Onde está sua ‘muiteza’?

por Samanta Obadia

Rever “Alice no País das Maravilhas” de Tim Burton enquanto explico os simbolismos presentes, é um bom exercício para lembrar o quanto perdemos nossa ‘muiteza’ ao longo da vida. Este termo nos remete a nossa essência infantil, a nossa coragem e autenticidade.

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Essas qualidades vão sendo perdidas, na medida em que crescemos, com as proibições, os medos, os preconceitos e as travas que os outros nos impõem. Fatalmente as aceitamos para sermos recebidos pela sociedade.

Perigosa relação necessária que nos afasta de nossas particularidades, de nossa integridade infantil, nos fazendo deixar de ser quem somos.

O outro me aniquila quando diz como devo ser, com os seus padrões normativos, que me aprisionam numa forma qualquer.

Desde sempre ouvimos o que ‘não pode’, o que ‘não deve’, o que ‘ é feio’, ou o que é ‘louco’. Aprendemos a obedecer sem questionar e, aos poucos, nos perdendo de nós mesmos, esquecendo-se de nossos desejos, e a nossa vontade passa a ser a da maioria.

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O prazer e a raiva têm de ser controlados. Não podemos acabar com o que nos faz mal, mas sim suportá-lo. Onde escondi a minha criança que resolvia as coisas tão facilmente? Onde se encontra em mim, o ‘eu posso, eu quero, eu faço’?

Recuperar estas ações é uma questão de sobrevivência e de honra, e esse “sonho é meu”, como disse Alice, e eu farei o meu próprio caminho daqui por diante. E talvez, este seja o primeiro sintoma de lucidez de toda história.
 

 

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