Tomo antidepressivo há muitos anos, percebo que minha memória não é mais a mesma

por Joel Rennó Jr.

"Tenho 32 anos e dificuldade em memorizar coisas, em me concentrar e é muito triste. Há possibilidade de me recuperar ou ter uma boa memória?"

Continua após publicidade

Resposta: Em primeiro lugar, gostaria de dizer que não existe remédio para melhorar ou aumentar a capacidade de armazenamento da memória.

Remédio bom para a memória é o treino de memória através da estimulação da atividade cerebral com treinamento de habilidades cognitivas.

A questão do prejuízo possível de memória causado por antidepressivos é polêmica. Não há trabalhos científicos consistentes que demonstrem prejuízos de memória decorrentes do uso de antidepressivos.

Por outro lado, alguns medicamentos como antidepressivos, hipnóticos e calmantes interferem no funcionamento cerebral de diversas regiões do SNC (Sistema Nervoso Central) e, consequentemente, podem interferir na memória – sendo isso evidente para calmantes e hipnóticos e suspeito para antidepressivos.

Continua após publicidade

É difícil imaginar que um remédio tenha uma especificidade tão grande que funcione num grupo de neurônios e não funcione em outros; uma vez que os antidepressivos regulam a concentração de mensageiros químicos cerebrais (neurotransmissores) como serotonina, noradrenalina e dopaminha em diversas regiões cerebrais, inclusive no hipocampo – a região do circuito da memória.

Existe um hipnótico usado como medicação pré-anestésica que sabidamente provoca amnésia. Sob seu efeito a pessoa conversa, mas não se recordará absolutamente de nada do que disse ou ouviu.

Outro aspecto relevante é que a depressão, por levar à diminuição de atenção e concentração, pode também prejudicar a memória de curto prazo ou fixação (por exemplo, guardar por segundos ou horas ou mesmo poucos dias, de forma temporária, o número de telefone de um prestador de serviço ou o nome de alguém que acabou de conhecer). Pessoas deprimidas podem ter, portanto, queixas de memória que não sejam necessariamente decorrentes do uso de antidepressivos.

Continua após publicidade

Atenção!

Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracterizam como sendo um atendimento.