insônia rebote.

Os efeitos colaterais mais comuns são amnésia anterógrada (amnésia para os eventos ocorridos após a tomada da medicação). incoordenação motora, diarréia, diminuição dos reflexos, fadiga, tonteiras. Essa medicação pode ser usada tanto para os casos de insônia eventual como as crônicas, pois não tende a perder o efeito após dois meses de uso.

Tenho um vizinho que tem uns passarinhos barulhentos que me acordam todo dia às cinco e quinze da manhã.
Comecei a colocar de madrugada aqueles protetores auriculares, funcionou, mas achei os mesmos desconfortáveis. Com medo de ter problema de audição resolvi não usá-los. Mas aí fiquei ansioso antes de deitar e já estou até acordando antes dos passarinhos, mas fico cansado. O que o senhor me aconselha, já que também não consigo me adaptar ao Stilnox, pois fico de ressaca e continuo levantando de madrugada. Posso continuar usando os protetores, já que os mesmos diminuem minha ansiedade?

Resposta: Esta é uma situação atípica, puramente comportamental. Algumas técnicas de relaxamento e meditação costumam ser eficazes para diminuição de ansiedade leve. O Stilnox, amplamente utilizado para alguns distúrbios de insônia, não é uma boa indicação dentro do contexto de insônia relatado por você. Quanto aos protetores de ouvido, podem ser utilizados. Vale a pena consultar um otorrinolaringologista ou loja especializada em artigos médicos para, quem sabe, buscar algum protetor que não machuque externamente a sua orelha.

Atenção!
As respostas desta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um profissional de psiquiatria e não se caracterizam como sendo um atendimento.