Mulheres ativas fisicamente têm menos tendência a déficits cognitivos na idade avançada

por Ricardo Arida

Mulheres fisicamente ativas, mesmo uma vez por semana, tiveram menor comprometimento cognitivo Existem várias razões para acreditar que a atividade física realizada durante toda a vida pode afetar a cognição em idosos. Tenho reforçado este assunto em textos anteriores.

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Por exemplo, foi comentado o quanto a atividade física durante adolescência pode melhorar a função cerebral.

Estudos com animais realizados na UNIFESP, durante o periodo de adolescência do animal e um teste de aprendizado realizado na fase adulta, mostraram que o exercício físico durante o período da adolescência, provoca uma melhora no aprendizado e aumento do número de células no hipocampo, região relacionada à memória e ao aprendizado. Ainda foi abordado como a atividade física melhora a capacidade de atenção das crianças e que indivíduos que praticam atividades físicas ou esportivas durante a infância ou adolescência podem apresentar na fase adulta, melhor realização acadêmica e profissional. Nesse sentido, um estudo reforça esses achados.

De que forma a atividade física no início da vida pode afetar a cognição na idade avançada em mulheres?

Mais de nove mil mulheres acima de sessenta e cinco anos participaram de um estudo nos Estados Unidos*. Elas responderam perguntas sobre seu nível de atividade física na adolescência, nas idades de 30, 50 e após os 65 anos de vida. As pessoas que eram fisicamente ativas apresentaram menores riscos de prejuízos cognitivos na fase tardia da vida.

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Parece que a atividade física na adolescência foi particularmente importante em termos de prevenção de deficiências cognitivas.

Os autores do trabalho sugerem que os efeitos duradouros do exercício físico regular podem estar associados a uma melhora da vascularização cerebral. O estudo foi publicado na revista “Journal of the American Geriatrics Society”. Mulheres fisicamente ativas, mesmo uma vez por semana, mostraram menor comprometimento cognitivo. Não houve uma forte correlação entre a quantidade de atividade física e o grau de déficit cognitivo. Entretanto, a correlação foi mais significante entre aquelas que eram ativas na adolescência. Mesmo as mulheres que eram sedentárias na adolescência e se tornaram ativas na fase adulta ou em idade mais avançada, também apresentaram risco mais baixo do que aquelas que permaneceram inativas.

Os autores do trabalho relataram que outros estudos que associam o exercício físico e a cognição mostram que esse efeito é mais evidente em mulheres do que em homens. Mesmo assim, não há razão para sugerir que os achados sobre a atividade física na adolescência também não se apliquem aos homens. No entanto, os estudos ainda não apresentam clareza sobre o porquê dessa diferença. Esses resultados reforçam os benefícios do exercício para a melhora da função cerebral e sugerem que mais campanhas serão necessárias para estimular atividades físicas não somente na infância e adolescência, mas durante toda a vida.

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*Laura E. Middleton, Deborah E. Barnes, Li-Yung Lui, Kristine Yaffe. Physical Activity Over the Life Course and Its Association with Cognitive Performance and Impairment in Old Age. Journal of the American Geriatrics Society, 2010; 58(7):1322-1326.