Burnout afeta mais quem está em ascensão profissional

por Renato Miranda

Estudo realizado na Inglaterra diz que promoção no trabalho causa estresse. A pesquisa foi conduzida por economistas e psicólogos da universidade de Warwick. Foram ouvidas cerca de mil pessoas promovidas entre 1991 e 2005.

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Rotina e estresse

O estresse causado pela rotina do treinamento esportivo ou do trabalho é um fenômeno natural. A regulação do estresse se dá naturalmente pelo equilíbrio entre a habilidade psicofísica da pessoa realizar tarefas e o nível de exigência das mesmas.

Em outras palavras, quando minhas habilidades emocionais e cognitivas, como por exemplo: controle dos níveis de excitação nervosa, capacidade de concentração, automotivação, resistência física, força e demais aptidões estão compatíveis com os níveis de exigências (tarefas) do treinamento ou do trabalho da pessoa, o estresse, tanto físico como psíquico, pode ser bem administrado e não há maiores problemas paras as pessoas.

Quando esse equilíbrio entre habilidade e tarefas é rompido ou inexiste, é preciso diminuir o grau de exigência da tarefa ou aumentar as habilidades da pessoa. No entanto, nem sempre é tão simples assim. A partir do momento em que uma pessoa já atingiu certo nível de habilidades psicofísicas e tem uma rotina prevista pelo programa de treinamento ou de trabalho, resta à pessoa somente a possibilidade de aumentar sua resistência a esse estresse diário. Dificilmente cargas de trabalho (exigências de tarefas) são ajustadas ao potencial da pessoa. O que é lamentável, pois, aumentar habilidades e/ou diminuir cargas de trabalho deveria fazer parte harmoniosamente da rotina das pessoas.

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Como resultado do processo de se exigir cada vez mais da pessoa, temos um estresse exagerado que gera uma adaptação negativa da rotina diária. Ou seja, a pessoa consegue resistir ao estresse, mas fatalmente irá sucumbir algum dia. É como se a resistência ao estresse diário tivesse um destino certo: o esgotamento, e este fosse uma questão de tempo.

Burnout

O esgotamento psicofísico do organismo (burnout), representado como um colapso nervoso, é uma síndrome psicológica de exaustão emocional com reduzida percepção de satisfação, baixo nível de motivação e desinteresse pela atividade e por mais que esforços pessoais sejam frequentes para melhorar o desempenho, geralmente são ineficazes e há uma queda significativa do mesmo.

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Sintomas do burnout

Para que possamos identificar o burnout algumas características no comportamento da pessoa devem ser observadas como:

– Aumento da frequência cardíaca em repouso;

– Distúrbios no sono e alimentação;

– Aumento dos níveis de ansiedade;

– Problemas de concentração;

– Insatisfação com a atividade (esporte, trabalho etc.);

– Distanciamento emocional e social da pessoa em relação ao grupo que pertence;

– Queda no desempenho e outras.

Prevenção

Em uma possível prevenção sugiro que líderes (treinadores esportivos, dirigentes de instituições, chefias de trabalho em geral e outros) e atletas de um modo geral, bem como trabalhadores, orientem suas atuações da seguinte maneira: lembre-se: onde estiver a palavra atleta/treinador substitua por trabalhador/dirigente, quando for o caso.

Procedimentos

– Fixar objetivos de desempenho progressivos e decididos entre treinadores e atleta, conjuntamente, para direcionar e sustentar a motivação;

– O atleta reconhecer que está em “burnout” e aumentar a comunicação com técnicos, família e psicólogos;

– Ensinar aos atletas estratégias de cuidados com a saúde (veja textos anteriores);

– Melhorar a comunicação (manter diálogos com alto nível de educação e respeito) entre técnico e atleta;

– Tornar os treinamentos/trabalho, apesar de árduos, em momentos alegres;

– Variação dos métodos de treinamento para combater a monotonia;

– Forte suporte social da família, técnicos e companheiros;

– Treinamento psicofisiológico (ex.: técnicas de relaxamento – clique aqui).

Com essas orientações podemos de certa maneira providenciar prevenção ao burnout um fenômeno que atualmente acomete trabalhadores e atletas de maneira relativamente comum, principalmente em uma faixa de pessoas que estão em ascensão profissional e precisam melhorar seu desempenho continuadamente, pois estão frequentemente sendo avaliadas.

Para começar, reflita a seguinte situação: imagine que no ano passado nessa mesma semana do ano, possivelmente você ficou nervoso, se aborreceu ou aconteceu algo parecido e isso fez mal à sua saúde. Agora, tente descobrir qual motivo foi a causa desse estado. Dificilmente você irá lembrar. Portanto, cuidado com o estresse do dia-a-dia e avalie o quanto vale a pena sofrer por um ou outro desempenho.