Aparência não determina sucesso na vida afetiva

por Roberto Goldkorn

Mesmo quando eu já havia decidido escrever este artigo, assisti a uma cena, repetição quase idêntica a outras, de um marido perseguindo e atirando em sua ex-mulher, dentro de um hospital onde ela foi se refugiar.

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Ao contrário de outras gravações que registraram um assassinato, dessa vez a vítima sobreviveu e a besta fera está presa.

Isso apenas reforçou a minha necessidade de voltar a esse tema tão “de vida ou morte”.

Quantas clientes e amigas sofrem barbaridades por que não conseguem viver um grande e duradouro amor. Se eu ganhasse 10 reais por cada cliente que se acha a “única mulher solitária da face da terra” eu estaria rico ou quase.

E a grande ironia da situação é que quanto mais elas ficam carentes, quanto mais buscam, menos acham,  mais se decepcionam.

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Onde moro costumo encontrar uma mulher muito feia, com um corpo digamos, desgracioso, com um temperamento digamos destemperado, e ela está sempre com seu marido bonitão e simpático e seu filhinho engraçadinho (puxou ao pai) a tiracolo.

Por outro lado, a maioria das minhas clientes solitárias ou abandonadas são mulheres bonitas, inteligentes e aparentemente de bom temperamento.

O que acontece? Isso é o sinal dos tempos pré-fim de mundo?

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O calendário maia tinha razão?

Se não pudermos olhar sob o véu das aparências, vamos ficar sem respostas e isso só aumenta a perplexidade diante desse dilema.

Essa não é só a pergunta de um milhão de dólares, é principalmente a pergunta de muitas respostas.

Tenho uma amiga gordinha que vive tentando dietas porque atribui a suas medidas fartas a sua solidão e ausência de romance em sua vida. Mas…  tenho outra amiga, bem mais gordinha que a primeira, que vive enrolada com namorados apaixonados e com dilemas do tipo: “Entre o loiro e o moreno qual dos dois devo escolher? Ah … Roberto, mas apareceu um negro que é um verdadeiro deus africano. Ah… estou tão confusa…”

É importante que se diga: a aparência conta sim, mas não é determinante para direcionar a felicidade amorosa de ninguém. Nem mesmo o caráter. Ouvi dizer que o Maníaco do Parque, lembram dele? O estuprador e assassino covarde de quinze mulheres, é o campeão de cartas (femininas) na prisão e que até se casou com uma admiradora. Dá para imaginar?

Além dos muitos aspectos visíveis e analisáveis, temos de colocar em nossa mesa o fator espiritual!

Sem levar em conta o passado, as alianças, as escolhas de vida, os “acidentes” e os extratos mais profundos da “cultura” de uma pessoa na vida passada, não podemos ter uma compreensão mais justa do que acontece na vida sentimental de alguém.

Há quem diga que somos o que comemos, outros dizem que somos aquilo que nossos pais nos deixaram de herança, e ainda há aqueles que acreditam que somos aquilo que a educação fez de nós. Quem está certo? Todos e, portanto, nenhum.

Eu acredito que além de tudo isso somos aquilo que fomos.

Trazemos de vida passada programas mais ou menos fortes, mais ou menos determinantes que irão interagir com o meio em que nos desenvolvemos para gerar aquele/aquilo que estaremos sendo ao longo da vida atual.

Com o programa amoroso/sentimental não é diferente, muito pelo contrário. Se há uma área de nossa vida em que o “passado” atua de forma pungente é o amor.

Imagine comigo, uma mocinha colocada à força num convento pelos pais zelosos para que não se casasse com alguém a quem ela amava, mas que tinha a etiqueta de interdito na testa por quaisquer razões.

Não só uma vida no convento a apartaria de experiência plasmadoras na área sentimental/sexual, mas também se associaria em camadas mais profundas de sua mente com um amor proibido que acabou sendo responsável por mutilar sua vida. Ela teria então duas heranças antiamor que se reforçariam mutuamente com prejuízos evidentes para a sua vida amorosa atual. E tudo isso estaria em seu Inconsciente, portanto longe do alcance de uma intervenção simples.

Imagine outra situação. A aldeia foi invadida e a mocinha levada como escrava pelos invasores e vendida para um prostíbulo de onde nunca mais saiu. Com qual herança e know-how de amor e afeto esse ser irá nascer? Quais associações ela fará em suas estruturas emocionais em relação a amor/sexo/afetividade? Certamente não serão positivas. Nesse mercado cármico tem de tudo: mulheres espancadas durante anos e cuja cultura endossava seus espancadores e ao mesmo tempo em que as condenavam simplesmente por serem mulheres (será que isso ainda acontece?). Mulheres que foram imersas em caldos culturais onde era altamente condenável usufruir de qualquer prazer sexual. Mulheres que foram encharcadas de uma cultura onde o corpo era o poço de pecados e tudo que se referisse a ele recebia uma dose de “choques elétricos morais”.

Enfim a lista parece ser infindável. Isso se reflete na vida atual, no comportamento e nesse “algo” invisível, imponderável e incompreensível que permeia as histórias de pessoas cuja queixa principal é a solidão e/ou desamor.

Por isso não é fácil simplesmente dizer: “Eu quero amar e ser amado e pronto!” Nesse caso querer está longe de poder.

Obviamente esse artigo não se propõe a resolver/responder a essas questões tão profundas e ramificadas. Mas uma coisa é possível:

Entender que não é sua culpa, ou pelo menos não é apenas o que você faz ou deixa de fazer que afasta o amor e a felicidade de você. Sua história certamente vem de outros carnavais, em tempos que a sua memória nem mesmo alcança, mas que o seu Inconsciente guarda zelosamente.

Sete dicas para quem está à procura de um amor:

1ª) Tire o peso! Ouça o que diz poeticamente minha tão querida Clarisse Lispector: “É preciso estar distraída para que o telefone toque”;

2ª) Redirecione. Distraia-se  procurando amar outros objetos: uma carreira, um ideal, pessoas e, acima de tudo, (eu sei que é um chavão) amando a você mesma!;

3ª) Não busque o amor a qualquer custo;

4ª) Deixe-se encontrar, esteja disponível sem estar oferecida;

5ª) Valorize seu “valor de mercado” se tornando uma pessoa melhor, por dentro e por fora;

6ª) Respeite-se, não mande cartas para os maníacos do parque, nem flerte com notórios canalhas, um dia sem dúvida você será uma de suas vítimas e aí vai sentir saudades de seu tempo de solidão;

7ª) Acima de tudo, cultive a alegria de viver, não só quando houver o céu azul, o sol ameno e a brisa suave, isso é moleza. Mas principalmente em dias de chuva e frio.

Ser alegre, corajosa, fazer todos os dias pequenos gestos de amor, tudo isso pode ajudar a desmanchar seus programas cármicos antigos e substui-los por um Carma bom, aquele que todos querem: o Carma do Verdadeiro Amor.