Quando sair de um relacionamento? Você sabe?

por Patricia Gebrim

Fruto maduro que não é colhido, apodrece. Disso todos nós sabemos, pelo menos no que diz respeito a peras e maçãs. Na vida, no entanto, as coisas não são tão fáceis assim.

Continua após publicidade

Nós, seres humanos, temos uma dificuldade enorme em nos sintonizar com os ritmos e o tempo de nosso próprio amadurecimento, o que me faz pensar… Como algo tão fácil para a natureza pode ser tão difícil para nós?

A natureza, sábia como é, possui a capacidade de reter, bem como a de deixar ir. Pense, por exemplo, em uma macieira. Ela retém a maçã em seus galhos até que ela esteja vermelha, bem cheirosa e suculenta. E se esse fruto não for colhido, ou derrubado por um pássaro mais ávido por comida, a maçã simplesmente cai.

Isso é o melhor para a árvore, que pode então se preparar para novos frutos, bem como para a maçã, que acabará se misturando com a terra, tornando-se útil, gerando novas árvores e fertilizando a terra, que nutrirá a árvore, que produzirá mais frutos, e por aí vai. Tudo tão perfeito!

Por que não somos capazes dessa fluidez?

Continua após publicidade

Penso então no quanto nos afastamos de nossa natureza interna. No quanto paramos de escutar e respeitar aquilo que brota do lugar sagrado que existe dentro de nós. No quanto estamos surdos. E mais… se não somos capazes de ouvir a voz de nosso coração, o que se dizer da voz de nossa alma?

Quantas vezes, surdos como ‘portas’, entramos em ansiedade e nos apressamos em colher os frutos cedo demais. Nos vemos então com aquela coisa verde e ácida em nossas mãos, e pensamos: que desperdício. E temos que começar tudo de novo, desde o início, e rezar para que desta vez saibamos esperar.

Muitas pessoas abandonam precocemente um relacionamento amoroso por se sentirem ansiosas demais para confiar no ritmo da vida. Antecipam-se, atropelam a si e ao outro, e constantemente tem que recomeçar.

Continua após publicidade

Outras vezes esperamos tempo demais. O fruto amadureceu… amarelou… apodreceu… e continuamos esperando… esperando… O cheiro já é de coisa morta e podre, e nem mesmo assim percebemos e seguimos pela vida como se nada estivesse acontecendo. E com o fruto, perdemos um tempo precioso, tempo de vida, esse que se vai e não espera por ninguém.

Aqui lembro daquelas pessoas que permanecem por anos e anos em um relacionamento estagnado, que já não traz nada além de uma falsa sensação de segurança e comodidade.

Como saber? Como saber quando é hora de ir, de partir de um emprego, de deixar um casamento, de desligar-se de uma amizade? Como saber se já fizemos tudo o que era possível? Como saber se estamos querendo fugir cedo demais?

Na impossibilidade de nos transformarmos em maçã (eu já tentei… juro que não funciona!), não nos resta outra alternativa a não ser buscarmos reencontrar uma sintonia com a nossa natureza interna. Porque no fundo, lá no fundo de nosso próprio ser, nós sempre sabemos. Sabemos, mas muitas vezes não queremos saber. Saber é assustador demais e muitas vezes vai contra os nossos desejos infantis de satisfação imediata, vai contra a nossa vontade pueril de sermos o centro do mundo, capazes de sustentá-lo exatamente como queremos, na palma de nossas mãos.

Nós não temos controle sobre a natureza, não somos capazes de impedir que uma fruta amadureça, que as relações se transformem, ou que a gente cresça e mude de ideia… Não somos capazes de impedir as mudanças, pois elas são a própria essência da vida.

Ouça, pare de esperar certezas

Assim, se você está em meio a uma situação que vem deixando você infeliz. Não importa se anda querendo fugir, ou se tem medo de partir e acabar fazendo a coisa errada, pare por um momento todo o movimento externo e lembre-se de ouvir a voz de sua alma. Cale todas as vozes que vem de fora. Não ouça ninguém, a não ser a si mesmo.

Você sabe o que é melhor para você, acredite. Não espere que a sua felicidade dependa da decisão de outras pessoas. Tome a sua vida em suas próprias mãos. Imagine que você seja um ser sábio e amoroso, que você esteja olhando para tudo o que vem lhe acontecendo de um lugar protegido, longe do medo.

Coloque um pouco a avalanche de emoções de lado e pergunte-se: “O que seria o mais saudável para mim nessa situação? Qual seria a decisão mais amorosa COMIGO?

Pergunte, e espere. A resposta virá, acredite.