Medicina ecológica: a medicina que valoriza a alimentação e a digestão

por Alex Botsaris

Ecomedicina ou medicina ecológica é um movimento que vem surgindo nos Estados Unidos e Europa desde a década de 90. Entretanto, é possível encontrar suas raízes desde 1965, quando foi fundada a Academia Americana de Medicina Ambiental, justamente para entender melhor o impacto do meio ambiente na saúde.

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Situada em Wichita no estado do Kansas, ela oferece até hoje cursos de especialização nessa área. Entretanto segundo o médico norte-americano Andrew Weil, esse movimento cresceu mesmo a partir da década de 90, quando a consciência ambiental começou a aumentar em todo o mundo.

Medicina ecológica

A medicina ecológica parte do princípio que a saúde humana só pode ser entendida a partir da sua avaliação de um contexto que considere o ambiente onde o ser humano vive. Após o controle de muitas doenças endêmicas com medidas sanitárias e com a urbanização, os setores conservadores da medicina consideraram que as questões da saúde ligadas ao meio ambiente estavam resolvidas. Entretanto, o novo ambiente urbano trouxe novos riscos e fontes de doença aos seres humanos. Questões como a poluição, a contaminação de alimentos por resíduos químicos, e o próprio estresse gerado pela vida em grandes cidades, se tornaram sérios problemas de saúde pública.

E pior, alguns vetores e microorganismos estão se adaptando aos ambientes urbanos trazendo de volta as ameaças de epidemia, como o caso da infestação por Aedes aegypti que observamos nas cidades brasileiras.

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Relação entre câncer e meio ambiente

A medicina ecológica sustenta, por exemplo, que há um aumento da incidência de câncer, em especial de mama e próstata, devido ao aumento de resíduos tóxicos no meio ambiente, tese que não é aceita pela maioria dos oncologistas. Muitos poluentes ambientais possuem capacidade de se ligar a receptores hormonais, e com isso estimular o crescimento de células cancerosas. Outros resíduos causam uma redução da eficiência do sistema imunológico em identificar e reduzir células cancerosas.

Possuindo princípios relativamente simples a medicina ecológica re-introduz conceitos importantes para melhorar a qualidade da medicina e mudar seus paradigmas. O primeiro desses conceitos é o da indivisibilidade (tanto do ser humano em partes como do individuo e meio onde ele vive), sustentando que a tendência reducionista da medicina precisa ser revista. Não é possível estudar as doenças a partir de uma ótica limitada. A medicina ecológica preconiza que a doença precisa ser entendida sob todos seus aspectos, inclusive os ambientais e os psicoemocionais. Assim os médicos deveriam ampliar sua visão e seu interesse para estar de acordo com as novas tendências da ciência mundial.

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Interferência mínima com dano mínimo

Outros conceitos interessantes trazidos pela medicina ecológica que são carentes na medicina convencional é o princípio da interferência mínima com dano mínimo (“soft health care with no harm”). Hipócrates pai da medicina já frisava a importância de evitar o máximo os danos feitos ao paciente: “Primo no nocere” (em primeiro lugar não causar dano ao paciente) é um dos seus ensinamentos básicos.

Assim a medicina ecológica, apesar de não defender especificamente nenhuma linha de pensamento médico, sustenta que as medicinas complementares, que são menos invasivas, e passíveis de causar dano, devem ser as primeiras estratégias a serem implementadas. Caso não sejam eficientes, ou na dependência da gravidade e necessidade do doente, caberia então uma medida mais invasiva, como as da medicina convencional. Por isso é recomendado que o sistema primário de saúde ofereça preferencialmente medicinas complementares como acupuntura, homeopatia, osteopatia e fitoterapia.

Medicina ecológica valoriza muito alimentação e digestão

A medicina ecológica valoriza muito a alimentação e a digestão. Afinal a alimentação é uma das principais interações entre o organismo e o meio ambiente. Por isso preocupa-se muito mais com a qualidade dos alimentos, e em ofertar uma alimentação mais rica e farta em nutrientes essenciais. Assim a proposta é cuidar muito da alimentação mesmo no indivíduo saudável.

Nesse contexto a medicina ecológica valoriza muito um tema constantemente desprezado pela medicina convencional, que é a eficiência do funcionamento do fígado. O fígado possui um sistema de enzimas que detoxifica as substâncias tóxicas que entram no organismo. Existem novos estudos que mostram que vários extratos de plantas e vitaminas podem melhorar a eficiência desse sistema, com isso protegendo mais o organismo contra as toxinas do meio ambiente.

Quem estuda na Medicna Ecológica como eu, acredita que as mudanças do clima e no meio ambiente que ocorrerão nos próximos anos vão ser marcantes e trazer muito a atenção da sociedade para esse tipo de pensamento médico.

Atenção!
Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracterizam como sendo um atendimento