Naturopatia: guia supercompleto para tratar da pressão alta

por Gilberto Coutinho

A hipertensão arterial, ou pressão sanguínea alta, é uma doença cardiovascular e pode ser definida como uma elevação da pressão sanguínea acima de 150 (sistólica, máxima) e 100 (diastólica, mínima) mm de Hg (mercúrio).

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O “esfigmomanômetro”, aparelho utilizado para medir a pressão arterial, constitui-se de uma braçadeira inflável ligada a um manômetro. Os valores obtidos através desse aparelho podem variar no decorrer do dia, portanto uma única leitura da pressão arterial não é suficiente para se fazer o diagnóstico da hipertensão.
Uma vez que esse mal se encontra relacionado a um aumento da doença cardiovascular e ao óbito, a monitoração da pressão sanguínea oferece um auxílio diagnóstico e prognóstico não agressivo, praticamente sem custos e de grande valor.

São diversas as causas para o surgimento dessa doença: hereditariedade, estresse decorrente da vida moderna, hábitos alimentares errôneos (consumo excessivo de sal e gorduras saturadas), tabagismo, alcoolismo, entre outras.

Para a Medicina Indiana Ayurveda, a hipertensão é uma desordem que envolve o desequilíbrio dos três doshas (Vata, Pitta e Kapha). Para o tipo Vata, ansiedade, preocupações, estresse e tensão constituem os fatores principais. Para o tipo Pitta, raiva, rancor e ciúme também contribuem para desencadear um quadro de hipertensão.

É dividida em duas categorias principais:

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Hipertensão primária ou essencial – (cerca de 90% dos casos diagnosticados; sua causa ainda é desconhecida). Existe um número considerável de pesquisas que revelam que uma variedade de fatores genéticos, nutricionais e ambientais é responsável por essa condição. A hipertensão momentânea, que se reduz espontaneamente, em geral, é ocasionada por fatores emocionais (ansiedade, nervosismo e medo), estresse e, consequentemente, tensão.

Hipertensão secundária ou maligna – (pressão alta típica e constante, cerca de 10% dos casos; é secundária a uma outra doença; envolve afecção (doença) dos rins (nefropatia); doenças do coração e endocrinológicas; arteriosclerose (afecções caracterizadas por um espessamento e um endurecimento das paredes arteriais, englobando também o depósito de placas de colesterol sobre a parede interna das artérias); retenção de sal e água no organismo; obesidade; disfunção do cérebro; e alguns tumores). Os fatores comportamentais, estresse, psicológicos e emocionais desempenham um papel importante para ambos os tipos.

Estima-se que a população negra sofra mais de hipertensão do que a população branca.

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Alguns fatores desfavoráveis à hipertensão

• Raízes raciais negras.

• Juventude.

• Sexo masculino.

• Tabagismo.

• Alcoolismo.

• Estresse.

• Pressão sanguínea diastólica persistente acima de 115 mm Hg.

• Obesidade.

• Diabetes mellitus.

• Níveis elevados de colesterol sanguíneo.

• Cardiomegalia (aumento do volume do coração), anormalidades do ECG (eletrocardiograma) e insuficiência cardíaca congestiva.

Os homens com pressão diastólica normal (menos de 82 mm Hg), mas com pressão sistólica elevada (acima de 158 mm Hg), têm predisposição duas vezes maior de sofrer de óbito cardiovascular em relação àqueles que apresentam pressão sistólica normal (abaixo de 130 mm Hg).

As medicações anti-hipertensivas encontram-se entre as drogas mais prescritas e vendidas. O tratamento à base de medicamentos alopáticos envolve o uso de diuréticos e/ou agentes bloqueadores beta-adrenérgicos, no entanto apresentam diversos efeitos colaterais.

Possíveis causas da hipertensão

• Hábitos dietéticos errôneos.

• Obesidade – alcançar o peso corporal ideal é obrigatório no combate à hipertensão. A redução do peso corporal deve ser o primeiro objetivo terapêutico para diminuir-se a pressão sanguínea em obesos.

• Estilo de vida – sedentarismo, estresse, tabagismo, bebidas alcoólicas e o consumo excessivo de café.

• Cafeína – sob tensão e estresse, a ingestão de cafeína pode ser prejudicial, contribuindo para aumentar a pressão arterial.

• Álcool – mesmo quantidades moderadas de álcool podem ocasionar hipertensão aguda, devido à maior secreção de adrenalina.

• Tabagismo – a resposta hipertensiva à nicotina é devida à estimulação da glândula adrenal, que promove uma maior secreção de adrenalina.

• Estresse e problemas emocionais. As técnicas de relaxamento neuropsíquico e muscular, meditação yogue, yoga, acupuntura tradicional chinesa e abhyanga (terapia de massagem indiana ayurveda) apresentam propriedades terapêuticas que muito podem auxiliar na prevenção e no combate efetivo da hipertensão.

• Sedentarismo.

• Intoxicação orgânica por metais pesados (níveis elevados de chumbo no sangue foram encontrados em um número significante de hipertensos. Também se comprovou que o cádmio (metal pesado presente no cigarro) provoca hipertensão. Os fumantes apresentam níveis baixos de vitamina C no organismo, e de cádmio muito mais elevados.

