Meditação no neoxamanismo

por Carminha Levy

Quem não tem seus talismãs pessoais? Um símbolo religioso, fotografia de pessoas amadas ou até mesmo um raro trevo de quatro folhas? Essa necessidade de termos um objeto protetor remonta aos primórdios da humanidade, quando o xamã comungava com a natureza e ensinava a sua tribo o poder do fogo, terra, água e ar que por serem vivos, possuíam uma essência igual a dos humanos.

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Os animais também ofereciam materialmente esta energia protetora. Isso está provado pelas pinturas rupestres – gravado na rocha – das grutas de Lascaus na França, que nos revela uma figura de um xamã totalmente vestido até a cabeça com a pele e chifres de um veado. 

Ainda índios ornam seus corpos com plumagens e pedaços de pele de animais. Essas ainda ajudam a caracterizar a ‘persona’ dos neoxamãs. As pinturas corporais usadas pelos índios fazem parte desta memória do nosso xamã interno, como também o modismo do homem moderno ao tatuar seus corpos com figuras de animais ou símbolos variados – sempre em busca de proteção e poder.

Força oculta

Mas qual é a força oculta, além da sabedoria do Inconsciente Coletivo, que mantém tão atual esta necessidade de se deslocarem as forças dos elementos, animais, estrelas, sol, lua e planetas, etc… para um pequeno talismã pessoal? Esta força é o Mana (ou energia prânica) que de acordo com uma das mais arcaicas sabedorias xamânicas (a Huna), existe em todos os seres animados e inanimados;  permeando todas as coisas e podendo ser transferida de uma pessoa para um objeto e vice-versa.

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Esta energia poderosíssima, o Mana, pode ser aumentada com exercícios respiratórios específicos, tendo uma intenção clara e sendo usada a nosso favor.

Os Kahunas (detentores da sabedoria Huna) provêm do continente Mu que presumivelmente afundou, bem antes de Atlântida, no oceano Pacífico. Os ensinamentos e segredos dos Kahunas permaneceram no Havaí só revelados secretamente aos iniciados. Mas esta sabedoria, da qual se originou a neurolingüística, ultrapassou as fronteiras e chegou até nós através de livros, workshops, treinamentos, etc.

Nos dias atuais como xamã urbano, Serge King, havaiano descendente de Kahunas é atualmente o mais representativo divulgador destas técnicas em cursos, vivências ou através do seu livro “Urban Shaman” – Ed. Simon and Schuster 1990.

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Aqui no Brasil temos um número forte de seguidores Kahuna e tive o privilégio de estudar a sabedoria Huna através de um dos seus mais brilhantes representantes: O Mestre Ademar Eugênio de Mello, que já tendo efetuado a sua passagem, hoje brilha como a luz de uma estrela-mestra.

Três ‘Eus’

Em linhas gerais o Xamanismo Kahuna nos ensina que há três Eus: O Eu Superior – a Mente Criativa, O Eu Médio – a Mente Diretora e o Eu Básico – a Mente Ativa.

O Eu Superior é a parte do Ser que tem mais conhecimento direto de Deus ou Mente Universal. Sua função essencial é fornecer conhecimento e atuar como uma espécie de agente de Deus na criação da experiência individual, usando padrões de pensamento do indivíduo. O Eu Superior sabe todas as respostas, mas tem a curiosa peculiaridade de jamais interferir no livre-arbítrio pessoal precisando ser invocado para atuar.

O Eu Médio é também chamado de Ego, mente consciente, intelecto, mas estes termos não descrevem de maneira adequada a sua função. Sua tarefa é captar informações em estado bruto, proveniente das sensações e dos sentimentos e atribuir-lhes significado, organizar estas informações sob forma de imagens, idéias com as quais o Eu Superior possa trabalhar e dar ordens ao Eu Básico. As duas últimas funções são da maior importância para a qualidade de experiência de vida.

Podemos dizer que o Eu Superior produz eventos e circunstâncias, enquanto que o Eu Básico gera as respostas comportamentais, ambas, contudo, fazem sua tarefa de acordo com o ‘plano de ação’ (imagens, idéias, ordens do Eu Médio), portanto você é a Fonte de sua experiência.

