Cinco linguagens do amor que podem prejudicar seu relacionamento

por Arlete Gavranic

Ao ler o livro de *Gary Chapman As Cinco Linguagens do Amor, pensei em avaliá-lo no sentido de como essas linguagens podem ajudar ou prejudicar os relacionamentos, dependendo de como são vivenciadas. Essas linguagens são as seguintes:

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1ª) Palavras de afirmação;
2ª) Tempo de qualidade;
3ª) Presentes;
4ª) Atos de serviços;
5ª) Toque físico.

1. Palavras de afirmação – dificuldade de ouvir e de falar afetivamente

Segundo Gary Chapman, muitos parceiros têm algum potencial não aproveitado em uma ou mais áreas da vida, que ele pode desenvolver através de um curso, de uma parceria profissional bem-sucedida e talvez falte a ele palavras encorajadoras vindas de sua parceira.

Isso me chama muito atenção, pois uma das principais queixas que vejo no consultório, é a falta de apoio e companheirismo, mas principalmente a dificuldade de ouvir e de falar afetivamente. As pessoas se elogiam pouco, aliás, com o passar do tempo, parecem perder o olhar cuidadoso e carinhoso de olhar para as qualidades, para os potenciais do outro, e só falam se for para criticar.

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Observe ao seu lado, os casais se criticam mutuamente, muitos falam em tom alterado de voz e outros infelizmente chegam até a xingar: "seu burro";"sua incompetente";"seu pau mandado"…

Até para fazer críticas – que possam ser importantes para o crescimento e mudança do outro – é importante saber falar com afeto (de querer bem), pois o que é dito vai ser captado e internalizado com o tom afetivo que vier. Uma dica carinhosa importante de ser pensada ou, uma crítica agressiva ou jocosa da qual não vale a pena pensar ou, pior ainda, que cause raiva e faça o outro ficar na defensiva ou até querer fazer o contrário.

2. Tempo de qualidade falta tempo de dedicação plena ao outro

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O uso da expressão "tempo de qualidade", para Gary significa dar atenção completa a alguém.

Que coisa complicada nos dias de hoje! As pessoas correm, fazem muitas coisas e, quando estão juntas, ou é para assistir à TV ir ao teatro ou ao cinema, ou sentam para comer juntas, mas com smartphone/iPhone /tablet a tiracolo. Tempo de qualidade é tempo de dedicação integral, mútua! É o momento de se sentar juntos, de passear juntos, de estar efetiva e afetivamente juntos, olho no olho!

Ninguém está falando que isso deva ocorrer em tempo integral, mas o problema dos relacionamentos atuais é exatamente que isso não acontece! Estamos sedentos de atenção e informação, mas estamos viciados em tecnologia, e aí perdemos o hábito de olhar nos olhos, de ouvir, de conversar com nosso parceiro e até com filhos.

Dedicar atenção ao outro com coração aberto (sem Facebook e jogos online) com disponibilidade plena para alimentar essa sensação de se sentir amado. Será que perdemos de fato o romantismo, o interesse no outro ou estamos tecnologicamente viciados em ver, ler, jogar e estamos sem querer anestesiando nossa capacidade de sentir e expressar afeto?

3. Presentes – pessoas materializam o amor e vinculam o valor do presente ao valor financeiro

Vamos mexer num tema difícil para uma sociedade consumista. Para Gary, "Um presente é algo que você pode segurar nas mãos e dizer: "Olhe, ele estava pensando em mim", ou "Ela se lembrou de mim".

Essa é uma verdade difícil para muitos, primeiro porque entendemos que quando não somos presenteados é, de verdade, por que não fomos lembrados. É preciso pensar em alguém para presentear. O presente em si é um símbolo desse pensamento. Nas relações isso pode ser simbolizado de inúmeras formas: posso fazer um doce que você gosta; posso comprar um pirulito ou um pingente (que pode ser de bijuteria ou de uma pedra preciosa) com formato de coração. Posso comprar uma flor linda ou roubar uma do jardim, posso trazer um bombom pra comer ao lado de quem amo. Não é o valor em dinheiro, mas o pensamento expresso pelo presente oferecido como expressão de amor.

Gary diz que: "O presente é um símbolo visual do amor e os símbolos possuem valor emocional. Sem os presentes como símbolos visuais, talvez eu questione o amor do meu parceiro".

O problema da nossa sociedade é que materializamos demais. Para um casal que está iniciando um relacionamento, flores ou bombons podem ser lindos, mas as pessoas criam expectativas de que com tempo virão roupas, a grife, as joias, o tablet, viagens etc. E muitas vezes não valorizam o carinho envolvido, o investimento afetivo nesse pensamento e demonstração de querer bem.

Aliás, materializamos demais o amor, algumas pessoas chegam a confundir… Afinal, gosto dessa pessoa ou do que ela me proporciona?

Dois comportamentos perigosos: não presentear, pois demonstra não pensar, ou esperar demais, esperar o valor financeiro sem nem sempre enxergar o afetivo.

No próximo texto abordarei as outras duas linguagens do amor. Até lá!

*Gary Chapman: é escritor e possui doutorado em Filosofia.