Saiba como lidar com o alto nível de ansiedade

por Rosemeire Zago

"Sempre fui uma pessoa muito ansiosa. Sofri um acidente automobilístico no qual fiquei viúva. Depois disso tive crises de pânico e o médico me passou um ansiolítico. Gostaria de saber como baixar esta ansiedade e me livrar da necessidade de tomar ansiolítico?"

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Resposta: A medicação pode ajudar, mas é apenas um paliativo, e tomá-la de vez em quando também não é o mais indicado, a não ser que seu médico prescreveu dessa forma.

A ansiedade é uma preocupação constante, que pode trazer muito sofrimento, e apesar de ser uma resposta normal ao perigo físico – e pode ser uma ferramenta útil para concentrar a mente quando o fim de um prazo se aproxima – a ansiedade se torna um problema, quando ela persiste muito além da ameaça imediata e passa a ser um traço da personalidade, onde tudo gera ansiedade.

Quando os sintomas como: preocupação descontrolada, inquietação, irritabilidade, apreensão, tensão muscular e problemas de concentração se tornam persistentes, afetando os hábitos e padrão de vida comum, é chamado de Transtorno de Ansiedade Generalizada – TAG.

Você descreve que depois do acidente teve crises de pânico, é bem provável que houve o que chamamos de Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Surge como uma resposta depois de um fato ou situação estressante (acidente, estupro, divórcio, assalto, falecimento de pessoas significativas).

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Sintomas – sinais – do estresse pós-traumático

As características observadas decorrentes de experiências muito traumáticas são:

– Aumento dos sentimentos de ira ou vingança;

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– Diminuição da capacidade de concentração;

– Aumento da agressividade e irritabilidade;

– Diminuição do interesses pelas coisas;

– Dores psicogênicas e psicossomáticas;

– Depressão e ansiedade;

– Diminuição da capacidade de comunicação com os outros;

– Diminuição da capacidade de externar sentimentos;

– Em muitos casos, sentimentos de culpa.

Algumas dessas respostas emocionais pessoais podem ser consideradas normais, entretanto, se não tratadas adequadamente, podem transformar-se em reações crônicas. Por isso é muito importante que você faça algum acompanhamento psicológico, caso não o tenha feito ainda.

Você não cita quando aconteceu o acidente, pois em geral o estresse ocorre após um mês, mas raramente excede seis meses. Surge medo e evita-se falar qualquer coisa que relembre o que ocorreu. Ou ainda, relembra de maneira repetitiva através de sonhos ou lembrança constante. O mais indicado nesses casos é enfrentar a situação, falar sobre o que ocorreu e nunca agir como se nada tivesse acontecido.

É importante entender que o estresse prolongado provoca a queda do sistema imunológico. Assim, dependendo da intensidade, repetição e duração ao longo da vida e, principalmente da forma que você lida com o que ocorreu, poderá levar a doenças.

Você cita que já era uma pessoa ansiosa, com o acidente, sua ansiedade pode ter sido potencializada ao se somar com o estresse que isso te causou.

Para que você consiga lidar melhor com o que lhe aconteceu, com tudo que sentiu e sente, pense em fazer psicoterapia, com certeza isso a ajudará a elaborar o ocorrido.

Vale lembrar da Oração da Serenidade adotada pelos Alcoólicos Anônimos no mundo inteiro:

“Que Deus me dê serenidade
para aceitar as coisas que não posso mudar,
coragem para mudar as que posso e
sabedoria para distinguir umas das outras”