O Eu Básico está no controle de todas as funções do corpo tais como: comportamento físico e suas ações, distribuição do suprimento de energia  (inclusive emoções), etc. Pode ser considerada ‘corpo-mente’. Sua função mais básica é executar ordens, agir e reagir em vez de pensar, no sentido usual da palavra. Ela é fonte de informações da memória. Quanto mais nos tornamos amigos da nossa Mente Ativa – o Eu Básico – mais positivamente ela trabalhará para nós. Não é o nosso subconsciente e sim mais que isso.

Vale salientar que no contexto que queremos do objeto de poder a noção mais importante é o MANA. Jung já dizia, ao ensinar sobre sonhos que mesmo que o sonhador não saiba decifrar o significado do sonho, ele ao ser lembrado já realiza sua função curativa. Podemos usar este mesmo raciocínio em relação ao MANA e a transmissão de energia e poder através dos talismãs.

Quando encontramos um belo cristal que nos chama a atenção o Mana dele está sendo dirigido a nós. Você pode ao obtê-lo estar recebendo inconscientemente a energia. Mas se você é consciente do Mana, poderá interagir com o cristal e criar um objeto de poder – programando-o para protegê-lo em todos os sentidos. Há bons livros que ensinam a usar as pedras .  “O Caminho das Pedran “ de Antônio Duncan é um deles.

O mesmo ocorre com os animais. Você deve adquirir fotos ou miniaturas deles, usar roupas que os faça ser lembrados (estampas de oncinha, por exemplo) penas em brincos, colares, etc.

O elemento do seu signo astrológico também pode ser acionado e reverenciado como objeto de poder: manter uma foto do fogo ou mesmo uma estética lamparina acesa no seu local de trabalho ou de meditação. Uma fonte para a água, uma plantinha para a terra, incensos para o ar… mas tudo tem que ser feito com a intenção clara de criar poder e receber proteção, do seu objeto de poder através do MANA.

Isso deve ser feito por uma respiração sincronizada: inspira-se em quatro tempos, segura-se também em quatro e expira também em quatro. Repetir quatro vezes com a atenção voltada para o objeto e a interconexão entre você e ele: troca de energia e proteção mútua. Tudo na Natureza necessita ser cuidado e reverenciado por nós. É uma via de duas mãos, enquanto reverencio e agradeço estou alimentando a energia que retorna para nós na forma do poderoso Mana protetor.  

Prática

Para que você possa desenvolver o poder de usar o Mana não só para obter objetos de poder, mas também ampliar sua consciência e capacidade de transformar magicamente sua vida, ofereco-lhe como prática meditativa os

Sete Princípios Kahunas e os seus *corolários
                                       
Sete princípios Kahunas

1° Princípio: O mundo é o que você pensa que ele é

            1° corolário: Tudo é sonho
            2° corolário: Todos os sistemas são arbitrários

2° Princípio: Não há limites

           1° corolário: Tudo é conectado
           2° corolário: Qualquer coisa é possível
           3° corolário: Separação é uma ilusão útil

3° Princípio: A energia flui aonde a atenção vai

           1° corolário: A atenção vai onde a energia flui
           2° corolário: Tudo é energia

4° Princípio: O momento de poder é agora

           1° corolário: Tudo é relativo
           2° corolário: O poder aumenta com a atenção sensorial

5° Princípio: Amar é ser luz (Alorah)

           1° corolário: O amor aumenta à medida que o julgamento diminui
           2° corolário: Tudo está vivo, consciente, responsivo – que responde

6° Princípio: Todo o poder vem de dentro

           1° corolário: Tudo tem poder
           2° corolário: O poder vem da autoridade interna

7° Princípio: A eficácia é a medida da verdade

          1° corolário: Há sempre um outro jeito de fazer as coisas.

Após estudar sobre estes sábios e práticos princípios, escolha um por dia para meditação de dez minutos e preste atenção durante o dia a todo e qualquer evento sincrônico que surja.

Comece no domingo com o primeiro princípio e você irá gradativamente desenvolvendo o seu grande objeto de Poder que é VOCÊ!

 *Corolário:     proposição que deriva, em um encadeamento dedutivo, de uma asserção precedente, produzindo um acréscimo de conhecimento por meio da explicitação de aspectos que, no enunciado anterior, se mantinham latentes ou obscuros.

Fonte Dicionário Houaiss