Benefícios da suplementação nutricional com lactobacilos

por Gilberto Coutinho

Os lactobacilos (lactobacillus) são bactérias (bacilos Gram-positivos anaeróbios) que se alimentam de matérias orgânicas inertes (saprófitas) e inofensivas que vivem no trato intestinal e constituem a flora bacteriana digestiva dos mamíferos, inclusive a do homem.

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Existem diversos micro-organismos inofensivos que habitam os intestinos e que são extremamente úteis e indispensáveis à manutenção do seu bom funcionamento fisiológico e do bom estado geral de saúde do organismo.

Quando a flora de tais micro-organismos torna-se bastante reduzida, pode ser substituída por bactérias prejudiciais à saúde. Dentre os micro-organismos úteis e inofensivos, encontram-se: lactobacilos acidófilos, lactobacilos bifidus, alcaligenes sp, bacillus lentisporus, Saccharomyces boulardii (gênero de levedura proveniente de frutas, com ação terapêutica semelhante à dos lactobacilos, com maior resistência aos antibióticos, impedem a infestação de germens potencialmente patológicos) e Escherichia coli não patogênica. Entre os mais estudados, encontram-se os lactobacilos acidófilos, dos quais existem vários tipos, sendo os mais comuns o acidophilus, o brevis, o plantarum e o bulgaricus, capazes de produzirem princípios ativos de ação antibiótica, tais como lactacidina (acidophilus), acidofilina, lactobicina (brevis), lactobicina (plantarum) e bulgarina (bulgaricus).

Os lactobacilos não combatem diretamente os micro-organismos prejudiciais à saúde e que vivem nos intestinos, mas contribuem para reduzir a sua proliferação através de seus “antibióticos” naturais e, principalmente, pela competição por nutrientes. Como esses são inúmeros e se reproduzem rapidamente, não permitem que sobrem muitos nutrientes para os demais micro-organismos causadores de infecções e doenças.

A suplementação nutricional de lactobacilos funciona como um tratamento naturopático inteligente e eficaz na prevenção e no combate de diversas enfermidades, sem o risco de agredir ou intoxicar o organismo; por tal razão, a naturopatia vê com bons olhos o seu emprego terapêutico. Por protegerem a flora intestinal, a suplementação terapêutica de lactobacilos acidófilos deve ser sempre recomendada durante e após tratamentos à base de antibióticos de amplo espectro (antibioticoterapia) por via oral e, também, na prevenção e no combate da candidíase e vaginite infecciosa causada por Candida albicans.

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Os lactobacilos acidophilus também se encontram presentes na flora vaginal normal. Esses são constituintes importantes da flora normal da vagina. O ácido lático, produto de seu metabolismo, auxilia a manter o pH baixo do trato genital da mulher adulta. Esses micro-organismos raramente provocam doenças.

Quando no organismo ocorre um desequilíbrio na proporção entre bactérias saprófitas e patológicas (causadoras de doenças), manifesta-se um estado conhecido como disbiose. Os agentes capazes de combater tal desequilíbrio são denominados probióticos (o contrário de antibióticos). Como explicado anteriormente, os probióticos mais comumente utilizados na terapêutica são os lactobacilos, tanto os da espécie Lactobacillus acidophilus quanto os Lactobacillus bifidus, ambos encontrados em grande quantidade no iogurte.

A presença de lactobacilos acidófilos nos intestinos melhora a imunidade, a absorção de diversos nutrientes e a digestão de certos alimentos; contribui para a produção de enzimas e de vitaminas (como as do complexo B e a vitamina K); diminui a alergia alimentar, os distúrbios gastrintestinais, a formação de gases, a produção de radicais livres nas fezes, o colesterol e os triglicerídeos do sangue, o mau hálito, a formação de nitritos e a predisposição ao câncer do cólon; impede a proliferação de bactérias e fungos causadores de doenças; auxilia no combate de diarréias agudas e crônicas (o restabelecimento da flora microbiana intestinal é de extrema importância no combate da diarreia), alergias, das imunodeficiências (inclusive, como auxílio no combate da AIDS), das infestações intestinais e vaginais por Candida albicans, do herpes simples e das deficiências enzimáticas do sistema digestivo.

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Os lactobacilos são benéficos por diversas razões: atuam como antibacterianos (contra diversos estafilococos, estreptococos, salmonela, Escherichia coli e shigella), antifúngicos, antivirais e constituem uma parte do peso seco das fezes. Os lactobacilos acidófilos também inibem uma enzima bacteriana fecal que converte o estrógeno (hormônio que afeta as características femininas) em formas mais tóxicas e diminuem a reabsorção do estrógeno desintoxicado excretado, sendo o seu emprego terapêutico também recomendado no combate da síndrome pré-menstrual.

Na naturopatia, quadros de candidíase vaginal são também combatidos com banhos de assento (da genitália externa) com soluções ricas em lactobacilos acidófilos, além, evidentemente, das orientações dietéticas, prescrições de suplementos nutricionais, de remédios botânicos (que estimulam a imunidade), de lactobacillus acidophilus e tratamentos tópicos.

Certas cepas são utilizadas para a fabricação de iogurte. Os lactobacilos acidófilos podem ser obtidos pelo consumo regular de iogurte e coalhada caseiros, preparados por inoculação de fermentos apropriados à base de lactobacilos. É necessário verificar o rótulo do produto, pois a maioria dos iogurtes não utiliza lactobacilos. Até mesmo aquelas pessoas com deficiência da enzima que auxilia na digestão do açúcar do leite (lactase), podem tolerar bem o consumo do iogurte. Tais lactobacilos podem ser encontrados sob a forma liofilizada (nesse caso, o produto deve ser mantido sob refrigeração), em pó ou em cápsulas, nas farmácias comuns ou de manipulação.

Evite a automedicação

A automedicação é um hábito muito perigoso. Segundo a “Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)”, estima-se que, no Brasil, essa prática seja responsável por cerca de 30% dos casos de intoxicação. Além desse problema, utilizar medicamentos por conta própria pode causar dependência, efeitos colaterais graves, reações alérgicas e até morte. Por isso, é preciso combater a automedicação e somente fazer uso de remédios e medicamentos sob a orientação e a prescrição de um profissional da área de saúde, após uma minuciosa avaliação clínica.