Tenho medo de sair de casa. O que faço?

por Eduardo Ferreira Santos

"Há anos tenho taquicardia e sempre passo mal. Fui ao médico e fiz exames e não deu alterações. Então me passaram para uma psicóloga. Fiz 4 anos de psicoterapia comportamental e medicamentosa, mas mesmo assim, continuo com os mesmos sintomas. O que faço? Trabalho, vou à faculdade e nada me faz me sentir melhor. Não aguento mais sentir os sintomas: taquicardia, falta de ar, medo de sair de casa, de comer, de viver. Tenho vontade de morrer logo para acabar com isso. Não suporto nem ouvir a psicóloga dizer que isso é normal, que vai passar…"

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Resposta: O quadro que você descreve é típico de um Transtorno do Pânico, uma crise aguda de ansiedade que tem origem tanto biológica quanto psicológica.

Não é um quadro fácil de se tratar, mas com a medicação adequada e uma boa psicoterapia é possível reverter esse quadro.

Eu acredito que um tratamento integrado com um psiquiatra, que também seja psicoterapeuta, poderá ajudá-la bastante nesse seu sofrimento.

A medicação indicada em casos como o seu é muito variável de pessoa para pessoa e, muitas vezes, é preciso ir experimentando os vários remédios que existem até encontrar aquele exato que será metabolizado por você e diminuirá ou mesmo extinguir os sintomas.

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No plano psicoterapêutico é preciso ir a fundo para se encontrar a origem de toda essa ansiedade e medo que a dominam. Muitas vezes a origem está em um grande trauma vivido na infância ou, então, na sequência de pequenos traumas silenciosos vividos ao longo do seu desenvolvimento.

Por fim, recomendo que você procure um psiquiatra psicoterapeuta que poderá ajudá-la muito a superar esse transtorno.

Atenção!

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Este texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracterizam como sendo um atendimento.

 

Tenho medo de sair de casa, o que faço?

por Joel Rennó Jr.

Resposta: O medo de sair de casa pode representar um comportamento isolado e responsivo a alguma situação vivencial traumática. Não necessariamente significa um sintoma de algum transtorno mental. É importante a investigação do tempo de duração de tal medo, fatores desencadeantes possíveis, nível de incapacitação gerado, além da origem do mesmo e contexto no qual ocorre. É preciso se analisar, com cuidado, o grau de desajuste psicossocial causado por tal medo, além da observação se tal medo é circunscrito ou generalizado.

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Alguns transtornos mentais podem ter o medo como um sintoma. Quando ele é persistente e incapacitante, uma avaliação psiquiátrica bem feita é necessária.

O transtorno do pânico é o "medo de ter medo", ou seja, as pessoas costumam evitar os locais ou situações onde as crises de pânico (taquicardia, formigamentos, sudorese, tontura, sensação de sufocamento, além do medo de morrer ou perder o controle) foram desencadeadas. Embora as crises de pânico possam ocorrer em quaisquer locais ou situações, as pessoas costumam associá-las aos locais onde tais eventos ocorreram, evitando os mesmos a ponto extremo de se isolarem e não saírem de casa.

A fobia social, conhecida também como ansiedade social, leva os pacientes a evitarem situações de exposição social. É uma vergonha ou timidez extrema, patológica, impedindo a pessoa de executar tarefas pelo grande medo que elas têm de serem julgadas ou avaliadas pelos outros. Têm o sentimento de que serão julgadas severamente e até humilhadas em tais contextos sociais. Por exemplo, na apresentação oral de um trabalho, apresentam tremores, palpitações, gaguejam, ficam com rubor facial e apresentam suores intensos ou mãos frias. Podem, portanto, também se isolar em casa a ponto de recusarem convites para atividades até de lazer ou familiares onde haverá exposição a um grupo social.

A depressão possui um amplo espectro de sintomas como tristeza, humor deprimido, perda do interesse ou prazer em atividades habituais, alterações do sono e apetite, pensamentos de conteúdo negativo, dificuldades de atenção e concentração, lentificação ou agitação psicomotora entre tantos outros sintomas. Pode levar a pessoa, dependendo do nível de gravidade, a ter medo de sair de casa, levando-a, portanto, a um isolamento.

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Há também situações outras como pode ocorrer nos "surtos psicóticos", nos quais as pessoas têm uma alteração de juízo e crítica, avaliando de forma distorcida, incoerente e implausível a realidade que as permeiam. Podem ter pensamentos delirantes de cunho *persecutório e, em conseqüência, se isolarem (sentem-se perseguidas por alguém imaginário ou irreal). Tais surtos psicóticos podem ocorrer devido a um transtorno psiquiátrico como a esquizofrenia e também após o uso de álcool e outras drogas.

Portanto, o medo em si, é um sintoma que deve ser analisado com muito critério. Só mesmo uma anamnese psiquiátrica completa (avaliação) para definir se precisa de tratamento apenas psicoterápico, medicamentoso ou de ambos.

* em que há perseguição: Fonte Dicionário Houaiss

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ATENÇÃO

As respostas do profissional desta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um profissional de psiquiatria e não se caracterizam como sendo um atendimento