Mente flexível é mais criativa

por Elisandra Vilella G. Sé

Ter a mente saudável é uma necessidade e torna-se cada vez mais importante manter a mente criativa. Mesmo na idade mais avançada, idosos mesmo aposentados, estão mais ativos, inseridos no mercado de trabalho, engajados na vida pessoal e profissional.

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Não é raro vê-los em postos de trabalhos importantes: empresas, diretorias, área de marketing, artistas, chefs de cozinha, professores, jornalistas, vendedores etc.

Embora a criatividade por muito tempo fosse considerada uma espécie de "dom", "talento nato", é possível exercitá-la e estimulá-la. Basta manter a mente ativa, saudável, ter sentido de vida e cultivar bons hábitos para os processos mentais como: memória, linguagem e assim expandir o potencial para soluções criativas para os problemas do dia a dia.

A criatividade é definida como um processo psíquico por meio do qual primeiro nos tornamos sensíveis a determinado problema, uma vez identificada a dificuldade, testamos mentalmente hipóteses a respeito daquela questão e finalmente lançamos a resposta ou ideia de uma solução. Essa "resposta" é considerada criativa quando, além de inédita, é de fato útil e adequada à situação.

Criativiadade: pensamento livre de regras e sem autocensura

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Como a criatividade geralmente está associada diretamente a uma nova ideia e ação, a predisposição para desenvolvê-la é a primeira fase importante do processo criativo. Em geral, para chegar a novas soluções, é preciso ter a mente aberta, isto é, ter o pensamento livre de regras, ter flexibilidade mental, com o mínimo de autocensura, pelo menos no momento do processo criativo. Mas geralmente, quem já possui um pensamento e personalidade rígida, dificilmente agirá com flexibilidade. O processo criativo exige o mínimo de controle da cognição, ou seja, sem restrição de pensamentos e comportamentos.

Neurocientistas afirmam que até as mais prosaicas linhas de raciocínio são marcadas por certas explosões ou picos de atividade do córtex pré-frontal, região cerebral responsável pelas tomadas de decisões, regras sociais, julgamentos, pensamentos e ações.

Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia encontraram indícios iniciais de hipofrontalidade em sujeitos que conseguiam ter novas ideias. Foi medido a atividade elétrica cerebral dessas pessoas ao realizar atividades criativas. Portanto, quando abandonamos regras ou desfocamos a atenção, essa área se acalma. Esse estado de hipofrontalidade pode beneficiar o aprendizado de línguas e o pensamento criativo.

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Quando nos envolvemos com uma tarefa que exige controle cognitivo e concentração, como resolver um problema de matemática ou física, ou que exija um raciocínio de grau de abstração mais elevado, as ondas cerebrais registradas são típicas de estado de vigília relaxada e atenção mais difusa. O comportamento de pacientes cujo lobo frontal sofreu degeneração, como é o caso de demência fronto-temporal ou a problemas similares, é consistente com essa hipótese.

Dados mais recentes comprovam a importância da hipofrontalidade na criatividade cotidiana. Pessoas com boas ideias e criativas lidam melhor e mais tranquilamente com situações de estresse. Eles solucionam problemas com mais facilidade e assim têm mais chances de viver melhor. Eles também sofrem menos com perdas cognitivas ao longo dos anos.

O processo criativo mobiliza várias redes neurais ao mesmo tempo. A percepção de um problema por diferentes ângulos demanda o funcionamento conjunto de vários circuitos cerebrais; o que ajuda a mantê-los em forma até a idade avançada. O cérebro é o centro de vários comandos de várias funções corporais e exercitá-lo pode ser decisivo para conservar a mente ativa e criativa em longo prazo.

Dez dicas para manter a mente ativa e criativa:

1ª) Preste mais atenção em suas ações no cotidiano e não as faça mecanicamente, esteja presente na ação, atento aos detalhes; abra-se para conhecer coisas novas seja no mundo virtual ou real.

2ª) Torne-se um especialista. Leia, informe-se de vários assuntos. Uma base sólida de conhecimentos lhe permitirá acessar conhecimentos prévios e analisar a relevância de um problema com mais experiência.

3ª) Seja um observador de detalhes.

4ª) Conheça o contexto, as situações, as pessoas ao seu redor com detalhes.

5ª) Saia da zona de conforto. Procure atividades novas, novos aprendizados, faça viagens a lugares diferentes, assista a palestras, assista filmes, leia um livro diferente a cada 3 meses.

6ª) Esteja disposto a trabalhar sozinho. Faça reuniões em grupo, mas em algumas situações, procure sintetizar as ideias quando estiver sozinho.

7ª) Participe de atividades que favoreçam o bom humor.

8ª) Ouça música para relaxar.

9ª) Faça intervalos entre uma atividade e outra.

10ª) Desafie-se. Fuja da rotina diária. Quando tudo estiver correndo bem, aprimore a ideia inicial.