Interpretação do Grande Sonho – Parte II

por Carminha Levy

Dando sequência ao texto anterior (clique aqui e leia), falarei sobre o Grande Sonho e os simbolismos do Centro (self ou eu) que nele aparecem.

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A Praça do Vaticano (com a qual tive um sonho), redonda, representa uma mandala. Conforme vimos na Geometria Sagrada, o redondo é a forma mais perfeita e representa o simbolismo do centro, do Self Transcendental. Os quatro leões representam o quadrado que dentro do círculo (a Praça do Vaticano) solidificou a essência divina no mundo temporal. Isso indicava concretamente que a minha futura realidade seria também bastante material, como os meus pés fincados na terra para que eu pudesse concretizar minha missão de alma: ser xamã de xamãs e difundir o neoxamanismo; o que realmente foi feito.

O leão negro que foi o guia que me levou à Madona Negra é o simbolismo da sombra e só através do encontro e integração desta nós podemos alcançar o Centro, o Self.

A missa em ação de graça (vide texto anterior) era um prognóstico da minha cura e novamente surge o círculo, a mandala, na forma do anfiteatro no centro da Praça do Vaticano.

A parte mais misteriosa e poética deste sonho é a missa escrita por José de Anchieta e as flores que brotam da terra em forma de leque e que num passo de mágica se abrem e leva todos a se maravilharem de surpresa e incredulidade.

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Posteriormente essas rosas voltaram a se revelar. Há aproximadamente 20 anos recebi dos Pleiadianos um ritual de abertura do coração que consiste em levar as pessoas em círculo, de mãos dadas a visualizarem uma rosa que todos nós temos no coração – é a rosa do coração de Cristo e de Maria. Esta rosa, como a do sonho, se apresentam no início do ritual como um botão fechado e na medida que entoamos o mantra Ahhhhhhhhhh com a intenção de abri-la, suas pétalas vão forçando as beiradas de um coração fechado por mágoas, ressentimento, rancor, ira, até que uma rosa desabrocha e, dentro dela, surge um símbolo que traz a energia que a pessoa necessita para ultrapassar a dificuldade de abrir o coração. Este ritual veio com a recomendação que todas as pessoas que o vivenciassem passasse adiante. Isso para que se forme pontos de Luz que se juntam a outros pontos de luz, formando uma grande mandala planetária que envolverá a Terra e ultrapassará a grade cinzenta que envolve a Terra impedindo que haja comunicação da Luz que vem do Cosmo para a Luz que nasce nos corações luminosos, imbuídos no Amor e na Paz.

Como vimos neste sonho uma grande predominância de Mandalas cuja forma circular é concebida como um símbolo do princípio eterno, ela é uma imagem dinâmica e sintética do Cosmo, e sempre descreve o processo criativo divino em sua irradiação para o mundo material, a partir de um centro primordial e eterno.

Ainda como imagem do centro, ela contém na sua configuração a quadratura do círculo, representação da manifestação das Potências Divinas no mundo fenomenal.

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É por meio das variações dos círculos e quadrados que ela mostra a variação do mundo espiritual e material, a continuidade do mundo divino e humano e a dinâmica das relações do homem com os deuses, sua finalidade primordial é revelar simbolicamente ao homem a imagem da divindade e ajudá-lo a tomar consciência dessa presença, fazendo a religação com o centro sagrado, origem de todas as coisas. A nível prático elas podem ser usadas com um meio auxiliar de meditação. Nas tradições iniciáticas ela foi empregada como um instrumento de desenvolvimento da consciência.

Através da vizualização da mandala, amplificava-se a meditação e assim podia perceber a ordem finita presente no universo e a unidade significativa presente em todas as coisas.

Na realidade cotidiana nós podemos acompanhar a força primordial sagrada da mandala através das manifestações do grafismo infantil: quando a criança ao fazer sua garatuchas consegue fechar toscamente um círculo ele começa a falar a palavra EU e esta correlação é a mais bela de todos os significados do círculo da mandala e do centro, pois ao dizer Eu a criança tem a primeira manifestação de uma fagulha de consciência que mais adiante vai se transformar na grande pergunta que todo adulto que busca um sentido de vida se faz: Quem Sou Eu?

É interessante notar também que ao se trabalhar com esquizofrênicos com arte/terapia, a mandala surge como um círculo integrador. Quando um paciente está muito desestruturado repetir compulsivamente círculos o faz instintivamente representar no desenho a necessidade que ele tem de formar um campo protetor no qual ele não se dissolverá: terrível sensação que se apodera dos esquizofrênicos. Ainda na arte/terapia o psicólogo acompanha os pacientes que começam a se reestruturar, se encaminhando para uma alta, que pode chegar até a ser permanente. A produção de mandadas é o tópico predominante das sessões terapêuticas, indicando que aquele ego já pode se conter e buscar saúde e equilíbrio. Isso chega como uma benção, prenunciando o retorno das suas partes cindidas a um ego mais forte e em processo de estruturação.

Como diz o mestre Jung, os símbolos são máquinas dinamizadoras da consciência e sua presença, por si só, traz a cura do psiquismo.

Centro, a mandala e o self estão ao alcance de todos aqueles que, mesmo sem ter nenhum acesso intelectual a esse conhecimento, estão sendo curados através dessa energia e da força de seu Curador Interno.

Fonte: Os Símbolos do Centro – A Imagem do Self Editora Perspectiva