Resoluções de ano novo: o que há por trás delas?

por Lilian Graziano

Começo o ano abordando uma mudança em nosso “modus operandi” comportamental e que tem suas implicações em nossas famigeradas resoluções de ano novo. Que tal começar o ano resolvendo problemas de um modo diferente? Sei que o ano mal começou, e que já estou falando de resolver problemas… mas meu desejo é de que 2016 traga desafios a você, leitor, apenas na medida certa, para manter o seu entusiasmo de viver! Por outro lado, também anseio que você, ao enfrentá-los, faça isso de maneira adequada, consciente e eficaz!

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Isso porque algumas pessoas sofrem muito por não enfrentarem as situações adequadamente. Procrastinam, subvertem a ordem, na tentativa de confundir os deuses ou as pessoas envolvidas em seu destino, tudo antes de investir um minuto de sua atenção às alternativas possíveis de encarar os problemas. Não há quem passe uma vida inteira agindo dessa maneira sem algum transtorno emocional.

Há, porém, os que assim enfrentam as situações por já fazerem parte de algum quadro de distúrbio psicológico. Mas não se trata do que discorro aqui: falo de pessoas saudáveis que, simplesmente, se enrolam ao lidar com os obstáculos da vida. O que poderia ser apenas uma “garoa” torna-se um “furacão” no dia a dia desses indivíduos – faço aqui uso de metáforas que possam elucidar o discurso e tornar mais fácil ao leitor identificar-se com essa situação.

Se você está perguntando o que isso tem a ver com Psicologia Positiva, vale lembrar que o manejo adequado do estresse é “objeto direto” de estudo desse movimento. Aprender a enfrentar problemas é algo, por sua vez, diretamente ligado ao manejo adequado do estresse. “Enrolar-se” nessa situação, por assim dizer, é simplesmente aumentar o nível desse estado emocional desnecessariamente, muitas vezes em intensidade e frequência – esta última é um dos fatores que determina se o estresse é bom ou mal para nós, uma vez que uma vida sem ele não é possível. Não digo que é simples evitar esse comportamento, mas perfeitamente possível, desenvolvendo pragmatismo e resiliência, ao mesmo tempo.

Em primeiro lugar, temos de ter clareza sobre qual é o problema real (que não é nossa fúria ou desencanto diante da situação mal resolvida, nem a culpa de terceiros, nem nosso medo em tomar determinadas atitudes quando o problema real é uma decisão necessária em nossa vida.

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O problema real é tão somente o resultado do feito ou as implicações de uma decisão, entre o que queremos e o que dela de fato resultará. Manter o olhar atento a isso diante de um desafio, sem se perder no mix de emoções que muitas vezes ocorre nesse momento é outro desafio, mas algo necessário e que requer empenho e força de vontade.

Outro foco importante está na enumeração e ponderação de alternativas, sejam elas soluções ou decisões, ou maneira de conduzi-las. Vale tudo: colocar na ponta do lápis, seguir o coração, desde que saibamos e aceitemos a razão pela qual escolhemos um determinado caminho e não outro.

Por último, e depois de resolvida a questão, é recomendável uma reflexão sobre a origem dos problemas e decisões das quais acabamos de nos livrar, indo um passo adiante em nosso aprendizado. Elas (as decisões) eram realmente necessárias? Nós precisaríamos realmente ter passado por aquele obstáculo que transpusemos? O que poderia ter sido feito diferente e que dependia exclusivamente de nossa iniciativa? O que faríamos diferente em um futuro muito próximo, diante de um novo obstáculo?

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Essas atitudes, quando internalizadas, nos tornam mais aptos e objetivos diante de situações para as quais criamos verdadeiras “alegorias” ao nosso redor ou em nosso pensamento.Trata-se de uma forma de agir que, por fim, aumenta nossa resistência às intempéries do caminho, pois nossa perspectiva se volta a soluções e aprendizados, nos coloca ativos diante de um possível fracasso, já pensando numa medida de nos superarmos e vencê-lo numa próxima oportunidade.

E o que isso tem a ver com nossas resoluções? É que se você cria verdadeiras “alegorias” diante de situações difíceis, pode ser que muitas de suas resoluções, que envolvam desafios, ainda que pequenos, cheguem ao final de 2016 sem serem “ticadas” em sua lista. Você também dispenderá energia desnecessária quando um problema alheio às suas resoluções aparecer, o que vai atrapalhar o seu avanço no rol de metas propostas para o novo ano.

Sendo assim, pergunto novamente: que tal começar o ano resolvendo problemas de um modo diferente?

E desejo um feliz ano novo (de verdade)!