O grande desafio não é praticar atividade física, mas se motivar

por Renato Miranda

Muita gente avalia o quanto é importante cuidar da saúde e melhorar a estética corporal (leia-se, emagrecer).

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Com a quantidade de informações e conhecimento difundidos sobre o assunto não há dificuldades em saber o que tem que ser feito: alimentação adequada, exercício físico e bom descanso formam a tríade para se conseguir um bom nível de saúde. Além disso, não é muito difícil encontrar orientação profissional a respeito.

As possibilidades de exercício físico são tão variadas que é difícil não existir algo que atraia alguém a se movimentar sistematicamente e, portanto, se exercitar para se obter uma boa saúde e proteger o corpo contra doenças e muito mais do que isso, usufruir melhor da vida.

Apesar de toda essa simplicidade, exercitar-se rotineiramente e para toda uma vida não é, em hipótese, uma assimilação constante no comportamento das pessoas. Ou seja, é simples, mas não é fácil!

Não é por menos que a obesidade gerada principalmente pela falta de exercício físico é um dos grandes dramas da humanidade atualmente.

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Para dar um exemplo, faça você mesmo o desafio de exercitar-se por meio de uma atividade simples, como andar ou correr, cinco dias por semana com 50 minutos mais ou menos de duração cada sessão de treino durante seis meses.

Em pouco tempo você verá que a dificuldade não está no exercício propriamente dito, mas em se manter sempre motivado em fazer seu treino quase que diariamente. Em resumo o desafio está na motivação para o exercício físico.

Gosto das ideias do psicólogo do esporte Olavo Feijó (divulgadas em seu livro Corpo e Movimento) quando aborda a motivação baseada nos conceitos de necessidade e interesse. Para ele qualquer experiência que satisfaça algum tipo de necessidade é capaz de mobilizar a pessoa de maneira intensa e desse modo atraí-la e despertar seu interesse.

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Em consequência, pode-se dizer que interesse é um valor que nós mesmos atribuímos àquelas coisas ou experiências que são capazes de satisfazer algum tipo de necessidade. Assim sendo, não é conveniente dizer que exista exercício físico ou atividade interessante. Uma atividade é interessante para alguém somente quando suas características contemplem necessidades específicas dessa pessoa. Em resumo, algo será interessante se estabelecer uma relação de conveniência entre uma necessidade e o objeto (experiência) capaz de satisfazê-la.

Talvez seja por isso, que algumas pessoas gostem de correr, outras de escalar montanhas, outras de nadar e assim por diante. Encontrar uma atividade que seja interessante e o mantenha motivado é um exercício de descoberta de necessidades pré-existentes que precisam antes de tudo serem mobilizadas.

Em outras palavras, se alguém quer realmente investir no exercício físico com motivação é fundamental conseguir descobrir, por exemplo, como a perseverança vai ao encontro das necessidades da boa forma física. Desse modo, surgirá o interesse por treinos sistemáticos e duradouros.

A prática desses conceitos se resume no esforço e paciência constantes no aprimoramento das atividades. Ou ainda, no processo de insistência de visualizar (descobrir!) valores que vão ao encontro das necessidades pessoais. E esse processo é um esforço individual que exige tempo. Já reparou quantas atividades que você não gostava (ou pensava que não gostava) de fazer e atualmente você adora.

Conheço pessoas que sempre foram sedentárias. Depois que insistiram, por um período, em fazer exercício físico elas descobriram uma nova forma de viver e hoje não conseguem ficar paradas. Como resultado, mais saúde, mais motivação, mais criatividade.

Para terminar, não questione muito sobre a atividade, não coloque obstáculos para começar a se movimentar. Simplesmente comece e não interrompa. No início será um pouco difícil e até mesmo desconfortável, mas depois de algum tempo uma nova pessoa (vida!) surgirá junto com novos valores.