Meu amor se foi… e agora?

por Patricia Gebrim

Como escritora que sou, costumo receber muitos e-mails, e percebo que alguns temas são fortemente recorrentes, e é sobre um deles que vou escrever hoje. Só para dar um pontapé inicial neste artigo, vou chamá-lo de 'O amor perdido'.

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A estória é mais ou menos assim… “Conheci uma pessoa, nos envolvemos, nos apaixonamos… e de repente ela foi embora e eu não consigo viver sem ela!” É incrível o número de variações sobre esse tema. Pessoas que me escrevem pedindo ajuda porque não conseguem esquecer alguém, ou me pedindo para ajudá-las a reconquistarem alguém, a entender por que alguém as abandonou, e por aí vai!

É claro que, se alguém se vai de nossa vida, vamos sentir algo, afinal, não somos robôs!

Podemos nos sentir tristes, podemos sentir solidão, medo, raiva, insegurança … Podemos nos perder em 'porquês', tentando entender o que aconteceu. Podemos sentir, dor, porque dói mesmo – e como dói! Não há nada de errado com isso, com olheiras sob os olhos, noites maldormidas, choros e falta de apetite…desde que isso seja apenas uma fase, um momento, e não dure por tempo demais a ponto de comprometer nossa saúde física, emocional e espiritual.

Nas pessoas mais maduras, com o passar do tempo, a ferida vai se fechando, e a pessoa vai se voltando novamente para a vida, aceitando aquilo que não pôde controlar. Ao deixar que o outro se vá, essas pessoas, que estou chamando de maduras, acabam descobrindo um novo espaço, e nesse espaço invariavelmente surge uma nova vida. Nem tudo é tão ruim como possa parecer. É incrível observar como, depois de passada a 'tempestade' da perda, essas pessoas ficam mais fortes, mais belas, mais vivas, e mais sábias do que antes.

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Mas, infelizmente, muitas pessoas não chegam a descobrir isso. Ficam como que aprisionadas nessa sensação de falta e a única saída que parecem enxergar, é trazer de volta aquilo que se foi, ou então punir-se eternamente por ter errado e deixado o outro ir. Essas pessoas têm algumas características em comum. Em geral têm uma baixa autoestima, têm dificuldades em estabelecer limites, têm dificuldades em cuidar de suas próprias necessidades, têm dificuldade em aceitar a realidade como é e de aceitar que as coisas às vezes não acontecem como planejadas. Não conseguem ver a si próprias como pessoas auto-suficientes e acham que precisam de um outro que as façam feliz.

Se esse for o seu caso, se você for um 'sofredor compulsivo', se não consegue aceitar ou saber como lidar com a falta de alguém que se foi, ouça bem o que vou lhe dizer. Existe algo em você que é seu, e somente seu, e que ninguém, nunca, jamais poderá tirar de você: a sua capacidade de sentir amor!

Uma pessoa pode sair de sua vida, mas a sua capacidade de sentir continua intacta aí dentro de você. Mesmo agora, neste exato momento, toda essa beleza repousa intocada no seu recanto mais íntimo, esperando para ser libertada, esperando para inundar seu próprio ser com uma força curativa e regeneradora.

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Como libertar a sua capacidade de amar novamente?

Faça o possível, e depois se entregue

Ok, quando amamos mesmo alguém, vale a pena lutar, ir além do orgulho, dizer o que nunca fomos capazes de dizer antes, abrir o coração. Faça o seu melhor, até você ter certeza de que fez tudo o que podia ter feito. Depois disso, entregue a situação, porque você não vai poder controlá-la!

Nós não temos controle sobre a vida nem sobre as escolhas de ninguém. Aceite o que está acontecendo. Muito da dor que se sente nessas situações vem do fato de as pessoas continuarem lutando contra o que acontece, e ficarem se ferindo mais e mais. Repito: Pare de tentar controlar as coisas.

Aceite a dor

Se você está sofrendo e sem saber como sair dessa dor, eu lhe diria, em primeiro lugar para aceitar a dor. Está doendo? Então sinta! Aceite a dor. Acredite, não vai adiantar nada você tentar fugir do que sente, se afundar no trabalho, se afogar na bebida, dançar loucamente por dias seguidos… não vai adiantar, porque o que você sente ainda estará lá como uma fera, esperando que você olhe bem no fundo de seus olhos e a liberte.

Olhe para você

Se você já parou de lutar, agora olhe para você. Reconheça a sua existência. Você existe, é um ser único. Pare de olhar só para o outro. O que você espera da vida? Você de fato quer ter um relacionamento amoroso? Que tipo de relacionamento quer ter? Como gostaria de ser tratado? O que acredita que merece? Faça esse trabalho de autoconhecimento. Busque se aproximar de você mesmo, com carinho, com respeito, da forma como gostaria que um dia alguém se aproximasse de você. Tudo começa dentro de nós. Embora seja um chavão, a verdade é que se nem você consegue amar a si mesmo, como espera que um outro o ame?

Aproveite esse tempo em que você está sozinho para crescer, para se preparar, para se aproximar mais da sua essência, de quem você de fato é. Lembre-se de quem você é! Do que mesmo você gosta? De que tipo de música? Descubra-se.

Olhe para a realidade

Uma coisa que prejudica muito as pessoas que estão vivendo esses momentos que acontecem logo após a separação é a falta de percepção do que é real. Um exemplo: Marcela estava vivendo um namoro conturbado com João. Eles brigavam muito, ela não se sentia respeitada, reclamava que João era egoísta, desatento com ela, não ligava para suas necessidades e agia como se ela não existisse. Apesar de sentir isso tudo, Marcela nada fazia, até que um dia, por alguma razão, acontece uma grande briga e João diz que não quer mais namorá-la.

Bem, se a relação já não ia bem, isso até poderia ser visto como algo bom, não é? Mas não é o que acontece. No exato momento em que João se afasta, Marcela começa a pensar em todas as coisas maravilhosas que ele tinha feito por ela, começa a lamentar-se por estar perdendo o melhor namorado no mundo, e se culpa por não ter sido capaz de mantê-lo a seu lado. O que está acontecendo???

AMNÉSIA???

Por que fazemos isso conosco? Por que aumentamos o que nos faz sofrer? Por que Marcela não pôde simplesmente aceitar que João não era mesmo a pessoa com quem ela queria seguir adiante? Por que negar a realidade? E a realidade é que João, como qualquer pessoa, tem defeitos e qualidades. Não é o egoísta insensível que ela pensava ser antes de terminarem. Mas também não é justo que você o transforme magicamente no melhor namorado do mundo, só porque ele já não está com você.

João (ou Pedro, ou Maria, Letícia, Mariana, José…) é apenas uma pessoa se transformando, crescendo, fazendo escolhas. Como você. Como eu!

Enfim, se nada disso ajudar e você se sentir ainda aprisionado, não hesite em buscar ajuda.

E lembre-se, do outro lado dessa dor existe uma linda vida esperando por você.