Período sabático no final do ano pode se tornar um fardo

por Roberto Shinyashiki

Se você está experimentando o estresse decorrente de uma vida de trabalho em que não se sente valorizado ou de estudos que parecem não ter resultado prático e vê nas férias sua salvação, triste ilusão… Férias ou feriadão não curam gastrite de ninguém. O que você precisa é de uma profunda revolução em sua vida para criar um estilo de viver com mais sentido.

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Para algumas pessoas, inclusive, esse período sabático no final do ano se torna um novo fardo a carregar. Sentindo-se perdidas fora do ambiente de trabalho, ficam doentes e debilitadas. Essa é a “síndrome do lazer”, doença do século 21. Para a maioria das pessoas, as férias são um sofrimento ou no máximo adiam a próxima crise existencial.

O fato é que o ser humano não consegue resistir às pressões de uma vida tão distante da sua essência. Dormir, acordar e trabalhar de forma que não gratifique o espírito vai destruindo a saúde física e mental das pessoas. Muitos vivem numa corrida eterna, sem a mínima paz de espírito. Arrastam seus corpos na esperança de chegar inteiros à próxima parada. Vivem o tormento do desgaste durante um ano para curtir umas poucas semanas de descanso. Esses “heróis” comemoram as férias e depois a aposentadoria como uma vitória. Mas o preço dessa vitória é a infelicidade.

Muitos brasileiros reclamam de insônia. No entanto, não percebem que trabalham diariamente contrariados, pressionados por objetivos que não os entusiasmam. É tanta tensão que depois não conseguem dormir. É muita loucura continuar a viver dessa maneira. O preço está cada vez mais alto. Alguma providência tem de ser tomada, além dos comprimidos para calar nossa consciência e sufocar nossa tristeza.

Retiro espiritual: dê um tempo para checar a vida

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Basta de tanta loucura! Se você busca nas férias ou num feriado prolongado uma fonte de descanso ou prazer, mude: faça um retiro espiritual. Dê um tempo para você checar a sua vida. É preciso entender que a felicidade não é algo que só acontece quando temos dias de descanso. Temos que dar um jeito de sermos felizes todos os dias. Para isso precisamos entender o significado da felicidade.

Normalmente, as pessoas acham que só rico é infeliz. Nos roteiros das novelas que passam na televisão, somente os ricos e os pobres que querem ascender economicamente é que sofrem. Na verdade, a infelicidade não escolhe classe social. O indivíduo é infeliz simplesmente porque não consegue materializar seus sonhos. E a base da felicidade é exatamente esta: realização, todos os dias.

E quando você sabe gerenciar bem seu trabalho, ele se transforma numa fonte de realização. No entanto, a maior parte das pessoas vê o trabalho como sobrevivência, quando o trabalho tem de ser uma fonte de prazer. É triste ver tanta gente lutando para sobreviver, assustada com a vida. É muito pouco para bênção que recebemos.

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O mundo moderno nos convida à correria e, em função disso, não temos tempo de observar a natureza, nossa grande mestra. Quem olha o mar e percebe as marés, as ondas e os ventos pode verificar como tudo tem seu ciclo. O dia e a noite, as estações do ano, o sol e a chuva, a vida e a morte. O ser humano, com sua sede de poder, procura imobilizar a vida e torná-la certinha, rígida como uma estátua. Mas a vida é dinâmica.

Hoje estou bem, amanhã posso não estar. Em certo momento, a vida está tranquila como um voo de ultraleve e, no momento seguinte, poderá estar envolta em nuvens de dificuldades. Mais um pouco, as nuvens vão embora e a claridade volta a iluminar.

A vida flui como as ondas do mar e, como um surfista, precisamos aprender a aproveitar suas subidas e descidas, mergulhar e retornar à tona, manter-nos na superfície de acordo com o movimento da água.

Hoje em dia as pessoas orientam suas vidas baseadas em ideias e métodos que já não têm relação com a própria existência. Solte sua alma, seja você. Tenha consciência de que, se estiver em paz consigo mesmo, você fará o que tiver vontade e não por que alguém disse que é bom ou ruim.