Tratamento

A automedicação é um hábito comum, mas que pode ser muito perigoso. Segundo a “Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)”, estima-se que, no Brasil, essa prática seja responsável por cerca de 30% dos casos de intoxicação. Além desse problema, utilizar medicamentos por conta própria pode causar dependência, efeitos colaterais graves, reações alérgicas e até morte.

O tratamento naturopático muito pode beneficiar as pessoas que sofrem de hipertensão arterial. É preciso, no entanto, combater-se a automedicação e somente fazer-se uso de remédios e medicamentos sob a orientação e a prescrição de um profissional da área de saúde, no consultório.

Dieta – deve ser rica em alimentos que contenham muito potássio (vegetais e frutas: aspargo, abacate, cenoura crua, milho, feijão cozido, batata, espinafre cozido, tomate cru, maçã, abricó seco, banana, melão, laranja, pêssego, ameixa e morango) e ácidos graxos essenciais (ômega-3 e 6).

O consumo diário de potássio (poderoso metal alcalino contra hipertensão) deve totalizar 7 gramas por dia. Deve ser pobre em gordura saturada, açúcar e sal de cozinha. Uma dieta basicamente vegetariana e rica em fibras (principalmente as das frutas) deve ser adotada.

O consumo excessivo de cloreto de sódio (sal de cozinha) na dieta, associado a uma ingestão menor de potássio dietético pode ocasionar um aumento de retenção de água no organismo e prejudicar os mecanismos reguladores da pressão sanguínea. É aconselhável substituir o cloreto de sódio por cloreto de potássio. O sódio pode provocar danos nos vasos sanguíneos cerebrais e derrames (AVC).

A dieta vegetariana contém mais potássio, carboidratos complexos, gordura poliinsaturada (considerada saudável), fibras (farelo de aveia, pectina da maçã, sementes de Plantago psyllium L., etc.), cálcio, vitamina A e C (hipertensão arterial e derrame são mais comuns entre pessoas que consomem menor quantidade dessa vitamina), e magnésio, que podem auxiliar no combate da hipertensão arterial. Deve-se evitar o consumo de açúcar, pois ele promove maior retenção de sódio no organismo e aumenta a produção de adrenalina, o que ocasiona vasoconstrição.

Alimentos que podem baixar a pressão arterial: aipo (recomenda-se comer ou tomar o suco concentrado de dois talos frescos de aipo por dia durante uma semana); alho (um estudo da “Universidade Oeste Virgínia” – Estados Unidos, concluiu que temperar diariamente os alimentos com alho contribui para diminuir o risco de câncer de bexiga; segundo os pesquisadores, o alho fortalece o sistema imunológico, levando-o a destruir as células cancerígenas), cebola (rica em adenosina, um relaxante muscular) e cebolinha (Allium fistulosum, esses três temperos são da família das alliaceas, gênero Allium; apresentam compostos sulfurados – enxofre –, úteis ao sistema imunológico; no fígado, estimulam enzimas responsáveis pela desintoxicação do organismo; combatem microrganismos patogênicos nos intestinos; já os metais antioxidantes neles presentes auxiliam o sistema imunológico; e o potássio ajuda a reduzir a pressão arterial); peixes gordos (salmão, cavalinha, arenque, sardinha e atum, ricos em ácidos graxos ômega-3; recomenda-se o consumo de três porções de peixe por semana para combater a hipertensão), frutas, vegetais, azeite de oliva, alimentos ricos em cálcio e potássio.

Temperos que podem ser usados – alecrim, alho, alho-poró, cebola, salsa, cebolinha, coentro, orégano, louro, manjericão, páprica, urucum, salsão, limão e pimentão.

Temperos e alimentos que dever ser evitados – sal de alho, aipo e cebola; extrato de carne; fermento em pó; ketchup; mostarda em pó; glutamato monossódico; molhos prontos; bolachas de água e sal; salgadinhos empacotados; carnes em conservas; embutidos; bacalhau; carne seca; azeitonas; mostarda; enlatados (ervilhas, cenoura, palmito, tomate, repolho, etc.); misturas prontas para bolos; pastéis; tortas; e queijos.

Considerações nutricionais – cálcio (couve, brócolis, nabo, sardinha e salmão); ácidos graxos essenciais (ômega-3; o ácido linoléico, encontrado nos óleos vegetais, apresenta uma ação hipotensiva; o uso de aspirina neutraliza o efeito desses óleos); coenzima Q10; vitamina A, C e E; complexo B; bioflavonóides; zinco; complexo enzimático (concentrado com protease, lípase, amilase e lactase); lactobacilos acidófilos e sementes douradas de linhaça.

Remédios botânicos – extrato seco de alho (Allium sativum); cebola (Allium cepa L.); Taraxacum officinale (Dente-de-leão; diurético, desintoxicante, levemente laxante sem irritar a mucosa dos intestinos, depurativo do sangue e fonte vegetal de iodo); Crataegus monogyna; Humulus lupulus (Lúpulo; efeito tônico e diurético); Viscum album (em formulação homeopática D4); Valeriana officinalis; Centella asiatica; Passiflora incarnata (Maracujá); Sarpagandha (Rauwolfia serpentina); Jatamansi (Nardostachys jatamansi); Salsaparrilha (Smilax spp; sudorífica, dedepurativa, diurética, antiinflamatória e anti-reumática); Guggulu (Balsamodendron mukul); e Arjuna (Terminalia arjuna).