Como saber quando o casamento acabou?

por Anette Lewin

“Existe alguma ‘fórmula’ para saber até onde podemos arrastar o casamento?”

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Resposta: O casamento é um trato, ou contrato, de convivência amorosa entre duas (ou mais) pessoas. Esse contrato pode ser rompido quando um ou todos os envolvidos entenderem que ele não é mais válido.

O limite para essa ruptura é essencialmente pessoal nos dias de hoje. Foi-se o tempo em que um casamento podia ser rompido legalmente porque a mulher era infertil, ou por que alguma traição conjugal era consumada. Foi-se o tempo… nas sociedades civilizadas, entenda-se.

Hoje, saber até onde o casamento vale a pena, depende de uma análise minuciosa de cada um dos participantes, pesando prós e contras, e avaliando se suas expectativas estão sendo realizadas ou não. Essas expectativas ligam -se, muitas vezes, mais a sonhos românticos do que a uma possibilidade real de troca. Por esse motivo os casamentos duram pouco atualmente. Porque se baseiam em ideais utópicos onde a felicidade a dois suprirá todos os desejos individuais.Isso não existe! E, se existir, dura pouco.

Certamente, ainda existem pessoas que entendem de uma forma mais madura o que é conviver e fazer planos com alguém; alguns têm consciência de que se quiserem formar uma família terão que abrir mão de vários objetivos pessoais; outros sabem que se quiserem um “marido rico”, terão que se submeter, provavelmente, a uma série de exigências. Excluindo-se aqui valores morais, desde que as pessoas envolvidas saibam o custo da realização dos seus sonhos, tudo é válido. O que não vale é estabelecer um vínculo esperando que os sonhos do parceiro serão anulados para contemplar os próprios sonhos. Isso não existe e nunca existirá. O casamento é um contrato onde se abre mão de algumas coisas por outras, teoricamente mais importantes. Quem não conseguir enxergar essa realidade, melhor ficar sozinho.

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Apesar de tudo isso, as pessoas continuam querendo casar. E muitos casamentos não passam de experiências temporárias de paixão que acabam em grandes decepções. Nos processos de separação, em geral, um dos cônjuges está mais propenso ao rompimento do que o outro. Isso leva a inúmeras tentativas de manter o vínculo com “propostas” de mudança que raramente acontecem. Após várias concessões, o casal se separa levando consigo um gosto amargo e às vezes traumático da relação a dois. Mesmo assim, a maioria quer se casar novamente. Quando isso ocorre, o sucesso de uma nova relação depende do tipo de elaboração que foi feita sobre o casamento que não deu certo. Quem consegue se autocriticar, pode vir a estabelecer um vínculo mais tranquilo. Quem não consegue, pode chegar a várias separações na vida. Na época do descartável, até que isso não é de se estranhar.

Existem casais que permanecem juntos por muito tempo, independentemente do nível de harmonia que existe entre eles. Os que brigam o tempo todo não estão mais sujeitos a uma separação do que os que não expressam seus sentimentos. A separação pode acontecer por um mero desgaste, pela chegada de uma terceira pessoa, por comportamentos insuportáveis do cônjuge, por egoísmo, enfim, casamentos podem terminar por vários motivos e dificilmente os envolvidos terão uma noção clara de quando ele se esgotou. Em geral a iniciativa partirá do que se sente mais incomodado e mais disposto a aceitar que os sonhos idealizados não se realizarão mais. Pelo menos não com aquela pessoa. E para quem não escolheu a separação, isso sempre é bastante traumático.

Em resumo o processo de separação, em geral, é bastante doloroso. Quando se casam, as pessoas tendem a considerar essa união eterna. O problema, como diz o poeta, é que ela só é eterna enquanto dura. Assim, é melhor que as pessoas evitem casamentos precipitados baseados em angústias pessoais, fuga, utopias ou qualquer outro fator que não seja o desejo consciente de dividir a vida amorosa com alguém. É melhor que entendam que dividir é abrir mão antes de somar; ser generoso antes de individualista; saber ouvir antes de querer falar; e preocupar-se com a necessidade do outro tanto quanto com a sua. Quem se sentir disposto a encarar essa realidade, com um sorriso nos lábios, tem menos chances de entrar no dilema de se ver obrigado a interromper o que imaginava ser uma longa parceria de sucesso.

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