Meu marido é agressivo, intolerante e intratável. O que faço?

por Anette Lewin

"Agora que ele perdeu o emprego, ficou pior. Grita, me insulta, joga a culpa de tudo em mim. Não aguento mais, pedi a separação e ele não quer dar."

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Resposta: Perder o emprego, no momento atual, é uma situação pela qual muita gente está passando. E, certamente, essa perda leva a comportamentos de ansiedade, irritabilidade, insegurança etc. Você relata que acaba sendo depositária dessa frustração de seu marido.

Por que será que ao invés de buscar apoio em você, num momento tão difícil, ele a ataca? Você já parou para pensar nisso?

Vamos tentar avaliar a sua postura, uma vez que é você quem escreve. Culpar os outros por nossos problemas certamente não é uma atitude louvável. Mas será que você está dando a ele o "ombro amigo" do qual ele precisa nesse momento? E do qual eventualmente precisou no passado? Pelo que você escreve, frente a essa situação, sua atitude foi pedir a separação, que "ele não quer dar".

Coloco "não quer dar" entre aspas, pois essa expressão pode sinalizar a forma como você vê seu vínculo com ele. Ele está aí para "dar" coisas a você. Será que é assim que deve ser um vínculo entre pessoas adultas? Ou os envolvidos em uma relação amorosa devem participar em conjunto das decisões e do provento das necessidades afetivas de ambos?

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Pontos para reflexão:

– Veja se o que você espera que ele dê a você não o coloca numa situação difícil e ele, como defesa, acaba atacando você;

– Pense em qual é sua colaboração afetiva nessa relação;

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– Avalie se a balança de vocês está em equilibrio e o que você pode dar na relação pesa tanto quanto o que quer receber;

– Faça uma autocrítica e reavalie sua decepção. Ela tem realmente fundamento? Seu marido mudou ou ele sempre foi agressivo e intolerante? Como você lidou com essas características dele?

– Existem aspectos positivos que ainda persistem ou só restaram os negativos?

Enfim, essa é a hora de você fazer uma análise profunda de sua relação como um todo e tentar entender se vale a pena continuar nela.

Se achar que vale, tente assumir uma postura mais colaborativa principalmente nesse momento de desemprego, tão difícil para ambos. Converse sobre o problema, ajude-o a procurar um novo trabalho, ouça-o em suas angústias e, principalmente, esteja por perto, mesmo que não tenha muito o que dizer. É um jeito de participar e ajudá-lo a enfrentar esse momento complicado.

Se, porém, acredita que o casamento acabou, fica a seu critério o momento certo para comunicar sua decisão a ele. Talvez essa não seja a melhor hora, a não ser que a convivência esteja absolutamente insuportável para você. Se isso ocorrer, lembre-se que não é ele que vai "dar" a separação nem é você que vai " pedir". Os dois terão que conversar, colocar seus pontos de vista e tentar uma separação amigável. Caso não seja possível, lembre-se que uma separação litigiosa é, em geral, bem pesada e angustiante, mas está no seu direito. Você não é obrigada a "pedir"para ninguém.

Certamente você está passando por uma situação em que sua ideia sobre relacionamento amoroso será revista. Aproveite esse momento para tentar entender melhor quais são suas expectativas na vida a dois e, principalmente, qual sua participação no andamento desse tipo de parceria. Em geral, o que se investe é o que se recebe. Se você cuidar, terá mais chances de ser cuidada.