Não consigo me livrar da culpa de ter traído meu marido. O que faço?

por Anette Lewin

“Ele me perdoou, mas não consigo me perdoar. Não sei mais o que faço, penso nisso todo dia, mas não consigo encontrar uma forma de superar isso.”

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Resposta: Você enfrentou a parte mais difícil da história, a traição foi perdoada, e agora tem dificuldades de seguir em frente.

O que pode estar acontecendo?

Vamos levantar alguns pontos convenientes para refletir.

Será que o que você esperava de seu marido era realmente o perdão?

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Ou o casamento não estava suprindo suas expectativas e você imaginou que com a traição estaria dando um fim nele?

Sim, muitas vezes, quando se tem dúvidas sobre seguir em frente com um relacionamento morno, uma das soluções é criar uma situação em que o parceiro tome a decisão da ruptura. Quem sabe então se essa volta não acabou sendo uma atitude que você não esperava e agora não sabe como se comportar frente a ela?

Se está em dúvidas com relação ao casamento, talvez seja melhor entender melhor seu processo interno, ao invés de apoiar-se na culpa como explicação para suas angústias.

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Tente imaginar como seria sua vida caso seu marido não a tivesse perdoado.

Você se sentiria bem sozinha?

Tentaria ficar com a pessoa com a qual traiu seu marido?

Gostaria de ser livre para namorar quem quisesse?

Casaria novamente?

Sim, essas respostas são importantes para que você perceba se continuar casada com seu marido traz algo de positivo ou atrapalha possíveis planos mais arriscados, porém motivadores.

Por outro lado, aproveite o momento para fazer uma revisão do que ainda resta de bom no seu casamento.

Você ainda gosta de seu marido? Ou está com ele por comodismo?

Além do fato de ser uma pessoa capaz de perdoar seus deslizes o que mais ele tem de bom?

Você ainda pensa em envelhecer ao lado dele?

Seja sincera com você mesma e tente entender se o que existe entre você e seu marido ainda tem um peso suficientemente grande para prosseguir com um casamento que já apresenta a cicatriz da traição. Se você traiu, provavelmente alguma coisa muito forte a levou a isso. Talvez uma necessidade interna, talvez uma ocasião propicia, talvez a falta de algum ingrediente no casamento ou, quem sabe, a simples curiosidade de se relacionar com uma pessoa diferente. Tente pensar nos seus motivos e aceitá-los. Arrependimento sem reflexão serve para pouca coisa.

Como prosseguir?

Se depois dessa avaliação você chegar à conclusão que quer manter o casamento, que ainda gosta de seu marido e que ficar com ele, é uma opção e não uma atitude de comodismo, tente dedicar-se mais ao convívio:

– faça planos para o futuro;

– tente descobrir nele lados que você ainda não conhece;

– empenhe-se para que as vivências em comum consigam ser mais visíveis do que a cicatriz deixada pela traição.

Arrependimento pode ser uma atitude digna, mas não serve como base eterna para o recomeço de uma vida a dois.

Tentar reconstruir é infinitamente mais saudável do que se culpar.