Como enfrentar o fracasso?

por Renato Miranda

Após os Jogos Olímpicos é freqüente no Brasil a discussão sobre nossas conquistas e fracassos olímpicos. Como o sucesso é naturalmente medido pelo número de medalhas de ouro, embora com as devidas relativizações, e essas não foram muitas, resta as discussões sobre o fracasso.

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Mas afinal, se tanto no esporte como na vida cotidiana o fracasso é inevitável em um dado momento, o que devemos fazer para enfrentá-lo?

Para muitas pessoas vencer é a única coisa que interessa e, portanto, perder é fracassar e não serve para nada. Para outras, quando um atleta ganha uma medalha de prata é referenciado como perdedor.

No entanto, observe que na vida, desde o aprendizado do andar até a melhoria do desempenho profissional, o fracasso e as dificuldades são partes do aperfeiçoamento e da maturidade. Há um provérbio que ilustra bem esse pensar: “A flecha que atinge o alvo é resultado de cem erros.” Logo, não seria melhor aceitar o fracasso como um processo natural para a evolução ao invés de evitá-lo?

Fracasso pode ser um aliado

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Portanto, aprender a aceitar o fracasso como aliado para o desenvolvimento futuro, não é um processo de apatia ou resignação, mas sobretudo, de dedicação ao esforço de constante avaliação e busca do aperfeiçoamento. A decepção de um fracasso é natural, mas deve ser passageira e substituída por reflexões e redirecionamento da energia psicofísica e estratégias de ação para melhorar e buscar novas metas exigentes e possíveis de serem alcançadas.

Nesse ponto o fracasso passa a ser um aliado e nos impulsiona para frente. Necessário dizer que as condições psicossociais e de educação geral das pessoas que cercam aquelas que fracassam (pais/família e treinadores, por exemplo) são essenciais para reordenar um novo caminho. Em outras palavras, relacionamento pessoal de alto nível e conhecimento sofisticado sobre o fenômeno em questão (por exemplo, esporte) para que a pessoa consiga apoio e motivação necessária para continuar sua trajetória de desafios e conquistas futuras.

Assim sendo, quando diante de um fracasso na vida, aproveita-se para refletir o porquê do fracasso e absorvem-se lições para o futuro. Consideramos então, que o primeiro “passo” para o sucesso muitas vezes começa com um fracasso. Nossas vidas, em termos de desempenho são como uma montanha russa. Ora estamos por baixo, ora estamos por cima. Não existe nenhum atleta, por exemplo, que só obteve sucesso em sua carreira, na maioria das vezes uma derrota traz mais lições do que a vitória. Aqueles que não aceitam tais características vivem ansiosos e inseguros, têm medo e se tornam agressivos.

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É claro que o fracasso repercute em um dos mais lamentáveis sentimentos que o ser humano experimenta: a frustração, no entanto, temos que admitir que quando atribuímos o mais precisamente possível, as causas do fracasso nós teremos chances de ter paciência e persistência que ao longo do tempo serão os alicerces do sucesso.

Após os Jogos Olímpicos, aconselho todos os atletas a refletirem sobre suas tarefas e desempenhos. Possivelmente, então, muitos que não conseguiram vencer perceberão que de certa forma têm motivos para se animarem e computarem algum sucesso. E assim é na vida, a plenitude da vitória nem sempre contém apenas tranqüilidade e sucesso. Por vezes, a força para o sucesso se origina em uma derrota anterior.

É como diz o provérbio chinês:

“Assim como o tumulto da tempestade traz a chuva benfazeja, que permite à vida florescer, também nos assuntos humanos os períodos de progresso são precedidos por tempos de confusão. O sucesso chega para os que conseguem ser firmes durante a tempestade.”